Quase uma década depois, Until Dawn está de regresso à Playstation e estreia-se também no PC. Desenvolvido originalmente pela SuperMassive Games, este relançamento esteve a cargo dos estúdios Ballistic Moon. Será que este título da chancela da Playstation Studios vale a pena ser revisitado?

Enquanto agasalho-me com a roupa mais quente que possuo, considero pertinente relembrar qual é a premissa de Until Dawn: Após uma misteriosa ocorrência que fez com que duas jovens desaparecessem sem deixar rasto, os restantes oito amigos regressam a uma mansão isolada na sombria montanha Blackwood. Há algo de estranho a acontecer nas imediações do local onde se encontram. Cabe ao jogador, através das diferentes personagens, desvendar o que está por detrás dos trágicos acontecimentos e sobreviver a uma ameaça enigmática para contar às autoridades policiais…

Fotografia: Montanha Blackwood / DR Sony Playstation

Lançado originalmente em 2015, Until Dawn foi o primeiro título da SuperMassive Games a abraçar por completo o género do terror com elementos interactivos. O conhecido “efeito borboleta” serve como um porta estandarte para entendermos o conceito deste jogo. Ao dar ênfase às escolhas dos personagens e à forma como a estória se desenvolve, as suas repercussões podem provocar mudanças drásticas no enredo e serão determinantes para o seu respetivo desfecho.

A jogabilidade consiste em três elementos: escolha do teor dos diálogos dos personagens, a exploração algo limitada dos cenários e, por fim, os eventos “quick-time” (popularizados em jogos como, por exemplo, God of War no início dos anos 2000).

Apesar da simplicidade no que diz respeito à interface, Until Dawn, na minha opinião, destacou-se na oitava geração de consolas. A abordagem cinematográfica, a atenção aos pormenores como os cenários, as expressões faciais e até às próprias personagens – com dobragens cativantes por parte dos atores que as interpretam – mostraram à indústria dos videojogos que, apesar da simplicidade na sua interface, é possível captar a atenção de um jogador graças à narrativa e aos dilemas que lhe são colocados. Numa só frase: é um filme interactivo.

O sucesso foi suficientemente grande para que o estúdio britânico continuasse esta fórmula, tendo criado uma nova saga antológica já com vários títulos na sua alçada e também outras propostas como é o caso de The Quarry. No entanto, a Sony Computer Entertainment volta a apostar nesta propriedade intelectual, dando um relançamento com “pompa e circunstância”. De acordo com o blog oficial da Playstation, Until Dawn (2024) foi refeito em Unreal Engine 5 e tem melhorias em relação ao jogo original da Playstation 4.

Quais são as mudanças e melhorias?

A mais óbvia é mesmo a apresentação visual. O jogo está estéticamente mais apelativo, o que contribui para uma maior envolvência do jogador na estória apresentada em Until Dawn. A evolução gráfica de quase uma década é, de facto, notória e, nesse departamento, o trabalho do estúdio Ballistic Moon está muito bem conseguido. A nível técnico, é um pouco melhor em relação à Playstation 4. Corre a 30 fps estáveis, ao contrário da versão antecedente, permitindo uma experiência mais fiel às longa-metragens do cinema. Tive dois momentos em que os fotogramas “soluçaram”, mas foi apenas por breves instantes. Não consigo entender o porquê do estúdio não ter dado hipótese a um eventual modo performance com 60 fps. Contudo, reparei que Until Dawn (2024) promete tirar partido da “Playstation 5 Pro”. Talvez seja uma opção exclusiva dessa consola, mas só o tempo dirá.

No que diz respeito à jogabilidade, existe apenas uma grande diferença significativa: a perspetiva da câmera. Antes o posicionamento era em plano aberto mas fixo e, agora, passa a ser na terceira pessoa (na maior parte da jornada). Apesar da mudança, a forma como controlamos das personagens continua a não ser a melhor. Sentimos bastante o seu peso o que, por conseguinte, traduz-se em pouca mobilidade e, por vezes, prejudica a experiência de jogo. Seria uma boa oportunidade para rever este aspeto – tendo em conta que nos é sugerido a exploração dos diferentes cenários em busca de objetos colecionáveis – mas não foi algo contemplado nesta nova versão.

Fotografia: Personagem Sam interpretada por Hayden Panettiere / DR Sony Playstation

Em contrapartida, a integração do feedback háptico do comando Dualsense está interessante, no entanto, sinto que podia ter sido melhor. Cumpre, mas não é algo que vá deslumbrar o jogador.

Relativamente ao enredo, não há mudanças drásticas. O “sumo” mantém-se praticamente o mesmo nas cerca de sete horas de duração do jogo. A única excepção é de um enigmático epílogo que deixa um pequeno aperitivo do que estará para vir. Será uma sequela direta? Será que é algo que vai ser explorado na adaptação cinematográfica que irá estrear, à partida, em outubro do próximo ano? Não sei a resposta mas parece que a Sony está a meter as fichas todas em tornar Until Dawn num franchise polivalente.

E para quem já jogou na Playstation 4? (como foi o meu caso). De forma objetiva: Se já jogaram a versão original mais do que uma vez e conhecem todos os segredos dos personagens. não há grande motivo para regressar. No entanto, existem novos colecionáveis com mais e aliciantes pistas sobre o mundo envolvente de Until Dawn. O preço sugerido deste relançamento é também ele questionável, tendo em conta o trabalho apresentado pela Ballistic Moon.

Until Dawn já está disponível para a PlayStation 5 e na STEAM para PC. 

Agradecemos à Playstation Portugal a cedência de uma cópia para análise na Playstation 5.

CONCLUSÃO
Definitivo
7
until-dawn-2024-analiseSe nunca jogaram Until Dawn, esta versão lançada para Playstation 5 e PC é mesmo a forma definitiva para experenciar este mundo criado pela SuperMassive Games. Para quem já conhece a montanha Blackwood e sabe todos os segredos da estória, só consigo recomendar aos fãs acérrimos, que tenham curiosidade em querer ver as diferenças entre versões. Dito isto, continua a ser um título obrigatório para fãs de terror e uma excelente proposta para entrar estilo de jogo popularizado pela SuperMasssive Games