O jogo The Last of Us Part II, é o mais recente projecto da Naughty Dog. A anterior parte marcou toda uma geração, e agora a sua segunda parte está preparada para manter essa tradição.
Contextualização de The Last of Us Part II
Passaram-se 4 anos desde os acontecimentos do jogo original, Ellie agora com 19 anos de idade, tornou-se numa caçadora de infectados a tempo inteiro, junto de Joel e do resto da comunidade. Como cresceu em terrenos hostis e de sobrevivência, a jovem também teve de amadurecer em partes iguais nos outros departamentos. Num autêntico vendaval de emoções, parte em busca de respostas pelo que mais importa para si em terrenos hostis, contra novas facções, poderosos inimigos e do seu próprio destino.
A narrativa estreita ainda mais a relação entre Ellie e Joel, e flui grande parte por intermédio desta e das outras relações com as restantes personagens. Esperam-nos momentos poderosos intensos, e muito emocionais, que elevam ainda mais este elemento na série que os catapultou e os viu florescer.
Ao invés de estações do ano, como vivemos na parte anterior, o enredo surge através de dias, e segue a nossa personagem enquanto viaja por algumas localizações norte-americanas numa demanda por respostas e de redenção. Narrativamente este poderá ser um ponto de entrada na série, já que alguns momentos importantes são explicados e revisitados em alguns pontos da história, sem que o jogador se sinta excluído da mesma.
Animações expressivas e hiper-realistas
Estes eventos tornam-se ainda mais intensos devido às fantásticas técnicas de expressões faciais que foram usadas nesta obra. Nunca em nenhum jogo, assisti a este elemento retratado de uma forma tão realista. As mesmas estão muitíssimo superiores às experiências neste campo que vimos em L.A Loire ou até no muito recente Red Dead Redemption 2.
As personagens agem quase como se fossem pessoas de carne e osso, e através deste elemento transmitem com clareza o que estão a sentir. Seja antes de avançar para uma situação de vida ou morte e passarem levemente a língua pelos lábios, ou revirarem os olhos durante um riso irónico, até mesmo um simples suspiro de satisfação, ou de frustração são retratados de forma bem diferente. Também quando Ellie acaba com uma das suas vítimas, assistimos ao que vai na sua mente, apenas pelas suas expressões faciais. A jovem expressa sentimentos de medo, frustração e de tristeza, absolutamente genial!
A violência gráfica que visualizamos nos trailers ao longo do lançamento deste título, também se encontra presente no produto final. Ellie e os seus inimigos não pouparão recursos para acabar com as suas ameaças da maneira mais brutal, cruel e frontal, que vimos num videojogo até a data. No meio de violência gráfica, e de temas polémicos, temos um reverso bastante interessante. O ambiente pós-apocalíptico por onde a nossa personagem viaja, ao invés de desertos ou outras superfícies áridas como são retratadas normalmente, permite-nos vislumbrar uma beleza sem paralelo, onde a natureza prosperou.
Apartamentos, lojas e pequenas habitações que contaram uma história, estão abandonados, rodeados de uma surpreendente vegetação, florestas densas, e impressionantes rios, existe uma certa beleza natural, envolta no clima trágico criado para esta.
Físicas que irão moldar o futuro
The Last of Us Parte II também faz uso de interessantes elementos de física empregues no jogo. Os movimentos da jovem desbocada, são completamente diferentes quando caminha em ambientes gelados, ou na superfície de um rio: sentimos o peso do seu corpo nestes espaços exteriores. Quando chove também a nossa personagem toma medidas para se proteger da chuva. Sem dúvida, a Naughty Dog está de parabéns neste impressionante conjunto de características técnicas e que certamente se tornarão numa régua de medição para futuros projectos.
O jogo também faz um excelente uso de várias técnicas para transmitir imersão e acção ininterrupta. Os tutoriais estão exemplarmente integrados no ecossistema do jogo, permitindo-nos muita fluidez, sem questionar a inteligência do jogador. O som mais do que nunca, torna-se num elemento chave, quer na narrativa como em diversas situações do jogo. Isto porque The Last of Us: Parte II, apresenta menos linearidade do que o seu antecessor.
