Hoje trago-vos a sequela de uma saga da série The Legend of Heroes, mais especificamente da séries Trails. Esta saga, inicialmente, tinha sido lançada apenas no japão, mas, finalmente, com o lançamento deste jogo, temos um dos arcos tão importantes da história finalmente completos, em todo o seu pleno com todo o texto traduzido.

Estou a falar de The Legend of Heroes: Trails to Azure, o grande final do arco de Crossbell, sendo uma sequela de Trails from Zero, já analisado pelo meu colega Ulisses Domingues. Esta sequela trouxe umas mecânicas e ideias novas, aproveitando o fundamento sólido já presente no primeiro jogo, trazendo várias melhorias e adições.

Uma Crossbell tensa e em conflito

Antes de começar o jogo, para quem não jogou Trails From Zero, temos, no menu principal, um resumo dos acontecimentos e informação das personagens relevantes que participaram na primeira aventura. A equipa tentou fazer do jogo algo mais acessível para quem tem interesse, tentando retirar a necessidade de jogar o primeiro jogo para se poder experienciar esta nova jornada. Penso que fizeram um trabalho competente, dando atenção a vários aspetos importantes de Trails From Zero, mas, devido ao jogador não ter experienciado as relações entre as várias personagens, penso que certos aspetos são perdidos em Trails to Azure, fazendo com que várias partes do jogo não tenham o devido impacto.

Em Trails to Azure, voltas a assumir o papel de Lloyd Bannings, um detetive da Special Support Section (SSS), situada em Crossbell, a aceitar novos membros para a equipa, com novos objetivos e missões para tratar. O início do jogo é bastante calmo, com uma boa dose de diálogo, dando ao jogador um tempo para se sentir imerso no mundo do jogo.

Eventualmente, a história irá florescer e começar a subir a tensão, literalmente. Trails to Azure é um jogo que explora um conflito político em Crossbell, com bastantes momentos tensos e surpresas impressionantes pelo caminho, com momentos bons e maus, e, surpreendentemente, alguns momentos um pouco explícitos, mas que, na forma como são apresentados, fluem de forma natural, nunca havendo a sensação de choque forçado no jogador.

E isto é um aspeto da narrativa e do mundo que foi criado nesta dilogia. Trails to Azure é um jogo que requer paciência na sua história, com várias situações onde estamos quase uma hora com apenas diálogo. O que mais impressiona, é que, no meio de tanto texto, tudo parece ter sentido, não havendo praticamente “palha” nenhuma. Considerando que estamos a falar de uma experiência que se espera passar cerca de 40 ou mais horas a completar, é certamente um dos aspetos mais impressionantes do jogo.

O mesmo se aplica às várias side quests no jogo. Estas têm o objetivo de te dar mais experiência e dinheiro, mas também servem como uma forma de aumentar ainda mais a imersão do jogo, com as suas histórias únicas, separadas da história principal, mas mantendo um nível de qualidade elevado, não se regendo apenas por uma lista de objetivos para completares, e focando-se em ter alguma substância e contexto. Este é dos poucos jogos onde posso afirmar que fazer side quests vale a pena, não só pelas recompensas, mas também pela imersão extra que irás ter ao longo do jogo.

Artisticamente clássico

Este lançamento é bastante modesto na parte visual, focando-se em apenas fazer um upscale, de modo a ficar nítido nos ecrãs modernos. Não obstante, a arte absorve e consome todo o aspeto visual desta aventura. Os modelos das personagens apresentam bastante detalhe, bem como todos os cenários do jogo, quer seja a grande cidade de Crossbell, as estradas florestais que ligam a cidade a outras localizações do jogo, ou até os vários interiores que irás visitar durante as tuas missões. Crossbell é uma cidade facilmente reconhecível, e não irei esquecer as suas ruas e distritos tão cedo.

Um combate estratégico, mas simples

Quando não estás a espetar um dos vários diálogos do jogo, irás estar a explorar e lutar com os inimigos que se encontram pelo caminho. O combate de Trails to Azure segue as bases que foram implementadas no primeiro jogo, sendo um combate por turnos, mas com alguns aspetos tácticos, com a possibilidade de movimento no cenário, ataques com variáveis de distância e área, e os quartz, que possibilitam fazer arts, que são ataques elementares, de modo a poderes ganhar vantagem contra os inimigos, atacando as suas fraquezas.

De modo a tornar a jogabilidade mais interessante, foram introduzidas algumas mecânicas novas, sendo elas:

  • Master Quartz – Um quartz raro, onde cada personagem só pode ter um equipado, aumentando os atributos da mesma, e evoluindo com elas;
  • Burst – uma nova barra que, quando atinge o máximo, dá a possibilidade do teu grupo inteiro de fazer arts sem ter de perder um turno de preparação, e também cura todos os debuffs presentes nas personagens.

Fora do combate, tens também um carro que te dá a capacidade de fazer fast travel para várias zonas fora da cidade. Este carro é completamente personalizável, podendo modificar várias partes e a pintura do mesmo, sendo uma adição bastante interessante.

Caso tenhas um jogo guardado do Trails From Zero, podes importar o teu progresso do primeiro jogo para o Trails to Azure, dando-te uma experiência melhorada da história, com diálogos adicionais e diferentes.

Em termos de exploração, temos aqui algo mais tradicional, com várias dungeons, inimigos espalhados pelo cenário, e vários baús escondidos com equipamento, upgrades e itens como poções que recuperam a vida ou até podem ressuscitar uma personagem, por exemplo.

Irás encontrar vários bosses pelo caminho, que irão desafiar um pouco mais a tua estratégia. O posicionamento é crucial, juntamente com um bom uso de arts e do burst para ganhar a maior vantagem possível, evitando o máximo de dano colateral dos ataques mais fortes.

O jogo apresenta uma jogabilidade sólida e que segue todos os pontos que fazem um bom RPG clássico. O combate é sem dúvida o aspeto mais único, com o seu foco misto de tática e turnos clássico.

Música memorável e criativa

Algo já comum dos jogos de Nihon Falcom, o OST de Trails to Azure é mais uma coleção de composições de qualidade, com a junção de rock e som orquestral, utilizando vários instrumentos como guitarras, baterias e sintetizadores. Temos aqui uma mistura única e reconhecível que, como já é habitual para a equipa, não desaponta. Uma música incrivelmente presente, que é difícil de ignorar, e que complementa a experiência de uma forma bastante positiva.

O SSS está à procura de novos membros na Playstation 4, Nintendo Switch e PC na Steam, Epic Games Store e GOG.

CONCLUSÃO
Promovido.
8.8
the-legend-of-heroes-trails-to-azure-analiseApesar de ter chegado tarde, The Legend of Heroes: Trails to Azure veio-nos proporcionar com mais uma entrada sólida na estensa série dos Trails, com uma história, narrativa, e mundo impressionantes, com uma base sólida de jogabilidade.