Confesso que a minha análise a The Repair House foi completamente acidental, pois pensei que fosse um jogo de construção e bricolage estilo House Flipper. Não obstante, devo escrever que me diverti a analisar esta experiência que se consegue distinguir no meio dos imensos simuladores. Publicado pela Fireshine Games e desenvolvido por Claudiu Kiss, o famoso criador de PC Building Simulator, expandimos agora o nosso leque de algo específico para uma variedade generalista.
A base de The Repair House está bastante bem construída, introduzindo um loop de ações que embora iguais, acabam por ir divergindo consoante o nosso progresso na carreira. E assim, começamos com uma mera substituição de peças, puxando a nostalgia das avarias dos comandos das minhas Playstations, seguindo um workflow bastante simples. O cliente explica-nos o que é que se avariou no produto, podendo este ser uma consola, uma prensa de livros, ou até mesmo uma peça decorativa com partes mecânicas, definindo um prazo para conseguirmos ter o produto pronto.
Claro que Claudiu trouxe um bocado de estratégia à gestão do negócio, como o sistema de entrega que permite o envio de um dia para o outro, só que temos de pagar 50 dólares, algo que nos leva a pensar no equilíbrio entre os gastos e recebimentos do produto a reparar. À medida que vamos acumulando experiência no DIY, vamos desbloqueando não só novos objetos para reparação, como também novas mecânicas. Começamos como uma simples casa de reparação, mas podemos ascender a um negócio que compra artigos estragados em leilão, para repararmos e fazermos lucro com a venda, ou até mesmo irmos a feiras adquirir velharias para darmos o mesmo tratamento.
Ao início temos apenas uma divisão disponível. Sim, pagamos 500$ de renda mas as outras divisões estão bloqueadas por tábuas de madeira, isto é o mais aproximado possível ao cenário de arrendamento em Portugal. Não só encontramos humidade e buracos nas paredes, como até as escadas estão partidas, faltando inclusive um degrau. Consoante vamos reparando, desbloqueamos novas divisões pois temos de adquirir novas ferramentas para fazer face a novas necessidades, como uma plataforma de lavagem ou uma mesa de pintura.
Embora The Repair House tenha como objetivo uma experiência facilitada e relaxante, nem sempre nos dá a mão. Ao adquirirmos algo numa feira, não há qualquer log de objetivo, ou seja, estamos por nossa conta. Claro que, quando estamos a reparar um produto, conseguimos ver que peças é que estão avariadas, mas não havendo informação prévia, temos de ir desmontando as peças até encontrarmos as partidas, e sim, isso pode implicar ter de desmontar um artigo por completo só para encontrarmos uma peça minúscula partida.
Algo que gosto neste jogo é que é tudo simplista, até mesmo os visuais. Não existe grande aposta visual, deixando as mecânicas assumirem o papel impressionista ao jogador. Com isto não quero dizer que o jogo é feio, porque não é, mas adopta uma postura visual que se foca maioritariamente em transparecer o que é importante ao jogador, os produtos. A nossa mesa pode parecer que veio da era Playstation 2, mas a prensa de livros está ali muito bem renderizada com as devidas peças que a compõem!
As definições visuais também são bastante humildes, visto que o jogo requer o mínimo dos mínimos para correr em qualquer computador. Percebo o porquê de não ter, mas gostava de ter uma banda sonora a acompanhar as reparações, e creio não ter tido nenhum bug nessa ótica, portanto parece-me mesmo que não há, apenas sons de comemoração por termos reparado um artigo com sucesso.
The Repair House é uma experiência relaxante que não exige muito do jogador, sendo o tipo de jogo perfeito para acompanhar um podcast ou descobrir um novo álbum musical. Com mecânicas simples e um loop cativante, temos aqui produto para várias reparações!