Diretamente dos estúdios da Reflector Entertainment, chega-nos pelas mãos da Bandai Namco uma narrativa inspirada na cultura indiana, mas que nos traz as poeiras de África numa mudança de ares na carreira de Anya Chalotra, a belíssima Yennefer da adaptação de The Witcher para a Netflix. Numa saga que já conta com uma web series, um podcast, banda desenhada, e uma trilogia literária, Unknown fragmenta-se pelas mais diversificadas medias para nos contar as diferentes perspectivas sobre este mundo além da Fold. 

Um mundo que desconhecia completamente mas que, ao longo da minha análise a Unknown 9: Awakening, fui descobrindo e montando o puzzle peça a peça. Com um podcast sensorial soberbo, devo dizer que cada peça desta saga tem um clima misterioso e um bioma muito único. Nomeadamente, neste videojogo sentimos uma certa ligação com uma cultura mais indigena, e que nos propicia a explorar territórios selvagens e áridos.

Sendo este jogo uma peça fulcral para entender a extensão da saga, e querendo focar-me em analisá-lo na perspectiva do jogador que cá aterra de paraquedas, devo dizer que desde os primeiros minutos senti uma torrente de informação a chegar através dos diálogos entre as personagens, que ouvimos ao passo que fazemos o típico tutorial para nos ambientarmos ao mundo e aos controlos. Diálogos estes que me enchiam a cabeça de perguntas e questões que escapavam com mais agilidade do que as personagens.

Isto para dizer que tomar atenção aos diálogos é um pouco desconcertante quando estes saltam frequentemente cada vez que dobras uma esquina, e não acabam as conversas que começaram. Sinto que a Reflector Entertainment quis despejar sobre o jogador muita informação logo desde o primeiro momento e, por isso, perdeu-me logo a início um pouco, sendo a nossa caminhada por Unknown 9: Awakening atribulada ao acompanhar o ritmo e tentar não quebrá-lo para ouvirmos a lore que aprofunda.

Mas se seguir a lore não é fácil, lidar com a animação também é acrobático, na medida em que se, por um lado, queremos evitar as quebras de fluidez na jogabilidade, por outro, não existem transições entre ciclos de animação que sustentem a nossa ligação à personagem. Isto resulta numa quebra de imersão sempre que queres saltar ou interagir com algo, porque tens de parar para ativares essa ação. Numa regressão que me faz lembrar muito um dos maiores sacrifícios de analisar deste ano: Ereban. No entanto, temos um contraste total quando chegamos às lutas corpo a corpo, e os inimigos parecem mais vivos que rotoscopia, só faltando mesmo fazerem break dance!

Por falar em corpo a corpo, Unknown 9: Awakening é, sobretudo, um jogo para quem adora tirar partido de estratégias mais stealth para limpar os adversários do campo. Com efeito, podemos esconder-nos pelas ervas, ativar poderes para ficarmos totalmente invisíveis, e desbloquear melhorias para as nossas skills através de uma árvore de habilidades. Pessoalmente, adoro um bom jogo de stealth, e procuro sempre afinar estratagemas para conseguir limpar os mapas sem soar os alarmes mas, aqui, sinto que a quantidade de patrulhas é tanta, com algumas armadilhas pelo meio, que logo saltamos das sombras de punhos arregaçados para enfrentar a escumalha, venha quem vier. 

Eu diria que este jogo ainda precisaria de um bom par de anos para limar algumas arestas. Tudo o que tenta ser, tenta em demasia, e falha por pouco os marcos. 

Por exemplo, as cinemáticas até que estão bem construídas e, apoiadas num excelente voice acting, vendem muito bem a história que conseguimos apanhar através dessas. Uma peça fulcral para entendermos todos os contornos tanto da Web Series como as demais medias por onde Unknown se reparte.

Os grafismos, os conceitos visuais, a parte mais artística está bem trabalhada e, inclusive, a caracterização das personagens e dos cenários enchem as medidas. É só mesmo uma pena que, depois, na jogabilidade tenhamos estes “soluços” quando queremos mesmo submergir neste mundo de Unknown.

Não obstante, trilhar caminho e lutar na pele de Haroona é deliciante, quando tiramos proveito das suas técnicas de stealth derivadas das braçadeiras poderosas que lhe conferem força magnanime. No entanto, quando é para andarmos à punhada ou nos esquivarmos, custa um pouco sentirmo-nos mais indefesos, mas creio que seja propositado em nos requerer resiliência.

Agradecemos à Bandai Namco por nos ter cedido esta chave para análise, para a plataforma PS5.

Unknown 9: Awakening já está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series S|X, Xbox One e na Steam para PC.

+ Pontos Positivos

  • Voice Acting
  • Design
  • Cinemáticas

– Pontos Negativos

  • Jogabilidade pouco fluída
  • Diálogos perdem-se muito
CONCLUSÃO
Escapa.
6
Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.
unknown-9-awakening-analiseAnya Chalotra dá cara e corpo a Harrona, personagem principal nesta obra da Reflector Entertainment, que se encaixa no universo multi media de Unknown. No entanto tudo o que parecia ter pernas para andar, acabar por sair forçosamente ao lado, com muita informação comprimida e pouca fluídez para a imersão do jogador.