Ainda me recordo do típico erro que um sujeito dá ao chamar o nosso herói de túnica verde de Zelda, porque o nome dos jogos da franquia começam por “The Legend of ZELDA” (é LINK, OK!?). Confesso que também sou cúmplice deste “crime” antes de ter pegado na franquia pela primeira vez. Contudo, o jogo de hoje é realmente interessante, pois finalmente o protagonista desta aventura faz jus ao título do jogo, The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom.
Sim, é isso, os papeis inverteram-se (menos o título) e Zelda é a heroína que carrega a missão de resgatar Link das garras sombrias do maléfico…espera, nada de spoilers! Sem querer estragar as surpresas que o jogo reserva, vem conhecer um pouco mais sobre o jogo e ficar a conhecer a minha opinião final.
Em The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom somos postos de imediato na pele de Link, que vai ao encontro de Zelda, para a salvar de Ganon. A luta não perde tempo em desenrolar-se, colocando-te num frente a frente com o grande mauzão. Este confronto culmina na derrota de Ganon, dando uma falsa esperança de vitória. Isto porque o caído Ganon desvanece-se misteriosamente numa névoa sombria, abrindo uma fenda perigosa que começa a engolir Link. Num último sopro, antes de ser sucumbido, Link projeta a sua última flecha para a prisão de cristal que aprisiona Zelda, conseguindo libertá-la. É aqui que se dá início à grande aventura de Zelda!
Tal como em alguns outros jogos, Zelda também possui um companheiro, o Tri. Este pequenote é uma entidade mágica que tem a capacidade de fechar as muitas fendas que têm aparecido e assombrado o reino de Hyrule. A missão é conseguirem descobrir quem está por detrás disto e, no processo, descobrir o paradeiro de Link. Tal como nos jogos da franquia, vais passar pelas várias regiões de Hyrule como o Deserto de Gerudo, o domínio dos Zoras entre outras nas quais vais reconhecer de outros jogos de The Legend of Zelda. É estranho que, ao fim de tantos jogos, nunca me enjoei destes reencontros com as típicas raças de Hyrule. Há sempre algo curioso sobre estas raças, havendo sempre novas caras a conhecer e algo aprender sobre os seus costumes. E em The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom o padrão continuou.
Nesta aventura, investi perto de 20 horas nas terras de Hyrule. E quero adiantar-te já de que foram bem desfrutadas, com muito conteúdo e muito tempo de raciocínio a resolver alguns puzzles. Fechando com chave de ouro, o final foi intenso, com muita ação e suor no comando! Eis que depois de concluíres a história, ainda podes procurar por mais ecos, corações e terminar algumas missões secundárias que ainda não tenhas completado. E se somares isso, podes ter quase garantidas mais de duas dúzias de horas de jogo.
Um arsenal de réplicas ao teu dispor
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom surge com uma nova mecânica, que idealiza o espeto da acessibilidade e combate. No jogo, Zelda não possui propriamente armas para combate. É aqui que essa nova mecânica entra, onde Zelda utiliza um cetro mágico que tem o poder de copiar objectos ou criaturas e replicálas como bem entender. Se Zelda precisa de entrar em combate, invoca um monstro que luta por ela, se precisa de chegar a uma plataforma mais alta, cria uma cama para poder saltar em cima.
À medida que Zelda vai registando ecos, maior e mais complexo o leque de opções se torna, dando-te a liberdade toda que precisas para alcançares os teus objetivos no jogo. Confesso-te que esta é daquelas mecânicas incríveis que me põem a raciocinar da forma mais louca possível. Em alguns momentos sabia garantidamente que a solução que arranjei para superar um puzzle era a mais rabiscada possível. E mesmo sabendo que não possuía algum eco em específico, arranjei maneira de me desenrascar com o que tinha. É como se estivesse a fazer batota no jogo, só que de forma legal e sem remorsos! Se há algo que ficou a faltar foi um melhor sistema para organizar os ecos. Com mais de 100 ecos, torna-se um pesadelo estar a percorrer por uma única fila à procura do item certo. O jogo tem algumas opções para ordenar dos ecos, porém, penso que poderia existir múltiplas linhas categóricas para mais facilmente chegar ao tipo de item que pretendo.
