As gerações atuais nunca farão um pinto de ideia do “prazer” que era manejar pistolas coloridas contra mortos-vivos na década de noventa. No meu caso, durante a adolescência, recordo as tardes passadas no Funcenter do Centro Comercial Colombo. Toda a hora de jogatina deixava qualquer carteira paupérrima com o trocado dentro da máquina, mas era também uma memória querida que carrego até aos dias de hoje. THE HOUSE OF THE DEAD: Remake vem aproveitar essa nostalgia adormecida para refrescar a memória dos velhotes e apresentar a saga aos mais novos.

The House of the Dead começou uma saga de videojogos de horror muito popular, criada pela Sega, pelo seu recurso a light guns como método de controlo. Apesar da sua fama vir através das máquinas arcade, a franquia esteve presente noutras plataformas ao longo dos tempos. Porém, dado o género a que pertence, fora o último título Scarlet Dawn em 2018, lançado exclusivamente nas arcade, e o spin-off Overkill em 2013, The House of the Dead esteve adormecido até ao momento. Desenvolvido pela MegaPixel Studio e publicado pela Forever Entertainment, THE HOUSE OF THE DEAD: Remake aterrou em 2022 e trouxe consigo tudo o que é esperado e pouco mais.

Nota: Como expectável, deambularei brevemente em primeiro lugar pela qualidade do port da Steam, escrevendo sobre as várias opções disponíveis e só depois acarretarei a responsabilidade de analisar os restantes alicerces como a jogabilidade, história e afins. Caso uma ou outra parte não te interesse, sente-te à vontade de saltar os próximos dois parágrafos.

Apesar de um agreste 57 Metascore no Metacritic da Switch (PC não tem) THE HOUSE OF THE DEAD: Remake reúne todas as boas condições para um port, provando ser uma experiência superior àquela encontrada na Nintendo Switch. Apesar de constatar algumas quedas de fotogramas (abaixo dos 60fps) em momentos aleatórios, nunca conseguindo entender porquê, toda a aventura decorreu sem outros soluços. Um reparo que irá incidir sobre o parágrafo abaixo é não conseguir limitar a quantos fotogramas decorre a ação. Como não existe um limite imposto nos fps, este escala ao refresh rate do monitor, e por muito que eu goste do Remake, não quero jogá-lo a 120fps ou mais, taxando a placa gráfica sem necessidade. Talvez adicionem a opção numa futura atualização.

Nas opções de THE HOUSE OF THE DEAD: Remake encontramos várias abas: Controls, Quality, Display, Sound, Gameplay e Language. Controls detalha o esquema de inputs tanto do primeiro como do segundo jogador, permitindo inverter ambos os eixos de direção e ajustar a sua sensibilidade. Em Quality conseguimos alterar Display Resolution, Full Screen Mode, Shadow Quality, Anti-Aliasing, Bloom, Motion Blur, Ambient Occlusion. Já a aba Display permite ligar ou desligar o V-Sync, esconder o interface gráfico durante o jogo, ajustar o seu tamanho e o do menu, alterar gamma/brightness e ativar notificações de pontos durante a aventura. Em Sound temos Master Volume, Music Volume, Sound Effects Volume, UI Effects Volume, Dialogue Volume, Shot Volume e o muito jeitoso Mute Reload (ativem isto por favor). Já Gameplay permite alterar definições para ambos os jogadores como modo de vibração, ativar um contador de munições na mira, Automatic Reload, Aim Assist, Player Color, Outline Thickness, Outline Opacity, Crosshair Shadow Opacity, Crosshair Speed entre outros. A aba Language não necessita de apresentações.




Apesar de não vencer prémios pelo seu enredo, THE HOUSE OF THE DEAD: Remake conta a simples trama dos agentes Thomas Rogan e G, membros da organização AMS, responsável por casos de bioterrorismo e outros tantos. Armados com uma pistola, coragem e a dobragem mais pirosa da história dos videojogos, Rogan e G interceptam um pedido de ajuda vindo da mansão do Dr. Curien, malandro responsável por libertar uma horda de mortos-vivos para levar a cabo os seus planos de dominar o mundo. Pode não ser a literacia mais desenvolvida, mas foi a melhor que os anos noventa apresentaram à sociedade na sua altura.

Com uma jogabilidade descomplicada a geração mais nova é capaz de torcer o nariz à natureza restritiva de um on-rails, mas para a velha guarda da década anterior aos anos dois mil, mesmo tendo em consideração o rato e teclado do computador, nada é mais caseiro e nostálgico do que simplicidade encontrada em THE HOUSE OF THE DEAD: Remake. Embora numa máquina arcade a imersão realizava-se com mais afinco, um tradicional rato chega para desferir tiros infinitos de uma ponta do nível (são 4) à outra, salvando cientistas inócuos pelo caminho e destruindo um boss no final de cada excursão.

