Pensei que Doctor Strange in the Multiverse of Madness já me tivesse surpreendido com tudo o que a Marvel Studios me pudesse surpreender este ano. Ora, que bom que estava enganado!
Esta nova aventura de Thor é algo que nunca vi desde que as personagens Marvel saltaram da banda desenhada para o grande ecrã. É, nesse sentido, um filme revolucionário por parte de Taika Waititi, diferente do que se tem feito até aqui e tão seguro do que é que o torna esplêndido.
Taika Waititi é um cineasta predileto para mim: gosta do mesmo tipo de humor que eu, gosta da mesma música que eu, interpreta e escreve numa forma que a meu ver é deliciosa e deixa água na boca, e fico a cantar bis, bis!
Vamos começar pelo humor… Malta! Este filme é uma aula de como fazer boa comédia! As nuances na escrita, as interpretações maravilhosas (embora com alguns reparos mínimos de cringe a aparecer mas que nunca chega bem a estar lá… Sei que não me expliquei bem mas também não sei explicar melhor), os momentos cómicos e a forma como toda a linha narrativa transformou o deus Thor numa personagem cómica, não vulgar mas bem delineada e construída.
Temos de tudo: temos Taika a dar, novamente, voz a Korg e a um outro ser parecido e não é demais dizer que Korg é uma personagem muito querida deste universo. Sofre transformações neste filme e mesmo assim continua muito divertido.
E é isto que este filme é: é divertido, puro entretenimento… Mas não sem uma parte sombria! E aqui entramos num ponto completamente diferente deste filme! Ladies and gentlemen, Mr. Christian Bale! Nunca pensei dizer a frase “bem, aqui vou eu ver um filme com Christian Bale como vilão da Marvel” mas disse. Pensei, imaginei como seria, fiquei empolgado com as primeiras imagens que saíram, toda a maquilhagem, fiquei ainda mais empolgado com o back story da personagem, mas o que vi neste filme superou todas as minhas espetativas.
Já sabia, é do conhecimento geral, que Bale é um ator grandiosíssimo e confirmou-o novamente com este papel de Gorr, o assassino de deuses. A carga dramática que o levou a encarnar esta entidade deixou-me colado à cadeira na cena inicial do filme e tudo o que faz, faz bem. Há um monólogo em particular onde é capaz de variar o humor da personagem como quem atira um yo-yo e o recebe de volta…
Por ser incapaz de não fazer spoiler se for para falar de Natalie Portman, não o vou fazer neste texto. Digo apenas que Natalie regressa imensamente bem e que é das melhores atrizes com quem temos o prazer de partilhar este planeta.
Nota para uma cena de luta e ação onde o filme toma cores sépia: deixo um aplauso à equipa de coordenação e coreografia da luta bem como à equipa de edição que fez um trabalho incrível de um pormenor e gosto especiais – obrigado, é por isto que sim, filmes da Marvel são cinema e quem disser o contrário é porque não lhes dá oportunidade de os apreciar verdadeiramente e parte com conceito pré-formados sobre os mesmos.
Thor, uma personagem com quatro filmes em nome próprio, a primeira do universo Marvel… E que se façam mais quatro que esta personagem tem muito mas muito para viver! Chris Hemsworth já disse que queria ultrapassar os 17 anos de Hugh Jackman como Wolverine, batendo assim o recorde de ator a interpretar um super-herói durante mais tempo. Vamos ver se o deus do trovão consegue chegar a esta marca!
Acabo com uma nova palavra de apreço para Taika Waititi: meu bom senhor, continua a fazer exatamente o que tu fazes. Obrigado pelos bodes gigantes deste filme, obrigado por Russel Crowe como Zeus, obrigado pelos incríveis cameos e obrigado pela grande surpresa na última cena pós-crédito. És o maior!