O que não faltou este ano foram experiências de borrar a cueca, tanto literalmente como figurativamente: remake do Dead Space, do Resident Evil 4, ou, mais próximo deste: Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo foram alguns dos nomes na ribalta. No entanto, World of Horror, apesar do seu lançamento Early Access em 2020, sai cá fora num estado completo em 2023 e não podería ter caído coisa mais estranha e horripilante no meu colo.
Caso não percebas patavina de World of Horror, eu explico: Paweł Kozmiński, dentista a tempo inteiro e game dev nas horas vagas, criou um mundo 1/2-BIT visualmente inquietante a transpirado de inspiração em Junji Ito com uma belíssima dose de MS Paint nos anos oitenta. Em conjunto com os sistemas abaixo explicados, muito horror lovecraftian também participa na mistela, este agindo como motor para desencadear todo o terror.

Logo, com os holofotes do enredo focados em Shiokawa, Japão, 1984, e repleto de vários mistérios sobrenaturais e intrigas para descobrir e resolver, World of Horror é uma salgalhada surpreendente: uma aventura point-and-click com traços roguelike e algumas colheradas de estatística à lá TTRPG (tabletop role-playing game) embrulhado num aspeto visual grayscale. É sem dúvida uma das ofertas mais distintas no mercado indie na atualidade.
Para ajudar a compreender o progresso natural de World of Horror, basta pensar que os alicerces da jogabilidade fixam-se em aspectos roguelike, com tudo o resto a ser combate por turnos ou interação point-and-click clássica e, para iniciar cada playthrough, basta escolher entre duas histórias fixas, uma combinação aleatória entre múltiplas variáveis ou algo totalmente personalizável por ti, como a personagem, história e outras especificidades.

Porém, World of Horror é um pesadelo de informação visual porque toda a aventura mexe-se à volta dos vários menus à vista, com toda a comunicação canalizada através de texto seja pelas caixas de diálogo ou outros espaços, sítios que frequentemente abrem caminho a múltiplas atrocidades visuais em cada jogo. É uma experiência que, por força de hábito e casmurrice, acaba por encalhar à tua maneira. Contudo, sempre senti dificuldade e alguma irritabilidade em manusear a interface por consola. Talvez rato e teclado fosse melhor.
Dito isso, cada playthrough joga com três elementos: secções à lá visual novel, combate turn-based e muito aleatoriedade, misturada com feitiços por lançar (e desbloquear) armas por utilizar, stamina, reason (sanidade) e até doom (estatística inerente à cidade que vai de 0 a 100%). Dentro desses elementos irás resolver vários mistérios até chegares a um inevitável confronto que determinará o sucesso da tua run. É difícil explicar World of Horror de outra forma porque existe tanta coisa a funcionar ao mesmo tempo tão fora da caixa.

Ainda assim, embora geralmente divertido, World of Horror irritou-me um pouco pela sua insistência na aleatoriedade. Poderia estar a ter playthroughs magníficas com o vento a soprar na minha direção, mas por vezes um ou outro elemento destruía por completo as minhas hipóteses, sem qualquer input meu no seu desenrolar.
Vale a pena jogar World of Horror? Desconsiderando a pergunta retórica e concluindo, por outras palavras, ou seja, em resumo, sim, mas com um pé atrás.
Esta foi a quarta bit-nálise, análise tão curta que nem um bit ocupa, e em baixo podes contar com a ficha técnica:
Nome e Preço: World of Horror - €19.99
DLC e Preço: Nada anunciado até ao momento
Desenvolvedor: Paweł Koźmiński
Editora: YSBRYD GAMES WORLDWIDE LIMITED
Metacritic: https://www.metacritic.com/game/world-of-horror/
HowLongToBeat: World of Horror – Clica aqui
Conquistas: https://woh.fandom.com/wiki/Achievement_guide
Testado numa: PlayStation 5 (através da retrocompatibilidade PS4)
Agradecimentos: Obrigado à editora pela cedência de uma chave para bit-nálise