Talvez uma das maiores “heroínas” do mundo dos videojogos está de volta. Embora não seja numa nova aventura, é numa colectânea que todos agradecemos poder ter, dado o impacto que a saga Tomb Raider trouxe. Desenvolvidas pela Aspyr, encontramos três remasterizações da trilogia que saiu na Playstation 1, vindo em sabor duplo, para quem quer o original, e quem gosta do original com uma pitada moderna.

Felizmente a Aspyr respeitou ao máximo os títulos originais, evitando inventar nas narrativas. À velha moda, embarcamos numa viagem por uma miríade de locais, desde espaços confinados como os túmulos no Peru até maravilhas mundiais como a Grande Muralha da China. Boa parte da narrativa consiste em Lara explorar os seus desejos arqueológicos e ao mesmo tempo enfrentar o seu passado, marcado pela linhagem arqueológica que a precedeu.
Tomb Raider I-III Remastered mantém-se o mais fiel possível à série original, respeitando o desafio que encontramos tanto no design dos níveis como nos enigmas que nos são apresentados. Podemos optar por um de dois esquemas de controlos, um atualizado, que nos oferece uma movimentação fluida e similar aos títulos de aventura de hoje em dia, ou, para quem quer reviver as tardes após as aulas, podem optar pelos controlos à tanque. Eu confesso que fui alternando para ter um pouco de cada experiência. Gabo a flexibilidade que a Aspyr trouxe, permitindo uma escolha para todos os jogadores.

Quem jogou a trilogia original conhece bem os níveis ridículos a que dificuldade por vezes chegava, claro que parte também provinha das limitações tanto dos controlos como dos cenários e IA, mas a Aspyr conseguiu a incrível tarefa de colmatar a dificuldade sem comprometer o espírito original da saga. Atenção que a dificuldade foi colmatada mas como já referi, o desafio mantém-se, e que desafio…
Esta colectânea inclui os três primeiros acompanhados das respetivas expansões. Quando terminarem o modo história, ou decidem passear pela casa e trancar o mordomo no frigorífico, ou então dedicam-se aos pacotes de níveis adicionais, para manter o espírito aventureiro vivo. Claro que comparadas às expansões de hoje em dia não são consideradas uma multitude de conteúdos, mas é sempre de bom grado que recebemos estes brindes.

Fiquei bastante surpreendido com o trabalho feito na remasterização. Conhecendo a saga e a sua popularidade, existia a possibilidade de vermos um trabalho incompleto, ou que deixasse a desejar, mas seja nas texturas, na iluminação ou nos próprios cenários, encontramos uma reencarnação que consegue apelar tanto a novos jogadores como aviva o espírito a quem já se perdeu nas florestas e túmulos nos anos 90.
Embora encontremos bastantes melhorias, algumas áreas, em concreto as que dependem muito de sombras e dos efeitos da luz, podem-se provar de difícil navegação, mas isto requeria um nível de remasterização ainda mais elevado, quiçá mesmo refazer os jogos, e isso implicaria outro nível de orçamento e preço a aplicar à trilogia.

Ao velho estilo da Master Chief Collection podemos, a qualquer altura, trocar entre os visuais recentes e os antigos, e confesso que ganhei o vício de andar constantemente a trocar, só mesmo para me ir surpreendendo com os avanços que conseguimos em tão pouco tempo. E claro, os visuais modernos da trilogia nem se encontram aos níveis AAA, o que nos deixa com água na boca para o próximo título da Crystal Dynamics!
O áudio mantém-se, em grande parte, fiel ao material de origem. Tanto os efeitos como a banda sonora são idênticos aos originais, existindo uma melhoria ao nível da qualidade do áudio, de forma a também assegurar a imersão nas aventuras de Lara.
Um grande obrigado à editora pelo envio de uma chave para análise.