Visto ser da geração de ’90 não consegui acompanhar a origem de sagas clássicas que hoje marcam o mercado. Felizmente, cada vez mais existe uma aposta por parte dos publishers em dar a conhecer estas mesmas sagas, o que levou a que eu açambarcasse toda a Wonder Boy Collection que a ININ Games decidiu trazer ao mundo. Vamos então discutir Wonder Boy, Wonder Boy in Monster Land, Wonder Boy in Monster World e Monster World IV!

O primeiro Wonder Boy foi sem dúvida o mais experimental. Ao estilo dos velhos jogos arcade, o objectivo é o mais simples que há: a nossa namorada foi raptada pelo rei do mal e, como resultado, Tom-Tom tem de correr e saltar através de diversos mundos numa demanda por salvar Tina das garras maléficas da realeza gananciosa.

Apesar de ser o jogo mais “cru” da coleção, não deixa de manter o seu encanto após todos estes anos. Como já referi, sendo um jogo arcade, tem como objetivo também assegurar que a maioria dos jogadores chega aos créditos finais, algo que aqui ainda se torna mais fácil à possibilidade de injetar tantos créditos virtuais quantos quiseres para acabar o trabalho.

Em seguimento à origem temos Wonder Boy in Monster Land. Um jogo que faz as coisas de forma bastante diferente. Passamos do tradicional platformer para um misto com mais peso em role playing como por exemplo comprar armas e sapatos para nos tornarmos mais fortes. Monster Land mantém no entanto a mecânica mais aborrecida da série, falo pois do tempo limite para terminarmos as zonas, caso contrário Bock Lee Temjin (Tom-Tom) começa a perder vida. Felizmente esta mecânica pára na segunda entrada, podendo desfrutar de Monster World e Monster Boy sem limite!

Há muitas áreas secretas e tesouros para encontrar, assim como algumas armadilhas surpreendentes. Tem o mesmo charme arrojado e ousado associado à estreia de Tom-Tom mas é uma experiência completamente diferente do predecessor. Com mais de 30 anos torna-se sem dúvida um marco de respeito para a plataforma e a era em que saiu.

Wonder Boy in Monster World é o terceiro jogo desta colecção, mas o quinto da saga. Pois. As contas aqui complicam-se um pouco. Monster World é o primeiro título em 16 bits, e mostra, fruto do progresso tecnológico, uma palette de cores extravagantes que dão outra vida à aventura de Shion.

Não só graças aos gráficos, mas também à duração e narrativa menos simplificada, Monster World sente-se como uma aventura muito mais grandiosa. Este traz no entanto a desgraça de muitas pessoas, a Ocarina, sendo esta uma barreira na fase inicial já na versão original, ora imaginem a minha cara quando vejo que não alteraram os botões da caixa de texto para corresponder aos da Playstation.

A jóia desta colecção é Monster World IV, também conhecido como Wonder Boy: Asha no Mundo dos Monstros. Embora merecesse uma série própria, acaba por se tornar uma das experiências essenciais do cardápio de Wonder Boy pois incorpora os melhores elementos dos jogos anteriores e coloca-os na aventura mais completa do lote.

O que torna MW IV tão cativante para mim foi a liberdade na exploração e movimentos adicionais que permitem fazer coisas como saltar na cabeça dos inimigos com um ataque descendente. Para além disto, Asha é uma protagonista carismática e uma lufada de ar fresco com que jogar.

A coleção traz ainda modos visuais que permitem emular (o máximo possível) as entradas originais, tendo um grande lote de personalização nos filtros, o que ajuda a captar uma nostalgia mais pessoal. As funcionalidades de fast-forward e de rewind são imensamente úteis e ajudam a tornar uma experiência que se pode arrastar em algo muito mais agradável. Dado que as utilizei bastantes vezes muitas vezes dei pelo jogo a atrapalhar-se, quase que tirando um intervalo para se recompor com as frames a andarem por todo o lado.

Wonder Boy Collection já está disponível para Nintendo Switch e PlayStation 4.

CONCLUSÃO
Icónico
7.7
wonder-boy-collection-analiseWonder Boy Collection traz sem dúvida uma colecção imperdível para quem nunca jogou, apresentando alternativas viáveis ao pacing característico da era arcade/retro. Podia ter sido um lote mais recheado, mas os títulos presentes não desiludem, servindo perfeitamente para demonstrar a evolução que esta icónica série teve em tão pouco tempo.