Era uma vez dois jovens chamados James Turner e Jonathan Biddle. Tendo já com adquirido experiência na indústria dos videojogos, ambos decidiram partir para uma nova aventura e criaram um novo estúdio ao qual deram o nome All Possible Futures. Após cinco anos da sua fundação, mostram ao mundo o seu primeiro fruto, de seu nome The Plucky Squire (O Escudeiro Valente, em português) e eis a análise do Squared Potato…
Lendo só o título do videojogo e sem ver qualquer imagem, o mesmo sugere uma estória de fantasia direccionada para um público infanto-juvenil recheada de peripécias, reviravoltas e com personagens marcantes. Fazendo jus ao nome, The Plucky Squire é mesmo isso. É uma aventura single-player que começa com uma perspetiva top-down (do mesmo estilo dos “velhinhos” The Legend of Zelda), mas evolui para algo mais.
A ação de The Plucky Squire decorre dentro de um livro e o jogador percorre as várias secções do mapa do reino de Mojo, folheando as páginas do mesmo. Temos também um narrador – com a voz de Philip Bretherton – que vai contando a estória do protagonista e do restante elenco que iremos conhecer ao longo da jornada com contornos épicos.
No entanto, o vilão Humpgrump tem outros planos e tenciona tomar de assalto o pacífico mundo onde o escudeiro habita. Para salvá-lo, o protagonista terá que ter um pensamento “fora da caixa” – ou, neste caso, “fora do livro”. Isso mesmo. Para resolver puzzles, a jogabilidade em duas dimensões dá lugar ao mundo carnal do 3-D e, para tal acontecer, o herói desta aventura sai das páginas do livro onde foi desenhado.
Jogabilidade
Para além de poder folhear as páginas anteriores (nunca as que estão a seguir), conseguimos trocar as palavras dos textos escritos no livro para contornar obstáculos e, mais à frente, conseguimos abrir e fechar o livro – que poderá ou não resolver alguns quebra-cabeças que teremos para resolver. Apesar destas possibilidades, o jogo, por vezes, não consegue acompanhar. Houve algumas situações em que o jogo ficou “soft-locked” e, chegou mesmo, a crashar por completo. Contudo, reconheço que explorei, ao máximo, estas habilidades e poderá ter sido esse motivo que quebrou os limites técnicos.
Fora isso, a maioria da jogabilidade varia entre os momentos em 2-D e em três dimensões. No que diz respeito, ao primeiro, a influência de jogos como The Legend of Zelda é notória – a inclusão de uma espada como arma e, até, o próprio estilo gráfico escolhido fazem invevitávelmente essas ligações – mas The Plucky Squire consegue criar uma experiência diferente. A mescla de referências é evidente. Em certos momentos, consigo ver também a influência de Alex Kidd em certos segmentos do jogo, que, para mim, causou um sorriso nos lábios.
Quando inserimos o eixo do Z na equação, a experiência de jogo é também cativante. Na versão Playstation 5, atinge quase sempre os 60 fotogramas por segundo, apesar de haver alguns soluços na performance, mas nada de incomodativo.
Tal como referido anteriormente, a espada do escudeiro é a nossa arma para derrotar as tropas do temível Humpgrump. Temos possibilidade de fazer melhorias ao ataque da mesma, Para fazê-lo, temos visitar uma loja em certos zonas do mapa e, em troca de lâmpadas, – a moeda deste jogo – podemos ganhar novas habilidades à arma do protagonista. Apesar de ter um “story mode” e um “adventure mode”, as melhorias que podemos desbloquear são um aspeto bem-vindos a The Plucky Squire.
A “voz” das personagens
Outro aspeto que considero muito bem conseguido é mesmo os diálogos no argumento. Com excepção do narrador, há poucos momentos onde ouvimos as personagens a falar. Nota-se perfeitamente a “voz” de cada uma delas. A escrita do jogo é rica e recheada de personalidade. Realço, por exemplo, o Thrash, o sidekick “metaleiro” do escudeiro. Numa nota pessoal, eu li os seus diálogos com a voz de Hoagie na minha mente (lembram-se? É um dos protagonistas do “velhinho” point and click Day of the Tentacle) No que diz respeito ao enredo em si e sem revelar grandes detalhes, digamos que há reviravoltas inesperadas e que “quebram a quarta parede”.
Há também um elemento que, para mim, não acrescentou muito à experiência de jogo: os minijogos. A sua inclusão, em certos momentos de The Plucky Squire, parece algo forçado. Entendo que o objetivo é de dar variabilidade e, que os mesmos, são também homenagens a jogos de outros tempos. Mas o facto de o repetirmos mais que uma vez, rompe com esse fator novidade. Há a opção de “passar à frente” no menu das opções, mas lá está… porque é que The Plucky Squire dá essa possibilidade? Não é algo que é contra o próprio objetivo de um videojogo, o de ser jogado?
Dito isto, estou muito curioso para saber quais serão os próximos passos do estúdio. Tal como o nome indica, “todos os futuros são possíveis” mas certamente os mais risonhos estarão na calha.
Agradecemos à Devolver Digital e à Cosmocover por nos terem cedido esta chave para análise, para a plataforma Playstation 5
The Plucky Squire já está disponível para a PlayStation 5, Nintendo Switch e na STEAM para PC.