É refrescante ver que existem inúmeras alternativas aos jogos de corridas. Sendo este um título niche, acaba por muitas vezes matar novos IPs à nascença, como o meu favorito de sempre: Blur. A verdade é que, tal como Blur, nem todas as sagas têm peso histórico para se aguentar, ao contrário do título de destaque desta análise: WRC 10.
WRC, para quem não sabe, significa World Rally Championship. Uma competição criada há 50 (!) anos, que nunca falha em desiludir, seja pela excelente condução dos pilotos através de circuitos altamente perigosos, ou o vislumbre de um carro a dar voltas no ar depois de ter entrado tarde na curva. Tanto a competição como o jogo acarretam um passado histórico, e WRC 10, ao contrário do seu antecessor (discutivelmente o melhor de sempre) falha em assumir a liderança da saga.
Comecemos pelo destaque desta entrada: o modo “Aniversário”. Este modo consiste num lote selectivo de eventos históricos que nos levam numa viagem pelos diversos anos de competição. O conceito é bastante interessante, o problema está na execução. Isto basicamente resume-se a vários time trials e uma condição de verdadeiro ou falso. Batemos o tempo? Vamos ao próximo. 1 milisegundo depois? Temos de tentar outra vez. Não existe uma margem para que o progresso seja fluído, o que acaba por ser problemático para os novos jogadores.
Por outro lado, o modo carreira apresenta-se mais forte que nunca. Começando nos escalões inferiores, vamos gerindo a nossa equipa ao pormenor, subindo pelos ranks com vista ao apex da competição e o título definitivo.
Teremos os vários modos à disposição:
Quickplay – escolhemos a pista que quisermos e lançamo-nos ao terreno (incluindo as pistas do modo Aniversário);
Co-driver – Retorna o famoso modo em que podemos ser o condutor ou o co-piloto, providenciando experiências incríveis com amigos ou outros jogadores online;
Club – Apelando à união da comunidade, temos novamente a possibilidade de criarmos equipas virtuais e participarmos em várias competições/campeonatos;
A condução foi refinada, trazendo o melhor de WRC 9 e introduzindo algumas mudanças, como o realismo na degradação dos pneus. Teremos várias opções para modificar o handling do carro, sendo que a jogabilidade da saga se mantém na simulação com um toque arcade. Temos também o suporte para o Dualsense, o que introduz uma imersão adicional para os jogadores casuais.
A evolução das categorias de carros está extremamente bem conseguida, ao ponto de alcançarmos uma sensação de realização pessoal quando vamos até ao escalão máximo e de repente o carro já não foge, e até conduzimos melhor dado o calibre dos mesmos.
Sendo já recorrente, teremos as várias pistas oficiais à nossa disposição para testarmos tanto os novos, como os carros antigos.
Para além do imenso conteúdo, creio que a mudança mais forte de WRC 10 são os co-pilotos. Para alguém como eu que gosta de jogar sem HUD e câmara dentro do carro, por vezes é difícil sentir-me imergido num jogo quando tinha um robô ao meu lado só a disparar instruções. Este ano, para além de termos co-pilotos femininas, recebemos ainda comentários relativamente à qualidade da condução, o que nos ajuda a refinar a mesma ao longo das curvas.
Em termos visuais, creio que este ano não justifica a aposta face ao título anterior. As versões da PS5 e Xbox Series de WRC 9 acabam por se equiparar às deste ano, e embora a KT Racing dê primazia à condução, podiam ter trabalhado melhor o aspecto visual deste ano. Tal é a reutilização de WRC 9 que os mesmos bugs vão surgindo como screen tearing e a framerate a ocasionalmente participar numa rave.
Creio que WRC estaria melhor servido com um lançamento bi-anual. Embora a saga agora vá passar para a Codemasters, isto aplica-se aos outros títulos da KT. A pressão de lançar um jogo anual, como vemos noutras sagas, acaba por prejudicar a qualidade do mesmo como um novo produto, o que prejudica também a imagem do desporto.
WRC 10 já está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S, Xbox One, Steam e Epic Games Store para PC.