Numa pequena base, defendida por meros soldados humanos, a manter-se de pé por um fio. Os ataques dos tyranids absorvem por completo a potência militar dos humanos, mas estes continuam a lutar, à espera de alguma salvação que potencialmente virá.

Eis que chego eu, junto com os meus 2 “irmãos” de guerra. Um trio de Ultramarines, praticamente tanques andantes, de um tamanho surpreendente, e uma aptidão física e mental completamente sobrenatural, prontos para ajudar. Os humanos agradecem a nossa chegada, e o meu pequeno grupo de Ultramarines chega-se à frente e aguarda o ataque.

Dezenas, centenas, não interessa quantos tyranids se aproximam, pois para os Ultramarines, a vontade do Imperador é tudo, e se esta base tem de se manter em pé pela vontade do Imperador, então esta base irá se manter em pé. Os tyranids atacam de de forma implacável, tentando absorver os Ultramarines com os seus impressionantes números.

No final, todos os tyranids estão no chão, desfeitos pelas chainswords e bolters dos Ultramarines, como se nunca tivessem qualquer hipótese. Como se nada fosse, o trio coloca o punho ao peito e grita “Pelo Imperador!”, reforçando a abominável potência que estes “tanques andantes” realmente têm. Não interessa o quão mau o cenário é, o quão difícil é a tarefa, pois o dever pelo Imperador é o que mais importa, uma pura devoção que trespassa qualquer conflito possível.

Isto é o Warhammer 40,000: Space Marines 2, uma narrativa de guerra que te faz vestir a armadura de um Adeptus Astartes e sentir o que é ser um super humano autêntico.

Uma surpreendente narrativa de guerra

A premissa do jogo é, na sua base, bastante simples. Temos de volta Demetrian Titus, o protagonista do primeiro jogo, que foi reintegrado como um Ultramarine após se encontrar vários anos sobre outro serviço. De volta aos Ultramarines, a missão é simples – defender o império do assalto violento dos tyranids, uma raça alienígena selvagem e visualmente aterradora.

Esta premissa simples dá espaço para a narrativa se focar mais nas personagens, onde temos Titus e o grupo em várias situações onde vão tanto concordar, como discordar. Nestes momentos de discórdia, penso que é quando temos a narrativa nos seus pontos altos, mostrando os claros defeitos que todas as personagens detêm. O que mais impressiona, é que temos aqui uma representação incrivelmente fiel da propriedade, e mesmo nos momentos de maior discordância, nunca se deixa um “irmão” de fora, e o trio sempre se entreajuda e coopera de uma forma fenomenal. No final de contas, o que mais interessa é completar a missão em nome do Imperador.

A narrativa demonstra a óbvia devoção que os Ultramarines têm pelo Imperador, e penso que é talvez a melhor representação da propriedade num jogo. Esta fiabilidade é complementada pela componente audiovisual, com excelente trabalho de vozes e uma sensação de escala impressionante.

Em tempos de guerra, a arte floresce

O mundo de Warhammer 40,000 é um dos mais intrigantes artisticamente, com o seu foco numa galáxia em constante guerra, com vários biomas e industrialização única que definem a propriedade. Esta arte é implementada de uma forma excelente no jogo. Todas as personagens e monstros demonstram um detalhe bastante avançado, até se podendo observar facilmente os famosos purity seals que contêm várias orações para o Imperador.

Os inimigos também apresentam um detalhes espetacular, dando bastante satisfação às animações das variadas execuções que poderás fazer contra eles. O nível de violência gráfica nestas execuções, com desmembramentos e bastante sangue, também é extremamente sólida, não havendo quaisquer problemas de clipping ou posicionamentos invulgares, mantendo uma fluidez e naturalidade incríveis.

Os cenários também não foram esquecidos, todos com uma geometria complexa, e até bastantes objetos destrutíveis, dando alguma interatividade e dinamismo aos mesmos. Quando chegamos a espaços mais abertos, o cenário de guerra distante é fenomenal, mantendo o nível de detalhe mesmo à distância. Estes cenários de fundo estão repletos de movimento, com vários veículos aéreos e inimigos visíveis, mantendo a imersão presente no que toca a um cenário de guerra. Este é sem dúvida o ponto mais forte dos visuais do jogo, proporcionando uma sensação de escala bastante eficaz, considerando que os níveis em si são bastante lineares e “fechados”.

Uma pura amostra de combate visceral e eficaz

Não é para surpresa de ninguém que conhece a propriedade que os Space Marines são praticamente uns super soldados, que treinam durante décadas e séculos para aperfeiçoar as suas capacidades e atingir a perfeição em combate. O combate aqui demonstra o quão intensa é a forma de um Space Marine combater, juntamente com a capacidade de, mesmo nos momentos mais desesperantes, manter uma postura firme e um controlo da situação tremendamente impressionante.

Os Space Marines são extremamente violentos. Quando se entra em combate com estes tanques andantes, o Space Marine não tem qualquer noção de piedade, indo com o objetivo de terminar a vida de qualquer um que tem a coragem de os enfrentar, não dando sequer tempo do inimigo se arrepender da heresia que acabou de cometer. O combate detém de uma base simples, havendo o movimento clássico de um jogo de tiros, mas traz consigo uma série de mecânicas adicionais que o definem.

