Ao iniciar The Last of Us Part II Remastered no PC, já sabia no que me estava a meter em termos de história, mas claro que não facilitou a viagem. Mesmo na segunda terceira vez que joguei, o peso emocional foi igualmente forte. Encontramos uma narrativa crua e cheia de nuances, seguindo as vidas de Ellie e Abby por arcos de personagens altamente intensos. A escrita não vacila e, quer concordemos ou não com as escolhas, é impossível negar a profundidade com que o jogo nos consegue envolver.
No que toca à jogabilidade, reencontramos uma sensação afiada. As secções de ação furtiva são tensas, com uma inteligência artificial que nos flanqueia e nos faz sair de onde quer que nos estejamos a abrigar. O combate, também pelos visuais renovados, é mais visceral do que nunca, com cada bala e golpe a terem um peso incrível. A troca de armas e a navegação em combates tensos são agora mais suaves e as animações são um pouco mais reativas.
Adicionalmente, encontramos um modo roguelike: No Return.
Uma adição surpreendentemente forte, e, como alguém que gosta de replayability (não tivesse eu torrado 200 horas no modo Freelancer de HITMAN), dei por mim a mergulhar neste modo mais do que esperava. Cada partida é, à boa moda dos roguelikes, imprevisível. Entre personagens e cenários diferentes, fui levada a experimentar estilos de jogo em que nem tinha tocado no jogo principal. Para além da aleatoriedade do modo, podemos desbloquear novos visuais e modificadores, o que é sem dúvida um bom incentivo para continuar.

Para além deste modo, temos os Lost Levels, que são fascinantes para todos os interessados no desenvolvimento de videojogos. São conteúdos brutos e claramente sub-desenvolvidos, mas os comentários da Naughty Dog **acrescentam contexto e fazem-nos perceber o quanto a direção narrativa e a consistência tonal foram importantes para o produto final. Honestamente, creio que é raro ver um estúdio AAA abrir esta cortina, e ainda bem que a Naughty Dog fez questão de incluir.
Outro complemento ao mundo de Last of Us foi o modo Guitar Free Play. Confesso que passei um bom tempo a aprender a tocar músicas reais no jogo. Serviu como uma pausa meditativa do mundo sombrio de Seattle e uma funcionalidade genuinamente criativa. A atenção ao pormenor, como a sensibilidade das cordas e as variações de acordes, é uma forte lembrança do cuidado da Naughty Dog.
Ao correr o jogo numa RTX 4060 Ti 16 GB, fiquei honestamente impressionada com a forma como se comportou. Não, não estava a colocar tudo no Ultra com ray tracing total a 4K (seus entusiastas), mas a 1080p e até 1440p, estava a obter 60+ fotogramas consistentes através da DLSS. Isto claro, com a maioria das definições em Alto e algumas em Médio, onde não me fazia diferença ter fidelidade visual. Claro que a DLSS foi salva-vidas. Sem esta tecnologia, o desempenho diminuía de forma drástica durante algumas das cenas mais densas, especialmente nas secções exteriores com nevoeiro ou tiroteios com muitos efeitos. A VRAM também ajuda muito, reduzindo os pop-ins de texturas e mantendo as falhas de carregamento sob controlo.

Felizmente encontrei suporte para resoluções ultrawide (sim, estou a olhar para vocês ATLUS) e as configurações de teclado e rato demonstram cuidado na transição para PC. Teve alguns tropeços no lançamento, mas acabou por ser um port ponderado.
Honestamente, os novos modos são mais do que um preenchimento. No Return e Guitar Free Play deram-me razões para ficar depois de terminar a história. E para os fãs do jogo ou para as pessoas que o jogam pela primeira vez, estes extras, como os Lost Levels e os comentários da equipa, tornam este port (ou edição, visto que já saiu na PS5) fazem com que pareça uma edição definitiva e não apenas uma atualização visual.
Um agradecimento especial à Playstation Portugal pela cedência de uma cópia para análise no PC.
The Last of Us Part II Remastered já está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, e na Steam para PC.