A franquia Dragon Ball dispensa apresentações sendo uma das obras nipônicas mais famosas do Japão mas também pelo mundo inteiro à muito tempo de diversas formas e feitios desde animação, filmes, livros, várias festividades mundiais e ainda jogos.
É neste último tópico que convido o leitor a embarcar comigo numa das máquinas do tempo da corporação cápsula da Bulma a um percurso duradouro sobre a minha experiência com videojogos de Dragon Ball até hoje no primeiro de alguns artigos que estarão divididos por partes mas não se preocupem que não iremos atrair nenhum Cell pelo meio ou dar de caras com algum andróide da Red Ribbon. Aqui não irei falar de tudo o que foi lançado, mas sim naqueles que joguei e fui tendo contacto e ainda mais uma ou outra curiosidade pelo meio
Há que realçar ainda que 2024 assinala o 40º aniversário de Dragon Ball que continua ainda muito presente e conquistando novos fãs mas ao mesmo tempo marca também a maior perda da franquia sendo que o criador Akira Toriyama faleceu no dia 1 de Março deixando o Japão e o resto do mundo inteiro de luto.
Dou por mim algumas vezes a pensar o quão 2024 realmente tem sido cheio desde o lançamento do novo anime Dragon Ball Daima (sendo este também o último trabalho da autoria do criador), a chegada em Outubro do tão aguardado Dragon Ball Sparking Zero para várias plataformas (ou se quiserem chamar: Budokai Tenkaichi 4) mas ao mesmo tempo depararmo-nos com a perda de Toriyama torna este suposto ano de celebração em algo muito misto misturado em melancolia e introspecção triste.
Dragon Ball GT: Final Bout (PS1)
O meu primeiro contacto com algum jogo de Dragon Ball não começou em sistemas como a SNES ou a Sega Saturn no auge dos anos 90 mas sim com Playstation 1 nomeadamente com o jogo Dragon Ball GT: Final Bout um pouco mais tarde.
Por volta do Natal de 1999 recebi como prenda de natal uma Playstation 1 que vinha juntamente com o jogo da Disney do Hércules e foi ai também que começou as andanças até hoje pelo mundo da Sony. Nessa altura quando eram épocas festivas ou aniversários, um primo meu que tinha o jogo do Final Bout, costumava trazer para jogarmos umas partidas um contra o outro ou viceversa em casa dele.
Duas coisas que sempre se destacaram em Dragon Ball GT: Final Bout para mim assim imediamente eram a capa do jogo e a sua abertura épica ao som de “The Biggest Fight” pelo veterano Hironobu Kageyama que escreveu e cantou múltiplas melodias para Dragonball com umas quantas também para os videojogos. Não só é uma das minhas canções preferidas de Dragon Ball pelo Kageyama como a própria abertura é das melhores coisas do jogo e apesar de ter crescido com a versão portuguesa de Dragon Ball, mais tarde na minha adolescência passei a igualmente adorar a versão japonesa e aperceber-me o quão tanto material musical excelente foi cortado na nossa versão o que tira muito à essência da obra no geral.
O outfit azul escolhido para Goku em Dragon Ball GT sempre foi um dos meus favoritos do protagonista, até mesmo o primeiro outfit azul claro que ele usa nos episódios finais de Dragon Ball Z ( no arco “The End of Z”) durante o 28º torneio de artes marciais onde conhecemos o personagem Uub, a reencarnação de Majin Buu. Eu sempre gostei da ideia de no seguimento de sequelas (seja formato anime/filmes/animação) termos diferentes outfits para realçar exactamente essa mudança ainda para mais com time skips pelo meio em que os personagens crescem ou mudam um pouco.
Relativamente à abertura do jogo sempre adorei o pormenor no segmento em que Goku e Vegeta lutam amigavelmente entre si e ainda esboçam uma espécie de sorriso de rivais, marca também o patamar onde eles chegaram entre o final do arco de Majin Buu e Dragon Ball GT (especialmente o amadurecimento de Vegeta) e a animação em geral do videoclip muito anos 90 é bem bonito de se ver como em 1996/1997 durante a série.
Podem ver a incrível abertura “The Biggest Fight” e reparar no pormenor que mencionei aos 1:01 minutos:
Contudo nem tudo são elogios, pois é um daqueles jogos que voltei a experimentar uns bons anos mais tarde com olhos de adulto e posso dizer que na minha perspectiva envelheceu péssimamente na hora dos combates. Não irei aprofundar em detalhes técnicos (até porque em gaming não é de todo o meu forte) mas senti que os combates não fluem muito bem e muitos dos golpes e desvios de ataques são bastantes lentos com o decorrer da experiência como se um delay acontecesse também entre combos. A Playstation 1 na sua época de ouro teve vários jogos de luta/arcade como as franquias Tekken e Bloody Roar que continuam até hoje dinâmicos e divertidos dentro dos seus limites da época, contudo com Dragon Ball GT: Final Bout quanto mais re-jogava, mais sentia essa frustação mesmo sendo um jogo que tem alguns pontos que me são queridos.