Uma das mudanças que se distingue do primeiro jogo de forma imediata é que, em vez de podermos carregar conosco 4 armas, na sequela temos a capacidade para carregarmos apenas 2. Apesar de isto se parecer com um passo para trás, eis que a equipa complementou esta mudança com 2 fatores importantes. O primeiro é a quantidade exorbitante de armas variadas que encontras durante os níveis, encorajando o jogador a ir trocando e experimentando as várias armas, improvisando um pouco mais e dando uma espontaneidade adicional à jogabilidade. O segundo fator é que temos aqui um sistema de combate corpo a corpo evoluído, de forma a dar uma série de opções novas que praticamente acrescentam complexidade suficiente para tornar a mudança do limite de armas algo que não é considerado uma pioria.

Cada arma corpo a corpo provém de um moveset básico. A chainsword, por exemplo, dá-nos a opção de manter premido o botão de ataque a qualquer momento durante um combo para realizar um ataque mais forte, que pode atordoar os inimigos. Quando um inimigo se encontra caído no chão a tentar-se levantar, podes realizar um disparo super rápido para a cabeça dele, recarregando uma das barras de armadura de forma imediata. Quando um inimigo se encontra completamente atordoado, podes realizar uma execução. Que irá recuperar um bom bocado da tua armadura, como também qualquer vida que seja recuperável. Ao perderes vida, irás ter uma parte da tua barra de vida a branco, que significa que, ao realizares execuções e ataques de corpo a corpo, podes recuperar essa vida branca de volta.

No que toca ao combate à distância, temos aqui algo bastante mais simples, mas que detém de uma sensação de impacto bastante eficaz. Com uma seleção de armas da propriedade já conhecidas, entre os famosos bolters e plasma weapons, temos aqui uma série de armas variadas, desde carabinas, snipers, lança-chamas, entre outros. Estas armas detêm de um impacto forte e satisfatório, dando uma excelente percepção da potência destas armas.

Quando se juntam estas mecânicas todas, é difícil de evitar o sorriso constante na cara enquanto decimamos um grupo de dezenas de tyranids pelo nome do Imperador. Como um verdadeiro Space Marine, o combate dá-nos uma perfeita sensação do que é ser um verdadeiro “tanque andante”, encorajando o jogador a aproximar-se do inimigo e atacá-lo corpo a corpo para se manter vivo é uma excelente forma de tornar o combate dinâmico e visceral.

O sistema de combate é praticamente o bolo que define o jogo, fazendo com que não haja uma grande variedade acrescentada. Todos os objetivos que encontrarás nas missões são sempre focadas no combate, desde proteger zonas de ataques durante um tempo limitado, ou ativar certos mecanismos necessários para proceder. Isto faz com que o jogo se torne um pouco repetitivo, sendo que, na sua base, tudo o que fazes tem na sua raiz o sistema de combate.

Juntamente com o modo de campanha, temos também o modo de Operations, que funcionam como uma série de missões adicionais, onde tomas o papel de outros esquadrões em certos pontos da história, dando um ponto de vista diferente dos variados acontecimentos.

No que toca a modos competitivos, temos vários modos PvP típicos como um team deathmatch e um capture the point. Em vez de teres liberdade total para escolher as armas, aqui tens uma série de classes com tipos de arma específicas e habilidades únicas, como o Assault, que trás consigo uma arma de corpo a corpo como a chainsword ou power sword, e uma pistola como a bolter pistol. A habilidade especial do Assault é poder utilizar um jetpack que lhe dá a possibilidade de saltar extremamente alto, podendo fazer um ataque diretamente para o chão com a sua arma de corpo a corpo, fazendo bastante dano numa área.

Todos os modos são jogáveis com múltiplos jogadores. Sendo possível fazer a campanha e as Operations com o máximo de 3 pessoas, e, obviamente, os modos competitivos com 2 equipas de jogadores a enfrentarem-se numa batalha intensa.

Um aglomerado épico para uma guerra colossal

Tal como os Space Marines, temos aqui um aglomerado orquestral de pura sonorização militar, com uma percussão assimilar a uma marcha, e um uso de instrumentos graves e pesados, tanto nas cordas como nos sopros. Apesar da estrutura e sonoridade de guerra, a música não deixa de dar-nos o seu toque grandioso e épico, demonstrando perfeitamente que, apesar de estarmos numa guerra de escala universal, os Space Marines são verdadeiramente uns seres “fora deste mundo”.

Agradecemos à Focus Entertainment por nos ter cedido esta chave para análise, para a plataforma PS5.

CONCLUSÃO
Pelo Ultramar!
9.2
warhammer-40000-space-marine-2-analise13 anos depois do fantástico primeiro jogo, Warhammer 40,000: Space Marines 2 chega com uma sequela que faz tudo menos desapontar. Uma sequela que se define pelos tempos em que os jogos eram mais simples, e que nos traz uma excelente representação do intrigante mundo do Warhammer 40,000.