Os últimos anos tiveram um conjunto de acontecimentos que tornaram o mercado de sim racing doméstico a next big thing. Uma pandemia que obrigou a passar mais tempo em casa, associada ao sucesso do Drive to Survive e pilotos de Formula 1 a utilizar a Twitch, sendo Lando Norris o que mais proveito lhe dá, tornando os volantes um acessório que era de nicho para um produto altamente desejado. A verdade é que passados vários anos desde o lançamento do Thrustmaster T150, a gigante da indústria de simuladores voltou em grande e com um volante bastante interessante para quem quer entrar neste vicio do chamado sim racing.

Para o leitor menos atento, podemos indicar que há três grandes marcas de sim racing a saber: Logitech, Thurstmaster e Fanatec. Ao nivel de escolha não são propriamente como os três starters de Pokémon, há claramente uma que se destaca em termos de qualidade… e preço, sendo neste caso a Fanatec.

Contudo, apesar da Fanatec se manter destacada no topo, em relação ao preço, já em relação à qualidade dos produtos o fosso parece que tem vindo a diminuir e é nesse campo que a Thrustmaster apresenta o modelo T248, um volante de entrada de gama, mas com atributos que não envergonham o sim racer mais experiente.

Veni, Vidi, Vici Logitech G29

A frase em latim proferida, alegdamente, por Julio César numa mensagem enviada ao senado romano, após um triunfo bélico, serve na perfeição para descrever este volante e aquilo que é capaz de fazer à concorrência. Muitos eram os que optavam pelo Logitech G29, ao invés do Thrustmaster T150, quer pela estética, quer pelo pequeno ecrã digital que o mesmo trazia e simulava as rotações dos veículos, além da estética superior que a Logitech oferecia. Ora, com o volante aqui em análise, a batalha parece ter finalmente terminado, caindo sem sombra de dúvidas para o lado da Thrustmaster.

Potência de um Ferrari, num Mini Cooper

Logo após o unboxing e por comparação com o volante que utilizo, percebi logo que se trata de um volante com tamanho reduzido do motor, e um peso light. Apesar de não ser elemento essencial na escolha de um volante, a verdade é que “pesa” – para quem não está familiarizado neste espaço escreve-se recorrendo a trocadilhos nas análises – dado que acaba por ocupar menos espaço na secretária, e facilita a arrumação, o que é um grande plus para aqueles que vivem com alguém que não consegue perceber que um cockpit racing faz parte da decoração da sala (eu sei há pessoas que não entendem que um cockpit racer também funciona como sofá). Por outro lado, facilita todos os que têm mãos mais pequenas, permitindo chegar facilmente aos diferentes botões do volante, algo bastante útil para quem joga F1 e necessita de clicar constantemente no botão DRS ou overtake.

Specs e mecanismos do T248

Numa análise, torna-se sempre complicado transmitir as emoções que sentimos com o volante nas nossas mãos. No entanto, quem experimenta o volante através da tecnologia force feedback hibrido, pode sentir as rodas do carro a passar por todos os solos. Este sistema de force feedback pode ser ajustado em 3 níveis diretamente no volante podendo o jogador seguir a força que o jogo exige a 100%, dar preferência ao controlo de derrapagem e no modo 3 – o que acabou por ser mais utilizado no teste – há um verdadeiro boost de force feedback e é possível sentir todas as sensações do asfalto e fora dele.

Esta opção de 3 modos pode ser estranha ao inicio, mas à medida que vamos jogando percebemos qual a nossa preferida. Por exemplo, nem todos os jogadores têm força para jogar com o force feedback na maior potência – para jogadores mais novos o force feedback a 100% pode tornar o carro incontrolável, tal é a força necessária para virar a fazer lembrar os carros sem direção assistida.

No entanto, a jóia da coroa e o que mais salta à vista neste volante, talvez seja o pequeno ecrã digital. O mesmo permite ajustar vários aspetos do volante como o já referido menu de force feedback ou o ângulo de rotação do volante ( diferente num Fórmula 1 ou num jogo de Rally).

Durante as sessões de jogo o ecrã ganha ainda maior utilidade ao mostrar dados de telemetria como a velocidade atual, as rotações por minuto ( ótimas para quem se está a aventurar nas mudanças manuais), o tempo por volta e a melhor volta, entre outros e conforme o que o jogo permita exibir. A verdade é que surpreende a informação que o pequeno ecrã pode exibir, ao nível de um carro de F1 ou melhor até, pelo menos quando comparado com os Williams.

Resta apenas falar das patilhas de mudanças, que apresentam um sistema de molas magnética, que segundo a marca apresentam um tempo de resposta de 30ms, mas infelizmente também têm uns 23932030384 db quando as mesmas são utilizadas (número inventado, mas a verdade é que o sistema de molas das patilhas de mudanças acaba por ser demasiado elevado e numa sessão noturna somos capazes de incomodar quem esteja a dormir no quarto ao lado). A título de exemplo em Silverstone num monolugar de Fórmula 1 tocamos em média 40 vezes nas patilhas de mudanças… por volta, o que para quem ouve pode parecer um pequeno concerto de bateria.