Mesmo com os seus defeitos e conceitos promissores mas aspectos muito bons inclusive, sempre tive um carinho por Dragon Ball GT que nunca escondi e que nunca se alterou mesmo com a passagem do tempo sendo que até acho bem melhor que Dragon Ball Super (mas isso seria tema para outra altura). Com isto, a ideia de termos um jogo completamente focado na fase GT seria demasiado entusiasmante (para quem sempre gostou da obra) e trazia assim um foco diferente visto que a maioria dos jogos anteriores sempre foram focados em Dragon Ball Z ou um de Dragon Ball Clássico para Super Nintendo no Japão.
Relativamente aos personagens jogáveis e considerando alguns aspectos como o Golden Great Ape Baby Vegeta ser uma Big Boss Battle do jogo sendo que não chega a ser desbloqueável após a luta, fica a sensação que Dragon Ball GT: Final Bout foi um daqueles videojogos de franquias anime que acompanhavam o decorrer da mesma a ser transmitida em televisão aos bocados. A ausência de personagens como Super C17, o próprio Baby Vegeta nas suas formas anteriores, Vegeta SSJ4 e ainda Omega Shenron tornam claro que foi um jogo lançado durante a saga de Baby no anime.
Ao todo o jogo conta com personagens de Z e GT sendo eles: Goku (GT), Trunks (GT), Pan (GT – sendo o primeiro jogo que a inclui jogável), Vegeta (Z), Ultimate Gohan (Z), Piccolo (Z), Cell (Z), Frieza (Z), Kid Buu (Z), Future Trunks SSJ (Z), SSJ Goku (GT), SSJ Kid Goku (GT), SSJ Trunks (GT), SSJ Vegito, SSJ4 Goku (GT) e ainda como já referi Golden Great Ape Baby Vegeta apenas como Boss Battle.
Quanto aos personagens jogáveis, apesar de perceber a importância de incluir os vilões principais e outros personagens secundários de Dragon Ball Z isso acabou por limitar um tanto o número de escolhas naquilo que era suposto ser um jogo focado na fase GT e que podia ter sido realmente mais à volta disso ainda que eles incluam o planeta Plant de Baby como uma das arenas.
Outra coisa que não fazia sentido também era o facto de algumas das personagens serem já as transformações em SSJ em vez das mesmas alcançarem durante as lutas como mais tarde foi sendo já hábito em outros jogos, outro ponto negativo tornando a selecção um tanto repetitiva dentro do número de lutadores.
Relativamente a Goku SSJ4 ainda tinhamos o detalhe interessante que era preciso inserir uns códigos no menu para desbloquear o personagem e outros personagens que ainda não tinhamos sendo que inicialmente começavamos só com alguns. Assim que obtivéssemos Goku SSJ4, a própria imagem do menu mudava passando a ser do personagem ( antes disso era do Goku SSJ).
Em tempos de escola havia muito a “lenda” que era preciso passar o jogo várias vezes em Hard Mode sem morrer muita vez para desbloquear determinados personagens e que supostamente Gotenks estava secretamente inserido no jogo. Para ser sincero, nem me recordo se era mesmo verdade mas eram bons tempos de discussão entre colegas a falarmos das nossas experiências na qual nos riamos até com o facto de o Golden Great Ape Baby Vegeta ser tão grande no jogo que ele nem cabia totalmente no ecrã.
No fim, Dragon Ball GT: Final Bout marcou o meu inicio nas várias jogatinas que fui tendo ao longo dos anos com uma franquia muito querida desde que me conheço. Mesmo com inúmeros defeitos que este jogo tem na hora dos combates e que agora mais tarde realmente senti bem mais na pele, fico com aquele sentimento de ” ainda bem que existiu e vivienciei”.
Saiu na altura certa não só aos olhos de uma criança que só por si já era fã de Dragon Ball e igualmente adorava acompanhar o GT como ” a série final ” depois de Dragon Ball Z numa época que nem sabia o futuro da franquia e que achávamos mesmo que era a parte final das aventuras de Goku. Importante também destacar que dificilmente teriamos um jogo focado apenas em Dragon Ball GT nos dias de hoje por diversas razões ou até mesmo por muito do hate desnecessário que se faz hoje em dia.
Então nessa perspectiva mais vale valorizar um produto lançado na altura certa mesmo que tivesse aquém do seu potencial, pode ser muito contraditório esta afirmação mas recuando a 1999 foi uma época feliz enquanto se vivenciava Dragon Ball GT na nossa vida.
Na próxima parte irei abordar já a era da Playstation 2 com títulos de jogos muito conhecidos que joguei e ainda hoje tenho na colecção fisica religiosamente, por isso não percam o próximo artigo porque nós também não!