Os mapas embora não se tratem de mundos abertos, são muito mais vastos, e os perigos espreitam em cada esquina! Ellie, terá de usar a sua arma mais poderosa para prosperar: a sua astúcia, e o som será um elemento de grande valor nesta característica. Quanto mais próximo um inimigo estiver, maior será a intensidade do som, embora esta não seja uma novidade na série, está implementada numa novidade muito especial.
Estratégias e tácticas de combate com IA
As ameaças que Ellie terá de enfrentar, apresentam uma inteligência artificial fora dos padrões normais nos videojogos, e uma maturidade também pouco própria nestes ambientes. Os inimigos trocam mensagens entre si, cada um até tem um nome próprio e realizam tácticas de equipa. Quando Ellie é avistada, e comunicam entre si o seu paradeiro desta, dirigem-se para o mesmo, sendo que muitas vezes até uns restantes membros ficam de guarda enquanto realizam investidas.
Também quando um destes é derrubado, os restantes gritam o seu nome e alguns até lamentam a perda. Este foi um reverso bem interessante, já que pode ditar se as intenções do jogador são as mais nobres, este efeito conduziu a um sentimento que jamais senti num videojogo, uma perda”humana”, pois está retratado de uma forma demasiado realista, chegando por vezes até sentirmos bem as consequências das nossas acções.
Nestes momentos descritos acima, a nossa aventureira terá de usar todos os elementos de furtividade para sobreviver. Seja em adquirir técnicas com suplementos, fabrico ou modificação de armamento, como abrigo nos edifícios degradados, rios lamacentos, e campos verdejantes que povoam os ambientes.
Durante estas fases da nossa aventura, o som volta a ser parte integral da nossa experiência, pois é portador e transmissor de muita tensão ao jogador. Na eventualidade da destímida jovem ser avistada pelo inimigo, sentimos também uma inquietação crescente e dinâmica, o som aumenta de intensidade e o ritmo da sua respiração ao fugir fica mais ofegante, consoante o número de ameaças que enfrenta e o ambiente onde está.
Um marco para o Futuro
Tecnicamente The Last of Us: Parte II, marca o presente e o futuro da PlayStation. Tal como a sua anterior parte, foi lançado na fase terminal da consola em questão, cuja se tornou num ponto de referência para futuros lançamentos. Com The Last of Us: Parte II, irremediavelmente o mesmo vai acontecer. Este é um jogo que explora ao máximo as potencialidades técnicas da PlayStation 4. Cenários detalhados, personagens e animações hiper-realistas, sombras e efeitos de luz magníficos.
Este último brilha no seu esplendor se possuírem uma TV ou monitor que suporte a tecnologia HDR. Se for o caso, preparem-se para um autêntico festim visual, especialmente nas florestas densas, ou quando Ellie aventurar-se a noite, e a luz da lua incidir nas ervas altas. O meu único senão nos visuais está em algumas texturas que sofrem o efeito Final Fantasy VII Remake, ou seja, estão numa qualidade menor quando comparadas com o portento visual do resto da obra, contudo não serão tão evidentes.
Penso que esta já é uma limitação da máquina da Sony, as ambições dos programadores já são demasiado altas, para esta consola que tantas alegrias e momentos mágicos nos proporcionou. Mesmo neste autêntico deleite visual, esta majestosa obra, corre a 30fps por segundo, com raras quebras, e 4k via checkerboard na PlayStation 4 Pro, na qual foi a máquina destinada para esta análise.
O som e as performances das personagens sempre foram um cartão de visita para The Last of Us. É com muito prazer que afirmo que a tradição se mantém nesta fantástica Parte II. Estamos na presença de um dos jogos com o melhor sound design do ano. Este elemento embora possa parecer muito minimalista contribuiu para não só enaltecer todo o tipo de momentos, como elevou a brilhante performance dos atores, quer sejam nacionais ou na sua versão original.