Quando li o título The Fridge is Red, picou-me o interesse. Eis que vejo um vídeo de jogabilidade e me deparo com gráficos low-poly, evocando a era dos jogos de terror da PS1 (maldito Resident Evil 1 que não me deixou dormir). Desenvolvido pela 5WORD e publicado pela tinyBuild, o título possuía ingredientes foram o suficiente para me convencer a “ir no escuro”.

Narrativa

The Fridge is Red foca-se numa perseguição por um frigorífico (a sério). Tentei ser o mais direto possível, pois o enredo subjacente retrata um percurso de dor e arrependimento. Ao abrirmos o frigorífico, encontramos 1 frasco com uma história, e à medida que vamos completando missões, encontramos mais frascos, num total de 6, para vivermos todos os episódios aterradores na perspetiva do perseguido.

Cada episódio traz uma nova experiência, quer seja procurar a nossa esposa num hospital, ou fugir de uma entidade que nos persegue enquanto conduzimos numa estrada coberta de neve. Estes capítulos podem ser completados em cerca de 3 horas, sendo que, se já forem veteranos de puzzles em jogos de terror, demorarão cerca de metade do tempo em cada um.

Jogabilidade

O frigorífico vermelho é de facto assustador, abrindo com um nível inquietante sobre procurarmos pistas para sairmos da sala, enquanto o mesmo frigorífico se encontra à nossa frente, avançando cada vez que desviamos o olhar.

O cerne da jogabilidade passa por começarmos um novo capítulo, resolvermos alguns puzzles, e procurarmos o fim. Embora os puzzles sejam interessantes, não encontrarão aqui nenhum verdadeiro quebra-cabeças, talvez até, ficarão mais confusos pela falta de direção em certas áreas. Em parelha com a baixa oferta de puzzles, em cerca de 80% dos níveis utilizamos WASD e carregamos nos objetos. A falta de interação com este mundo surrealmente desenhado deixa um dissabor.

Mesmo nos famosos walking simulators, acabamos por sentir que as interações perpetuam mudanças no mundo, ou variam consoante o cenário, mas aqui apenas encontramos “chapa 5”.

Para além da interação ser mínima, também as tarefas são incrivelmente vagas. Não gosto que me segurem a mão quando jogo, mas há uma diferença entre mostrar-nos três caminhos, cada um com a sua especificidade, ou mostrar-nos dez caminhos todos iguais. Como já referi, há um nível em que temos de conduzir, e no início é bastante simples, pois o empregado diz-nos onde devemos ir, e depois? Gastei tanto combustível a guiar em círculos que já me sentia culpado de tanto gasto no fim.

Audiovisual

The Fridge is Red puxa-nos é mesmo pelo estilo visual. Com visuais low-poly aliados a um filtro q.b. VHS, utiliza um estilo de iluminação que, em conjunto com alguma obstrução visual propositada, torna a procura de detalhes bastante interessante. Na senda da história surreal, encontramos ainda cenários quase saídos da mão de Van Gogh no seu período pós-impressionismo, incluindo ainda traços tão ridículos que por vezes se tornam mais cómicos que assustadores.

Muito foco no detalhe visual e fan service, como televisões com orelhas de coelho que fornecem pistas para puzzles e rádios analógicos que podem ser encontrados e (des)ligados. Às cavalitas do estilo visual encontramos silhuetas humanas com olhos vermelhos que embora caladas, me tenham assustado mais do que gostaria de admitir. Cada episódio tem a sua palette, pois estes retratam períodos e espaços diferentes da nossa vida.

O áudio, embora com boa utilização situacional, podia ter sido refinado, como por exemplo as falas de cada personagem serem murmuros, estragando a atmosfera inquietante.

Breviário

The Fridge is Red traz consigo uma atmosfera aterradora através de espaços claustrofóbicos e de um estilo audiovisual cativante. Senti-me puxado a explorar o mundo no primeiro episódio mas não encontrei O fruto que satisfizesse a fome. Muitos labirintos e puzzles vagos perdem-se no meio de várias ideias fantásticas, levando a que um episódio com visuais surreais se transforme num episódio surrealmente cansativo.

CONCLUSÃO
Desilusão
5.7
the-fridge-is-red-analiseEsperava ter uma experiência que gostasse de recordar no Halloween mas depois de um começo forte, The Fridge is Red fez de tudo para que se perdesse na minha memória, avivando apenas a nostalgia pela era PS1.