Sem aviso prévio, a Nintendo revelou que iria trazer até nós um clássico recordado com imensa saudade, The Legend of Zelda Link’s Awakening. Meses mais tarde, finalmente chega o momento de descobrirmos se o mesmo ainda permanece com a mesma magia que encantou gerações de jogadores.
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A História
The Legend of Zelda Link’s Awakening, coloca-nos mais uma vez na pele de Link, o possuidor do Triforce da Coragem. Porém, desta vez o nosso destemido herói não se encontra nas terras de Hyrule, mas sim numa localização desconhecida em alto mar.
Durante uma feroz tempestade, o navio de Link é atingido por um trovão. Felizmente o rapaz elfo sobrevive e acorda numa cama, na casa de Marin e Tarin, dois simpáticos habitantes da Vila de Mabe. Estes indicam-lhe que não está em Hyrule, mas sim na ilha Koholint. Mais tarde, depois de reaver a sua espada e escudo, o nosso amigo de orelhas pontiagudas encontra uma estranha coruja que lhe informa, que a única forma de escapar da ilha e voltar a casa, é acordar o lendário Windfish que descansa no interior de um ovo, na montanha mais alta da ilha. Para tal feito, Link deve recolher os oito instrumentos lendários que se encontram trancados no interior de oito masmorras, guardadas por criaturas poderosas. Armado com o seu fiel escudo e espada, Link não tem outra escolha senão seguir em frente em mais uma grande aventura.
Este jogo é um fiel remake do clássico do Game Boy, a sua estrutura é essencialmente a mesma, desde diálogos, a eventos tudo se encontra fielmente reproduzido na Nintendo Switch. A grande diferença é obviamente o seu grafismo, que acabou por ser melhorado o que deixou reacções mistas perante o público. O aspecto de Pinypons não agradou a toda a gente, chegando muitos a rotularem-no de jogo de telemóvel. Contudo esta aventura de Link, tem todos os elementos de um jogo Zelda clássico que se preze desse nome. Diversas localizações distintas, dezenas de personagens para interagir, mini-jogos e inúmeros quebra-cabeças para resolver, dentro e fora das suas masmorras. Na verdade, é sentido que este jogo influenciou o grande The Legend of Zelda Ocarina of Time, devido não só a estes elementos, como também a muitos mais factores que se estabeleceram desde então nesta lendária série.
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Experiência de jogo refinada
A jogabilidade também foi refinada. Link agora pode usar 4 itens ao invés de dois. O escudo não exige ser equipado bem como as Pegasus Boots e Power Bracelet. Este feito por si só trouxe mais liberdade e agilidade de jogo, já que não nos perdemos em menus, os combates fluem melhor e no início do jogo não paramos numa caixa de texto cada vez que o nosso amigo se encosta a uma pedra.
The Legend of Zelda Link’s Awakening, é um jogo Zelda da velha escola, por isso não esperem muitas facilidades. Os caminhos a seguir são muito vagos, as sidequests obrigam a um pouco de planeamento e gestão, e os segredos exigem bastante atenção. Não são de todo um factor negativo, longe disso, mas é importante salientar para quem decidir aventurar-se na ilha de Koholint, e está habituado a aventuras recentes.
Um dos pontos que sempre achei curioso nesta aventura é o próprio factor Nintendo. Ao contrário dos títulos Zelda restantes, nesta aventura temos um sem fim de personagens e elementos desta empresa. Será comum encontrar um BowWow na aldeia, encontrar Goombas e Kirby’s em masmorras, e em certas partes uma espécie de tributo à Super Mario, através de secções subterrâneas em 2D. Outro acontecimento que é exclusivo nesta epopeia são os powerups, à semelhança do já referenciado Mario, ocasionalmente Link descobre pedras que lhe conferem mais poder ou protecção contra danos.
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A escala do jogo também é obviamente mais curta, ainda para mais tratando-se de um jogo Game Boy com um enorme facelift. Cerca de 10 horas são a média para completar esta aventura, contudo e convém referir que este Zelda, é um dos títulos mais “exóticos”. Enquanto a Vila de Mabe aparenta ser um lugar comum, do outro lado da ilha podemos encontrar uma aldeia povoada por animais, pântanos, desertos, um ser excêntrico rodeado por sapos, uma rapariga que revela segredos a Link, ou um coveiro (Dampé). Este último esconde uma novidade, que francamente poderia ser melhor aproveitada, e só pela mesma um elemento digno da compra deste jogo para a vossa Nintendo Switch. Dampé confere a Link a possibilidade de fabricar masmorras, através da colocação de pedras que encontramos ao visitar/conquistar masmorras. Como em alguns mini-jogos, uma dessas localizações está no jogo da grua na aldeia, conseguem encontrar as outras?
Se a Nintendo oferecesse a possibilidade de partilharmos masmorras entre utilizadores através do seu serviço online, Links Awakening, tornava-se algo muito próximo de um “Zelda Maker”, um feito que por si só seria um argumento de peso para a aquisição deste título. A ilha como um todo é de tal forma importante que uma das sidequests para adquirir o melhor equipamento consiste em trocar itens em cadeia entre os seus macabros habitantes.
Outra novidade são algumas sequências animadas ao longo do jogo que trocam os adoráveis modelos diorama, por representações anime de Link e companhia. Realmente este efeito coloca-nos imediatamente a salivar por uma série Zelda animada, e bem descuuuuuuuuulpem-me se pensam que estou a referir-me à desastrosa série Zelda da DIC que tivemos aqui a sua transmissão, em território nacional, no início dos anos 90.
Como já foi dito, o grande destaque desta aventura vai mesmo para os seus pontos técnicos. O jogo embora tenha uma identidade muito clássica, assenta que nem uma luva na sua filosofia. Este é um título à semelhança de Breath of the Wild onde o jogador é atirado para uma ilha, e tal como Link, nós, o jogador, seguimos à descoberta de sítios e recursos para prosseguir. Este grafismo na minha óptica cobriu bem esse sentimento. Muitas vezes encontramo-nos entre a espada e a parede, e no horizonte, vemos uma sala ou uma pista para prosseguir, um feito que apenas podemos viver numa aventura Zelda 2D.
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A Performance
As personagens mesmo muito limitadas, estão providas de animações muito interessantes, que lhes deram uma identidade muito própria e que sempre foi sentida a quem caminhou pelos campos de Koholint. Infelizmente, e um pouco inexplicavelmente o jogo sofre de algumas quebras de framerate, que não destoam nem mancham este jogo, mas que não fazem sentido existirem, já que estamos na presença de um jogo com requisitos simpáticos até mesmo para o sistema em questão. Podem contar com uma resolução dinâmica que oscila entre os 720p e 1080p em modo docked, e em modo portátil entre os 720p e 576p.
Também como já foi referido acima, em mudança de áreas ou pequenas movimentações a nossa taxa de fotogramas desce de 60fps para 30, um factor notório, mas que não estorva a nossa experiência. O que achei também um pouco redutor foram os ambientes um pouco nebulosos nas arestas que criaram um efeito estranho em alguns ambientes.
Em matéria de som obviamente o jogo sofreu melhorias significativas. As melodias deste intemporal clássico Game Boy estão todas imaculadas, desta vez com um maior leque de instrumentos que transmitiram uma identidade mais própria a certas áreas.
The Legend of Zelda Link’s Awakening já está disponível em exclusivo para a Nintendo Switch.