Lançado em 1994 e desenvolvido pela AM2 para as máquinas Arcade (Sega Model 2) e em 1995 para a Sega Saturn, Virtua Fighter 2, é uma sequela do jogo de combate lançado anteriormente para os mesmos sistemas e a Sega Mega Drive.

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Novamente, o jogo volta-nos a apresentar um leque de lutadores variados. Cada um, com um estilo de luta diferente e muito estereotipado à sua imagem. Todos os guerreiros da anterior entrega regressam, trazendo duas novas adições ao plantel. O milionário Lion Rafale, um praticante do estilo de luta mantis, e Shun Di, um mestre na arte do drunken fist.

Também tal como o seu antecessor, o jogo não possuiu uma narrativa. Contrariamente ao seu grande rival, Tekken, não sabemos quais as motivações, desenvolvimentos e desfecho das suas personagens. Os dados que temos, são apenas que de cada lutador combate por fama e glória, num torneio organizado por uma corporação chamada J6. A principal razão para o mesmo existir, é essencialmente para criar o lutador perfeito. Isto porque a corporação dedica-se a reunir dados e informações dos melhores lutadores do mundo, para desenvolver o cyborg Dural. Aliás, vou mais longe, e sublinho que nem sequer sabemos quais as razões que levaram a tais eventos. O que não é de todo necessário no contexto de um jogo de combate, mas numa perspectiva pessoal acho interessante termos um contexto quer de local, quer de personagens na narrativa de um jogo deste género.

Shun Di mede forças com a veterana Pai Chan.
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Se a história não impressiona, o mesmo não podemos dizer do resto do seu pacote. Isto porque tecnologicamente Virtua Fighter 2, é um dos jogos mais surpreendentes da Sega Saturn e um dos maiores da sua geração. Comparado ao seu antecessor, supera-o em todos os aspectos. Contudo o seu desenvolvimento embora suave, teve alguns percalços na conversão para a Sega Saturn. No inico de 1995, a AM2, dividiu-se em três grupos para cada um criar ports dos seus êxitos Arcade para a nova máquina da Sega. Esses departamentos foram divididos da seguinte forma: Virtua Cop, Daytona USA e Virtua Fighter 2. Com este desenrolar de acontecimentos, a equipa foi muito menor, e devido ao inesperado desenrolar da port de Daytona USA, esta foi dissolvida, e passou imediatamente para equipa Virtua Fighter 2. Se não fosse a mesma equipa desenvolver a Sega Graphics Library para o Sistema Operativo da Sega Saturn, o jogo talvez nem visse a luz do dia nesta máquina. Mas as dificuldades não acabaram, aliás mal tinham começado!

Isto porque a equipa teve a ambição de entregar uma conversão incrivelmente próxima do seu produto original. O seu criador, Yu Suzuki, queria entregar uma conversão o mais fiel possível, e o próprio dedicou-se a todo o custo contra tudo e todos, a entregar a mesma nas nossas casas. Meses e noites sem dormir foram necessárias, porque a sua equipa teve de recorrer a técnicas de compressão. Isto porque a Sega Saturn, não conseguia apresentar tantos polígonos como na versão Arcade, e para dificultar a situação a máquina não possuiu um motor 3D avançado. Para suavizar esta situação, Yu e a sua equipa recorreram a técnicas de Parallax Scrolling nos cenários, e Texture Mapping com base na port de Virtua Fighter Remix. Felizmente a Sega Saturn foi um portento tecnológico da sua era, e os seus múltiplos núcleos computacionais permitiram usar 16 cores diferentes em cada polígono ao passo que na Sega Model 2 apenas podia ser apresentadas 8. Mesmo assim com estes acidentes de percurso, a conversão demorou cerca de um ano a ser produzida, e como a mesma conseguiu este resultado, acho verdadeiramente fantástico!

Hadoken!
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Usando uma linguagem menos técnica, Virtua Fighter 2, é um regalo para os olhos. Embora não seja 3D puro, as técnicas descritas acima, permitiram-lhe introduzir muita profundidade. O aspecto de bonecos de madeira deixou de existir, apresentando modelos mais proporcionais e reais. As novas inclusões de contra-ataques, para evitar projecções, trouxeram-lhe uma nova dinâmica nos seus combates. E as suas personagens mesmo sem uma narrativa traçada, estão incrivelmente carismáticas. Isto não só pela maravilhosa palete de cores deste titulo, como também pela sua fantástica banda-sonora. Tão boa, que associo a mesma a esta máquina.

Muito possivelmente o tema de Sarah: Black Moon Cat, é o tema oficial deste jogo no nosso país. Não só unicamente pela contagiosa melodia que nos transporta imediatamente para meados dos anos 90, mas também porque esta melodia era associada à grande final do programa Cybermaster. No qual dois participantes eram “transportados” para uma arena para no desafio final. Não obstante deste valor nacional, é uma grande faixa bem como o seu restante leque, destaco o tema de Akira: Ride the Tiger e o de Jack: Escape. Realmente é incrível como a produção conseguiu lapidar a falta de narrativa e entregou o contexto das suas personagens nesta incrível banda-sonora.

Um participante no programa Cybermaster.
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A respeito de jogabilidade, também nos ofereceu melhorias, controlos mais responsivos e novos ângulos de câmara em certos golpes, transmitiram-lhe mais dinamismo. Na sua essência manteve-se o mesmo, sistema de três botões, soco, pontapé e defesa, com movimentos para executar. A Sega Saturn ainda desfrutou de várias adições neste título, opções para modificar o tamanho da arena e saúde do lutador, bem como os tradicionais modos de treino e versus.

O legado de Virtua Fighter 2, continuou com os seus “filhos” em Virtua Fighter Kids (basicamente uma versão mais divertida e simplificada), uma inesperada conversão para o canto de cisne da Mega Drive e o regresso de algumas personagens em Fighters Megamix e uma port para PC. No nosso Portugal, além do caricato episódio do Cybermaster, este título foi muito proeminente na publicidade (agressiva) da Sega como também era raríssimo um possuidor desta máquina não ter no rol da sua biblioteca este grande jogo.

Virtua Fighter 2 foi um marco na história da geração dos 32bits, e certamente já faz parte da história dos jogos de combate. Um projecto ambicioso que demonstra muito bem o que a Sega Saturn poderia ter sido, se estivesse entregue às mãos certas. Hoje em dia pode ser adquirido através da PSN, Xbox Live e Steam, embora não seja tão complexo, ainda é proeminente em torneios, e desfrutado tanto por veteranos como uma nova geração.

Virtua Fighter 2 está disponível para Arcade, Sega Saturn, Mega Drive, PlayStation 3, PlayStation 2, Wii, Xbox 360iOS, R-Zone, e na Steam para PC.

 

Redação
Veterano nestas andanças, acompanhou de perto a guerra entre a SEGA e Nintendo, e sonha um dia com o regresso da estrela cadente Ristar.