Damos entrada no segundo ano de existência da Playstation 5, e embora vários títulos tenham sido adiados, qualidade não tem faltado nos (poucos) lançamentos da Sony. Não só para colmatar o adiamento de alguns jogos devido à pandemia Covid-19, mas também para elevar a qualidade dos títulos Playstation Studios, os vários estúdios têm aproveitado e relançado certos jogos melhorados. Não só através dos visuais, mas também com uma framerate mais elevada, juntamente com apoio para o haptic feedback do Dualsense, e outras melhorias de quality of life.
Depois de Ghost of Tsushima e Death Stranding, recebemos agora, em pack, a edição definitiva dos dois últimos títulos da famosa saga da Naughty Dog: Uncharted 4: A Thief’s End e Uncharted: Lost Legacy. Visto ambos já terem saído há uns anos, falarei apenas brevemente de cada um, concentrando-me depois nas melhorias/alterações.
Uncharted 4: A Thief’s End veio encerrar a saga do famoso Nathan Drake. Depois de uma viagem mais que atribulada ao longo da trilogia que o popularizou, parecia ter encerrado a vida em grande, dedicando-se agora ao negócio de recuperação de mercadorias subaquáticas. Eis senão quando reaparece alguém que não esperávamos ver, e que obriga Drake a ter uma última “aventura”, com muito mais em jogo do que um simples tesouro.
Uncharted 4 apresenta-se claramente como o culminar da saga, demonstrando de forma ímpar a evolução, não só de Nathan Drake enquanto explorador, mas também da destreza e mestria técnica da Naughty Dog, que em 2016 lança um produto com controlos tão fluídos e de tal forma polido, que deixou a indústria boquiaberta. Thief’s End apresenta ainda visuais que maravilham os olhos, seja através de ilhas paradisíacas ou castelos no alto da Escócia, a apresentação é meticulosamente trabalhada para cada ambiente, incluindo até a palette de cores utilizada em cada nível. Embora não tenha fechado a porta de forma dramática, denota-se que para Nathan e Elena, a vida de aventuras ficou no passado.
Ora, lá por Nathan não se aventurar mais, não quer dizer que o espírito “Uncharted” não possa ser vivido por outra pessoa, e eis que entra em cena Chloe Frazer.
Na verdade, Chloe já tinha “aparecido” nas nossas vidas em Uncharted 3. Esta volta depois a ser referida em Thief’s End, mas fica-se apenas pela referência. A aventura de Chloe começa depois de Uncharted 4, estando esta acompanhada pela feroz Nadine Ross. Ex-líder da Shoreline, com treino militar, Nadine procura recuperar a liderança da empresa de família, depois do fracasso que presenciou em Uncharted 4, e para isto alia-se a Chloe enquanto vasculham a mitologia hindu e um tesouro inestimável.
Uncharted: Lost Legacy é uma expansão de Uncharted 4. Isto não significa que a qualidade do jogo diminua, apenas que é mais curto (cerca de 8 horas) do que o antecessor (15/20h). Creio que Lost Legacy é tudo o que Uncharted 4 não pôde, mas quis ser. Enquanto Nathan enveredou por uma luta emocional e nostálgica, Chloe e Nadine, embora destemidas, divertem-se como nunca e dão-nos momentos de pura comédia e companheirismo. A Naughty Dog aproveitou também para expandir algumas mecânicas de Uncharted 4, como a condução em vários níveis ou perseguições de alta velocidade (incluindo a famosa mecânica à Pursuit Force de saltar para outros carros).
A Sony traz então estes dois títulos para a Playstation 5 com 3 novos modos visuais. Podemos optar pela maravilha visual a 4K 30fps, um modo de performance (finalmente) a 1440p 60fps, e, para os fãs mais aguerridos por ação, 1080p e 120fps, que, não se aguenta nada mal, caindo algumas frames apenas em secções mais tumultuosas. Juntamente com áudio 3D e adaptação nativa para o Dualsense, a Naughty Dog lança esta bola de baseball para fora do parque. Acho incrível que a cada lançamento dos Playstation Studios o Dualsense é elevado a um padrão fenomenal através do haptic feedback.
A nível técnico, e para o que a Naughty Dog prometeu, o port não tende a vacilar. Não tende pois, durante o modo de 120fps, tive alguns flickers visuais (que de certeza já estarão corrigidos quando o jogo sair), maioritariamente até durante a condução, o que tornou aquele nível mais complicado em termos de orientação. No entanto, precisei apenas de trocar para o modo de 60fps para completar o nível na maior das suavidades. A nível visual temos o aumento de resolução, visto que este se trata apenas de um remaster, ao invés de um remake (que na minha opinião não é necessário).
Creio que o preço pedido por dois jogos com (quase) mais de 5 anos é um pouco exagerado, o que é irónico visto que o upgrade é, de longe, o mais generoso que a Sony já ofereceu, visto que basta terem um dos dois jogos, pagarem 10€ e têm acesso à versão definitiva de ambos.
Tenho pena que a Sony tenha decidido juntar os dois jogos num só “pacote”, o que leva a que tenhamos de fazer 100% nos dois jogos para ganhar apenas uma platina. Tenho a certeza que, tal como eu, muitos jogadores estavam ansiosos por acumular mais dois troféus da mais alta categoria, tendo agora metade da recompensa pelo dobro do trabalho.
Para além disto, sinto que podiam ter trabalhado mais o photo mode. Numa altura em que os jogadores estão ansiosos por querer mostrar ao mundo as suas experiências, as opções oferecidas pela Naughty Dog são escassas, mesmo comparadas a outros títulos Playstation. A própria movimentação da câmara quando Nate está a escalar tende a descontrolar-se, o que torna tirar algumas fotos frustrante, no mínimo.