Desde que me lembro, sempre fui fã de Tony Hawk’s Pro Skater. Desde os primórdios da série na PlayStation original, com o lendário Tony Hawk’s Pro Skater 2, o segundo jogo mais bem classificado de sempre na Metacritic, a Neversoft demonstrou a sua capacidade em desenvolver uma franquia de videojogos próspera. Isto, claro, até a Activision adquirir os direitos comerciais de Tony Hawk’s Pro Skater e Underground, e serem desenvolvidas possivelmente as piores entradas na série inteira, como Tony Hawk’s Pro Skater 5.
Acredito que foi neste ponto que os fãs perderam a esperança de voltar a ter um excelente jogo Tony Hawk, porém, do nada, foi anunciado o remake dos dois jogos originais, desenvolvidos pela Vicarious Visions, que já havia sido encarregada de desenvolver o remake dos primeiros três Crash Bandicoots, que foram um sucesso. Além disso, fomos apresentados a uma demonstração de gameplay excelente, e ainda com uma demo do nível Warehouse, um clássico do primeiro jogo, para quem tinha pré-reservado o remake de Tony Hawk’s Pro Skater.

Em todos os aspectos, este jogo estava encaminhado para o sucesso, apesar de já nem sequer ser a primeira tentativa de remasterizar ou refazer os dois jogos originais, visto que à uns anos atrás tinha sido lançado o péssimo Tony Hawk’s Pro Skater HD. Mas, ao contrário deste, o remake apresenta na sua demo uma gameplay extremamente fluída, e gráficos excecionais. Além disso, os desenvolvedores prometeram o regresso dos modos multi-player, com couch-coop e novos modos de jogo online, e dos clássicos Create-a-Park e Create-a-Skater, e também variados cosméticos para as personagens criadas, desbloqueados através de progressão, com a promessa de um lançamento livre de micro-transações.
Assim, Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 foi lançado e, como esperado, foi um tremendo sucesso. Enquanto que a demo do nível Warehouse já era uma excelente demonstração de gameplay e do poder gráfico do jogo, o lançamento oficial foi melhorar ainda mais esses aspetos. Consequentemente, recebemos também o tal prometido lançamento sem quaisquer micro-transações, com um número razoável de desbloqueáveis apenas através da progressão. Em suma, tivemos todo o conteúdo já presente nos jogos originais, com algumas excelentes adições, como desafios, para manter o jogador ocupado durante as inúmeras horas de atividade nos diversos mapas presentes.
Agora, após mais ou menos três anos do lançamento deste jogo, encontro-me na verdade a jogá-lo pela primeira vez, devido à recente oferta do mesmo no serviço PlayStation Plus. Já tendo jogado os originais anteriormente, não é uma experiência totalmente nova para mim, porém, a impressão que retirei de Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é que o jogo é, na verdade, uma incrível e nova reinvenção dos clássicos, trazendo uma maravilhosa experiência para novos jogadores e, também, antigos fãs da franquia tal como eu.

Mal comecei o jogo, fui recebido por um vídeo de introdução cuja única palavra que consigo usar para o descrever é “nostálgico”. É desta maneira e de outras que o jogo se consegue-se “vender” automaticamente a antigos fãs de Tony Hawk’s Pro Skater, apelando às memórias que fizeram enquanto jogavam os originais, com antigos clipes apresentando os clássicos skaters que nos acompanharam nos primeiros jogos, e também uns mais recentes, introduzidos pela primeira vez neste jogo.
De resto, foi-me introduzido um tutorial, para ensinar os controlos a novos jogadores (ou para ajudar a relembrar, no meu caso), e por fim, os tão esperados mapas clássicos e diversos modos de jogo single-player e multi-player. Além disso, também a customização Create-a-Park e Create-a-Skater são elementos importantes no jogo, principalmente este segundo, visto uma das novas adições a este remake ser os pontos de atributo, que podes usar para melhorar as capacidades do teu próprio skater, quase como uma espécie de “modo carreira”. O Create-a-Park, por outro lado, é agora um modo completamente renovado, com um excelente criador embutido de skate parks, que depois tanto podes partilhar online, como também podes jogar as criações dos outros utilizadores, o que funciona como uma forma fácil de manter este jogo rico em conteúdo.

Falando dos mapas, são uma fiel recriação dos originais que, apesar de serem completamente refeitos com melhorias gráficas imensas, conservam na mesma a imensa nostalgia do jogador. Foi uma maravilha voltar à Warehouse, à School e ao Hangar, apesar de este último ter levado uma renovação em termos de coloração, transformando-o num Hangar mais moderno, que quase funciona como um tributo à grande Neversoft. Até os próprios skaters passaram por uma “renovação”, já não sendo os mesmos jovens dos jogos originais, mas agora paizões de 40 anos “super-fixes”, a realizarem algumas das manobras mais loucas de sempre, que foram refeitas com incríveis animações, e para quem dispõe de uma PlayStation 5, com um excelente suporte do feedback háptico do Dualsense.
O clássico modo single-player principal mantém-se o mesmo de sempre, com os lendários objetivos de apanhar as letras da palavra SKATE, apanhar a cassete secreta e realizar as pontuações e combos altíssimos que me levaram à loucura em certos mapas (sim, estou a falar de ti, School). Temos também pequenos e difíceis colecionáveis que desbloqueiam personagens secretas, como um alien ou o clássico Officer Dick, presente nos três primeiros Tony Hawk’s Pro Skater originais. Infelizmente, não tivemos o regresso do Darth Maul ou do Spider-Man como personagens secretas, obviamente devido a problemas de licenciamento, mas com certeza que estas presente não desapontam os fanáticos da franquia.

Em termos de multi-player, temos o regresso dos modos clássicos, com o regresso do esperado couch-coop, mas também através de ligação online, que dão aso a tardes de diversão interminável com amigos e família. Entre estes modos, encontram-se então os mais básicos, como quem faz mais pontuação num certo limite de tempo, mas também alguns mais memoráveis, como o modo da apanhada, por exemplo.
E, obviamente não seria uma análise de Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 se não falasse da banda sonora, que como sempre, “kicks ass“. É provavelmente um dos fatores principais do sucesso da franquia, que introduziu jovens a bandas como Rage Against The Machine, e que com as novas adições mais recentes à banda sonora deste remake, continua a ter o mesmo efeito na juventude de hoje em dia, que finalmente ficam a conhecer bandas excelentes menos conhecidas como American Nightmare ou Dub Pistols. Assim, sem discussão, só a banda sonora merece um 10/10, algo que mesmo nos mais fracos Tony Hawk’s Pro Skater nunca desaponta.