Ora, um dia em que se tem oportunidade de ver um novo filme de Steven Spielberg é, sem dúvida, um dia muito feliz!
De sorriso rasgado saí da sala de cinema depois de ver e sentir a história de uma família judia cujo filho, Sam (Gabriel LaBelle), se apaixonou por filmes até sonhar em ser realizador.
Esta história escrita por Spielberg e Tony Kushner é inspirada na infância de Spielberg e como certos acontecimentos moldaram a sua vida e vontade de fazer filmes.
Paul Dano é Burt Fabelman, um engenheiro eletrotécnico especializado em computação e pai de Sam, ao longo do filme vemos esta personagem apaixonada por estas duas valências da sua vida, embora por vezes transpareça um maior amor pelas máquinas do que pela família. Paul Dano tem aqui uma espetacular performance, um pouco (bastante) mais calmo e ponderado desde a sua última personagem, Riddle em “The Batman”, mas ainda assim não deixou de ser estupendo e demonstrativo do grande ator que é.
Entre dramas familiares, adolescência e mudanças de cidade por causa do trabalho do pai, Sam vai aguçando a capacidade de realização e o amor pela sétima arte. É nos filmes caseiros de férias com a família e com o grande amigo e colega do pai, Bennie (Seth Rogen) que Sam cresce como pessoa e como cineasta, apoiando-se na grande relação que tem com a mãe Mitzi (Michelle Williams) que sempre o apoiou mesmo quando o pai dizia que isso dos filmes só poderia ser um hobbie na vida de Sam.
Este filme é uma carta de amor ao cinema por parte de Steven Spielberg, um realizador que já deu tanto dele a tanta gente através dos seus filmes, abre-se ao público para o conhecermos profundamente a ele e ao seu grande amor de sempre, o cinema.
Com argumento profundamente sentimental ou não tivéssemos na equação a escrita do premiado Kushner (trabalharam juntos em Lincoln, Munich e West Side Story), há um cuidado com esta história que transparece para o espectador. Kushner conheceu a história de Spielberg quando colaboraram pela primeira vez em 2005 para “Munich” e esteve a tentar convencê-lo a contá-la desde então, culminado neste “The Fabelmans”. Obrigado Kushner!
Para além de tudo isto há ainda duas personagens incríveis sem tanto tempo de ecrã mas com imenso impacto, falo do Uncle Boris (Judd Hirsch) que com uma conversa séria e intrusiva com Sam lhe parece ter dado muitas ferramentas para o futuro e também da personagem John Ford interpretada por um muito particular senhor. Não vos vou contar quem é e acho que não deviam investigar também, deixem-se ser surpreendidos.
Este é o filme para amantes de cinema, é um filme onde vão poder aprender a fazer bons planos, um filme onde vão aprender tudo sobre como filmar com película e como era editar filmes há uns anos, um filme sobre a importância da família, mas acima de tudo, um filme sobre a importância de amar aquilo que fazemos ou de fazermos aquilo que amamos.