Imaginem uma espécie de perfil vampiresco de um Ted Lasso, mas em vez das futeboladas temos mordidas e dilemas vampirescos. Eis que temos Vampire Therapist, o primeiro título do estúdio alemão Little Bat Games e distribuído pelo mesmo, um jogo curioso, e extremamente viciante.
O jogo coloca-nos na pele de Sam, um vampiro western naquele estilo estereotipado de Cowboy, tipicamente com o sotaque sulista americano, mas com um objectivo em mente: ajudar outros vampiros com métodos terapêuticos no que toca à vertente psicológica da questão. Eu sei que parece estranho, mas esta combinação chique e elegante do lado vampiresco, encaixa de forma perfeita com o lado cowboy do nosso protagonista, e não me perguntem o porquê.
Abordando um pouco da história, Sam viaja para a Europa, mais concretamente para a Alemanha, num ligeiro choque cultural mas sempre com um espírito positivo e sem medos, o que caracteriza bem a construção da sua personagem. É lá, que conhece a pessoa que o contratou: Andromachos (ou Andy para os mais chegados), um Vampiro muito à frente dos seus demais, que viu em Sam uma capacidade de desenvolver através da conversa nunca antes vista no seu meio de sanguessugas imortais, técnicas para ajudar outros da sua espécie.
Vampire Therapist é uma mistura narrativa carregada de humor, drama e momentos hilariantes, mas consegue equilibrar a balança com temas mais profundos como a solidão, abuso, dependência e até suicídio, e é nestes temas mais pesados, que o jogo brilha de uma forma brilhante. Para uma pessoa como eu que sofre de alguns problemas relacionados a ansiedade (daquela muitas vezes limitativa), voltar a rever conceitos de terapia cognitivo-comportamental num jogo de vampiros, era algo que não esperaria, de todo, e é brilhante a forma como foram desenvolvidos aqui, conseguindo muito facilmente ignorar este lado da fantasia e mostrar-nos o lado e até o processo humano de toda a coisa, num formato mais criativo, e, convenhamos; até algumas vezes exagerado, mas muito fiel.
O jogo é essencialmente um visual novel, em que tudo o que fazes é ouvir atentamente os dilemas dos pacientes, e identificar as raízes dos seus problemas. Com o avançar do jogo, começas a desbloquear novas técnicas partilhas por Andromachos, e até uns minijogos surgirão pelo meio, algo que a meu ver é a vertente mais desnecessária do título, capaz de quebrar até um pouco a imersão.
Sendo um visual novel, a questão principal é se a escrita funciona, e sim, de forma perfeita. O voice acting é opcional, mas a Little Bat decidiu orçamentar mais o título e incluir aqui actores e actrizes de Baldur’s Gate 3 e até Hades, e trazer ainda mais imersão na questão da narrativa.
O único defeito a apontar, é a falta de desafio. Isto, porque as escolhas erradas não te punem de nenhuma forma, e tens que seguir o script à risca ou caso não o faças, Andromachos aparece com a sua voz penetrante e indica-te como o bom professor que é, o que terás de corrigir na hora. Fica esse misto de sensação de mostrar que não aprendi nada nas aulas, com uma espécie de frustração por ter falhado e não ver consequências disso.
No geral, Vampire Therapist, é uma experiência a experimentar, para qualquer tipo de jogador. É daqueles títulos que diverte, aprendemos enquanto jogamos, e ainda pode ajudar de alguma forma, a desenvolver técnicas que nos possam ajudar no dia a dia, isto claro, se forem vampiros com problemas mentais (ou não).
Nome e Preço: Vampire Therapist – 14.79€
DLC: Programado para Janeiro 2025
Desenvolvedor: Little Bat Games
Editora: Little Bat Games
Metacritic: 81
HowLongToBeat: Aproximadamente 10 horas
Conquistas: Lista de achievements (27 no total)
Testado num: PC, Steam
Agradecimentos: Obrigado à 1UP pela cedência de uma chave para bit-nálise