À pouco falei-te de que Zelda não possui armas e só consegue recorrer apenas a ecos. Na verdade, há duas mecânicas adicionais que permitem-te elevar mais a fasquia no que toca aos combates. A primeira é a habilidade de te tornares num espadachim por um curto espaço de tempo, utilizando uma barra de energia que vai diminuindo enquanto permaneces nesse modo. É neste modo espadachim que poderás dar “porrada” a sério nos inimigos e em especial nos Bosses do jogo. É como se fosses o próprio Link em combate! A segunda mecânica é a de poderes criar robôs autómatos de corda. Estes são criados com a ajuda de Dampé, uma das personagens do jogo, especializado em engenharia. Estes apenas apresentam o inconveniente de serem mais lentos a preparar, sendo que necessitas de os invocar e dar-lhes corda, algo que não dá jeito durante uma batalha intensa com inimigos.
Contudo, receio que este jogo possa não ser para todos, especialmente para quem não seja muito de puzzles ou que tenha algumas dificuldades em entender certas lógicas. Senti-me um pouco inútil em determinadas partes do jogo, quase perdendo 20 minutos em tentar entender como atravessar alguma área ou a descobrir os pontos fracos de algum inimigo. E por isso penso que este jogo apenas recompensa os jogadores pacientes e não os impacientes.
Como apoio, o jogo introduz também a possibilidade de fazeres as tuas bebidas, misturando os ingredientes que mais apanhando durante a aventura. Dependendo que que pretendes, podes criar bebidas de recuperação de corações, energia, resistência ao dano, entre outras benesses. Estas são puramente essenciais para os casos críticos, em especial durante as batalhas contra Bosses.
Uma beleza de jogo
Se já viste o trailer deste jogo, podes logo verificar que este partilha muitas semelhanças visuais com o jogo The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom, lançado em 2019. Esta nova identidade é algo deveras mágico e de uma enorme fofura. Tudo aqui tem um charme especial. As personagens parecem brinquedos dentro de um diorama, cheio de pequenos detalhes e com um filtro que desfoca tudo ao redor, parecendo mesmo que estamos a brincar aos bonecos.
Infelizmente estes belíssimos visuais vêm com um custo, a performance. Não te vou mentir, o jogo sofre de momentos de instabilidade. Ora estamos a jogar a 60 fps, ora estamos na casa dos 20, são muitos momentos constantes que surgem a cada meia dúzia de passos. O “bom” é que, estranhamente, não senti muito desconforto com estas oscilações de performance. Muito provavelmente estes problemas foram ofuscados pela diversão que o jogo veio a proporcionar a cada momento. Em suma, o certo é que está mais que na hora da Nintendo avançar com a sua consola sucessora, para que possamos apreciar melhor os jogos deslumbrantes como este, sem soluços!
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom vem com a possibilidade de ser jogado em Português, do Brasil. Ainda que esta seja a opção mais acertada para a maioria que não sabe Inglês ou outra língua estrangeira, tenho algum receio de que esta não seja a mais adequada para o público juvenil, pois ainda que consigam ler este Português, podem estar a aprender a gramática errada.
No que toca às suas melodias, o jogo não desilude, mantendo ainda algumas peças musicais com o motif de Zelda que todos nós conhecemos. Os efeitos sonoros vão pelo mesmo caminho, sem muito a acrescentar. Estamos a falar de The Legend of Zelda, a música é uma das excelências deste IP, não há como negar!
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom já se encontra disponível, em exclusivo para a família de consolas Nintendo Switch, tanto em formato físico como em digital (na Nintendo eShop).
+ Pontos Positivos
- Mecânicas e enigmas interessantes
- Nível de dificuldade bem ajustado
- Visuais fofos e bem trabalhados
– Pontos Negativos
- Organização dos Ecos
- Alguns puzzles podem tornar-se repetitivos
- Problemas de performance