Em comparação com outros títulos como Time Crisis, THE HOUSE OF THE DEAD: Remake tende a ser o mais simples do grupo, não só porque apresenta quatros níveis que terminam em menos de uma hora, mas porque existem poucas mecânicas ou modos que justifiquem o preço de lançamento solicitado. Enquanto é percorrido o nível a opção de salvar cientistas, por exemplo, conforme referido anteriormente, apresenta um momento de tensão com o objetivo de atrapalhar o jogador como obstáculo. Uma distração ou um tiro errado e o pobre infeliz morre, diminuindo o nosso total de vidas. Se for salvo apresenta-nos com maior pontuação e/ou mais vidas.

Mesmo sendo um videojogo com uma duração curta, existem alguns mecanismos que esticam a sua longevidade. Para além de decidir entre quatro níveis de dificuldade diferentes, salvar ou deixar morrer cientistas, assim como destruir certos monstros ou áreas específicas no meio-ambiente pode desbloquear novas passagens e segredos; também existem três finais diferentes para desbloquear, embora pouca diferença narrativa entre cada um. Por último, exclusiva a esta versão do Remake, após terminar o modo história e cumprir alguns requisitos desbloqueiam-se umas quantas armas novas para utilizar durante os quatros níveis.

Fora essas variáveis, THE HOUSE OF THE DEAD: Remake apresenta-nos com um novo modo fotografia (nenhum jogo está completo sem um) uma galeria em três dimensões de todos os mortos-vivos no jogo, um sistema próprio de achievements e o modo Horde. Este infelizmente não traz enredo algum adicional, mas apresenta uma versão da campanha muito mais intensa, repleta até à berma com o triplo dos monstros originalmente encontrados, necessitando assim de ser um desafio completo a dois através do modo de cooperação. Este modo também traz consigo uma novidade, sendo possível escolher entrar em competição com o nosso parceiro, invés de uma experiência totalmente cooperativa. É infeliz constatar, no entanto, que este Remake não apresenta nenhum modo online proprietário, algo colmatado externamente pela funcionalidade Steam Remote Play (não testada).

Graficamente THE HOUSE OF THE DEAD: Remake acarreta um visual polido, apresentando melhorias irreconhecíveis, até certo ponto, para quem viveu o clássico de 1997. Todos os níveis estão um deleite de serem apreciados e os mortos-vivos estão ainda mais assustadores (especialmente as aranhas!). Em contraste a música apenas serve o seu propósito, não sendo tão carismática ou memorável como a banda-sonora original, uma crítica sentida por larga parte dos fãs. Neste departamento existe, no entanto, um reparo a fazer: o som das armas a fazerem reload, frequentemente, sobrepõe-se à música e todos os outros sons, mais ainda quando falamos da Grenade Launcher, uma das novas armas.

NOTA #2: Máquina utilizada nesta análise: LENOVO Legion 5 15ACH6H – AMD Ryzen 7 5800H, NVIDIA GeForce RTX 3060 6GB GDDR6, 16GB DDR4-3200, 512GB SSD M.2 2280 PCIe 3.0×4 NVMe.

Todas as imagens utilizadas foram redimensionadas para 720p por questões de largura de banda.

Nota #3: Terminei o modo história várias vezes, assim como todo o conteúdo disponível e até os achievements da Steam a 100% em menos de dez horas.

Por distração pessoal não tomei nota das drivers Nvidia e Windows com que comecei e terminei de jogar THE HOUSE OF THE DEAD: Remake, entretanto atualizando ambas as partes algumas vezes.

THE HOUSE OF THE DEAD: Remake já está disponível para Nintendo Switch, Xbox One, PlayStation 4, Steam, GOG e Google Stadia para PC, com previsão de lançamento por anunciar para PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

CONCLUSÃO
Bacano
7
Ulisses Domingues
Desde muito cedo um confesso apaixonado pelos mundos da PlayStation e consolas Nintendo. No entanto a vida dá muitas voltas e agora o seu amor foca-se nas novas Xbox Series. Nada como paixão à primeira vista, não é verdade?
the-house-of-the-dead-remake-pc-analiseTHE HOUSE OF THE DEAD: Remake é um excelente remake no verdadeiro sentido da palavra. Peca em alguns cantos como longevidade, novo conteúdo ou até a falta de um modo online proprietário, sendo difícil justificar o preço pedido no lançamento. Não deixa, porém, de ser uma experiência divertida com o paço frenético a que os níveis avançam e as novas armas desbloqueáveis. Dada a simplicidade do título e o quão fiel é à experiência arcade, é necessário ajustar as expectativas corretamente antes de carregar no botão comprar.