As minhas primeiras impressões começam por te contar como me sinto como um peixe dentro de um aquário (tipo daqueles de balão de vidro). Isto porque, todos os anos, deparo-me com novidades deste jogo caídas do nada, dou dibs para a análise, e logo depois esqueço-me completamente de que este existe. Só mesmo com esta demo recém lançada é que me apercebi que neste decurso, já fiz pelo menos 3 registos a pedir para analisar The Hundred Line no seu lançamento, o que já pagava uma voltinha ao psiquiatra.
Como se não bastasse, ao passo que ignoramos anúncios nos nossos infindáveis scrolls nas redes sociais, The Hundred Lines: Last Defense Academy demo apareceu e clicou comigo instantaneamente logo “à primeira” (quarta?), totalmente alienada da quantidade de pedidos que já tinha feito para este jogo no passado. Bem, mais uma voltinha ao aquário, e acho que é desta que vamos mergulhar num dos jogos mais antecipados da Joana nos últimos anos hehehe…

Não é segredo que Master Detective Archives: Rain Code foi o título que mais prazer me deu a jogar em 2023. Levada pela forma como absorvi esse e a saga de Danganronpa, há qualquer coisa no toque de Rui Komatsuzaki que está sempre em sintonia comigo. Nem de propósito, Tribe Nine também tem estado ativo nos meus relatórios semanais de tempo de ecrã! Não sei explicar, mas toda a arte que este senhor produz, clica comigo instantaneamente no primeiro momento em que se apresenta. Como podes constatar, The Hundred Lines não está a ser diferente.
Efetivamente, Rui Komatsuzaki traz-nos os seus belíssimos character designs, quais personagens de anime com volumetria 3D que deixam passar uma vibe de mistério e supernatural. Com um leque de personagens com bastante potencial para se tornarem principais, todas contam com personalidades individuais consistentes e belíssimamente construídas para nos fazerem companhia. De mencionar é que algumas, claramente, prestam homenagem a elencos de outras franquias do autor.

A acompanhar esta excelência de traço que não precisa de muitas mais apresentações, vêm cinemáticas que são um regalo para os olhos. Até vêm as lágrimas de tão lindas que são! Eu era mesmo capaz de ver animes inteiros neste estilo gráfico, todos os dias, sem problema. Contudo, para finalizar este ponto artístico, devo dizer que acho “curioso” que The Hunded Lines não herde o tratamento do sangue magenta que, por exemplo, Tribe Nine, lançado este ano, adoptou. É uma espécie de cunha do artista que, para já, me faz comichão…
Uma possível razão para não adoptarem a mítica representação dos eritrócitos magentas, poderá ser porque os glóbulos VERMELHOS são, de facto, a arma principal e última linha de defesa no mundo de The Hundred Lines. A Hemoanima, como aqui é chamada, promete pintar de vermelho a tela, o que para quem tem síndrome vasovagal não é muito atrativo, mas empurra-se. Não é por isso que deixo de ver slashers e jogar survival horrors, ou não fossem os meus géneros favoritos nas respectivas medias.

Esta Hemoanima surge com muitos mistérios e questões que nos deixa a mordiscar o anzol durante a demo, mas aparte disso, devo dizer que o mundo em que este enredo se desenrola parece-me um spin off do primeiro Danganronpa: temos uma turma de personagens que acorda, certa vez, num edifício que representa a última linha de defesa da humanidade (desta vez, com conhecimento disso), contudo, deixa-me a sensação de existirem mais instalações semelhantes no ativo em localizações distintas (talvez 100?). Nisto, o reitor desta “escola” é um fantasma que muito se assemelha tanto à Shinigami de Rain Code como a um certo ursinho branco e preto…
O mundo fora desta infraestrutura está em chamas, num caos total de ruínas. Existem, contudo, cidades-bunkers onde civis como as nossas personagens, vivem os seus dias totalmente alienados do mundo exterior até serem abordados por um fantasma que lhes pede para esfaquearem-se no coração. O que me cria ainda mais perguntas que só poderei ver respondidas quando puser as mãos no produto final deste jogo.

Passando para o combate, que é aqui iremos passar algum tempo, algo inesperado e fresco prende-nos como uma criança a uma maçã caramelizada. Sabes, jogos por turnos não são mesmo a minha cena. Mas, como se de um jogo de xadrez mais avançado se tratasse, aqui temos de saber andar com as personagens e escolher os respectivos ataques, que vão influenciar a área de dano no tabuleiro. Numa espécie de tower defense com quebra-cabeças, em que nos esquecemos quase da torre (pelo menos nesta demo), temos de limpar as waves inimigas e derrotar os bosses, controlando diversas personagens no nosso turno através de pontos de ação, antes que esses destruam a torre do nosso lado.
Fora deste campo de batalha, vai ser possível explorar o mundo exterior. No entanto, este apresenta-se como uma espécie de jogo de tabuleiro do Super Mario Superstars, onde tens de andar pelas casas onde te vão calhar escolhas a fazer e onde, ao invés de rodar um dado, escolhes entre 3 cartas que tens na mão para jogar. É muito cativante e dá aso a querer explorar as casas todas. Nestas, poderás ter encontros inesperados, batalhas com inimigos, ou encontrar recursos valiosos. Como qualquer RPG, vais poder melhorar as personagens e a tua equipa, pelo que convém aproveitar todas as oportunidades que o jogo te dá, já que o leque é bastante grande.

Por último, apesar de ler muito, confesso que nos jogos fico entediada com a avalanche de textos e diálogos a cada pontapé numa pedra que damos num JRPG… Facto que me está a fazer ponderar eliminar o Tribe Nine do telemóvel. Em The Hundred Lines, não chegamos ao extremo deste último mas há, de facto, muito diálogo que me vejo a saltar porque essa parte não me diverte mesmo nada. Contudo, há 2 tipos de interações que poderás acompanhar por leitura, sendo que o tipo mais importante é acompanhado de voice acting a rigor, e que, geralmente, é o que deixo passar porque acompanho por ouvido mesmo em japonês.
Em suma, foi uma experiência prazerosa e que me deixa verdadeiramente entusiasmada para o seu lançamento, se eu não me esquecer até lá. The Hundred Lines: Last Defense Academy tem uma data de lançamento prevista para Abril deste ano na Steam e Nintendo Switch.