Dito isto, fica a nota que aconselha-se o uso de phones e jogar longe da cama, porque em compensação as trocas de mudanças estão extremamente precisas, sobretudo em locais onde sistemas menos potentes acabam por prejudicar o tempo por volta, como é o caso da travagem para a primeira chicane no circuito de Monza, após a reta da meta. As manetes nunca falharam, reduziram sempre e em tempo recorde da mudança número 7 para a 1. Neste caso, podemos mesmo dizer que temos umas manetes de mudanças com um motor de um carro de alta cilindrada: potentes como não vimos em mais nenhum volante de gama de entrada, mas altamente ruidosas ao ponto de se usar tampões nos ouvidos.

Pedais há muitos seu palerma….mas não como estes

Agora sim, surgiu o grande dilema que a Thrustmaster colocou a possíveis compradores: é que os pedais 3TPM, são superiores aos 3TPA vendidos, por exemplo em alguns bundles do Thrustmaster T300. Apesar de não ser o essencial na escolha de um volante, o set de pedais acaba por representar 50% do hardware necessário no sim racing e estes pedais são os melhores que já testei até hoje! Fornecendo uma precisão verdadeiramente excecional, este conjunto de pedais magnéticos garante uma maior durabilidade e um menor desgaste com o tempo, quando comparados com os antigo 3TPA.

Mais do que isso, estes pedais oferecem uma precisão que facilita a aceleração na saída de curvas (nota-se sobretudo os argumentos quando jogamos sem tração e a precisão no acelerador é imperial para bons tempos de volta). Por outro lado, os mesmos têm até 4 modos de pressão no travão, para diferentes tipo de set ups e preferências na força a aplicar. Certo é que há quem considere que estes pedais têm pouco grip e acabam por deslizar no chão, porém qualquer conjunto de pedais sofre deste mal e ou colocamos os mesmos encostados à parede, ou acabamos por adquirir uma estrutura para jogar e montamos o volante e pedais à mesma, pelo que não conseguimos ver isto como um problema.

Diferente é o problema que a marca acaba por criar: ora, o set up do Thrustmaster T300 (teoricamente o melhor volante) é acompanhado por pedais menos potentes que os que acompanham o T248 (os 3TPA), criando a questão: optamos por um volante mais potente, ou por pedais mais precisos?

Considerações e notas finais

A Thrustmaster com este T248 veio ocupar um lugar nos volantes de gama de entrada, e para os que começam a aventurar-se no iracing, podendo mesmo ser um volante ideal para quem começa a competir em ligas virtuais. As mudanças magnéticas são sem duvida as melhores desta gama e até se perdoa o enorme barulho que fazem, bem como o conjunto de pedais.

Por outro lado, o ecrã digital que o acompanha permite mostrar vários dados de telemetria e configurar diferentes mods, sendo algo único neste tipo de volantes. Diferente do T300 este volante não permite trocar o steering wheel, ainda que apresente um de origem com botões suficientes para navegar e escolher opções no carro durante a corrida, sendo possivelmente o único volante de gama de entrada com um display tão versátil.

Apesar de ser feito de plástico rigido e não de pele, o volante é bastante rigido e em certa medida quando a sessão de jogo é mais longa, acaba por ser uma vantagem uma vez que é de mais fácil limpeza e sofre menos do desgaste provocado pelo suor das mãos (isto para quem não goste de jogar de luvas).

Comparando com o T300 que é o volante que uso há já um ano, noto que este T248 não fica nada atrás, sobretudo para jogadores casuais e acaba mesmo por superar o irmão mais velho em certos aspetos. Mas duvidas não restam, quando comparado com o Logitech G923, que tive a oportunidade de experimentar num evento e hoje constato que o Thrustmaster T248 é um volante sobejamente superior.

Pontos negativos? As mudanças algo barulhentas que podem ser um deal breaker para quem joga perto do quarto de alguém que se encontre a dormir, ou para os estudantes que fecham a porta do quarto e dizem aos pais que estão a estudar geografia, quando na verdade a única geografia é decorar o famoso traçado de La Sarthe.

Por outro lado, ainda sonho com o dia em que seja possível que um volante permita jogar na Playstation e Xbox (a Fanatec aparenta ter este sistema, mas é necessário adaptar a steering wheel).

Agradecemos à Upload Distribution por nos ter emprestado o Thrustmaster T248 para análise.

CONCLUSÃO
Ideal para primeiro volante!
8
Redação
Veterano nestas andanças, acompanhou de perto a guerra entre a SEGA e Nintendo, e sonha um dia com o regresso da estrela cadente Ristar.
thrustmaster-t248-analiseEntrou de fininho no mundo do jogos, mas o Thrustmaster T248 é a opção ideal para primeiro volante, dificilmente alguém sairá decepcionado com a compra. Este é sem dúvida o volante para quem quer comprar o seu primeiro, ou para os entusiastas que não querem gastar demasiado neste acessório gamer. Aproveitem a Black Friday ou coloquem na lista de natal.