Nos confins de um oceano repleto de aliens, chega-nos o X-Out: Resurfaced. Confesso que jogos antigos sem ser para PC não são o meu forte, mas para a surpresa dos mais atentos e dentro do assunto, foi recentemente anunciado um Remake de um clássico que saiu para Amiga.
X-Out (lê-se “Cross-Out”) é um jogo desenvolvido pelo Rainbow Arts que saiu em 1989 para Commodore 64 e em 1990 para Amiga, Spectrum, Armstrad CPC e Atari ST, com uma sequela direta que saiu em 1991, o Z-Out. Só o nome do estúdio não estava a dizer nada para mim, e após uma pesquisa rápida, reparei que, além de ter sido uma companhia alemã que desenvolvia e publicava jogos de sucesso moderado, também foi responsável pela publicação de ports como o clássico Turrican para Amiga, Armstrad CPC e Spectrum ou Earthworm Jim para MS-DOS. Sobre a companhia em si, foi fundada em 1984 na Alemanha e comprada pela Rushware em 1986 e comprada novamente pela THQ em 1999. A partir desse ponto, não se sabe muito sobre a companhia sem ser que Ziggurat Interactive adquiriu mais de 80 títulos da Rainbow Arts em 2022, e o X-Out foi o primeiro a ter o tratamento para as plataformas modernas.
O X-Out é um clássico Shoot ’em Up (ou, como gosto muito de dizer, jogo de tiros) em que controlamos um submarino, o Project Deep Star, numa tentativa desesperada da Humanidade de conseguir enfrentar as forças aliens de Alfa Centauri que estão a invadir as profundezas dos maiores oceanos do planeta.
Antes de avançar com a análise, tenho que dizer que fiz uma comparação extensiva entre o original e o X-Out Resurfaced e digo que quase parece uma cópia perfeita do original, sem tirar nem pôr. O X-Out Resurfaced vem cheio de melhorias e de coisas novas mas mantém-se extremamente fiel ao original, o que é muito positivo para um Remake.
Somos logos presenteados com uma das coisas novas do X-Out Resurfaced, o Quadlite, um menu de batotas do jogo que, ao cumprir umas certas condições, permite desbloquear um total de cinco batotas que tornam o jogo muito mais fácil. O que é mais fixe é a apresentação e a música deste menu, fazendo lembrar uma viagem psicodélica dos fins dos anos 80/inícios dos 90. Quando saímos do Quadlite, vem logo a icónica cena de apresentação do jogo com a famosa frase proferida pelo nosso piloto “Get ready for X-Out” e com o submarino pronto para andar aos tiros.

O jogo está tão fidedigno que não consigo apontar falhas nem acrescentar nada. Está tal e qual como se estivéssemos a jogar o original para Amiga, para além de ter agora fidelização HD, mais efeitos luminosos e um HUD remodelado para fácil orientação. O grafismo e a dificuldade está toda lá. Faz parecer que estamos mesmo a jogar o original e com uma dificuldade digna de ser um autêntico desafio, ou como costumo dizer, um Sine Mora sem Time Capsules.
O jogo está fluído e as animações estão melhoradas. Os visuais dos níveis estão bastante ricos de cores e os efeitos luminosos dos tiros e de certos inimigos dão ainda mais vida à apresentação do jogo – aqui tenho que apontar o belo trabalho que foi feito pelo Rainbow Arts. Tudo está impecável e não há nada a assinalar. Sobre a jogabilidade, tal como o original, controlamos o submarino, além de termos um botão para disparo contínuo, um para o uso de arma primária, dois botões para rodar armas secundárias e um botão para ativar a arma secundária.
Uma das mudanças que fizeram para o X-Out Resurfaced foi a velocidade do submarino. No original, o submarino tinha quatro velocidades e a velocidade aumentava após passar um nível mas, no X-Out Resurfaced, continua com quatro velocidades e temos dois botões para aumentar e diminuir a velocidade do submarino. É uma novidade bem recebida, pois a velocidade importa bastante para conseguir controlar os movimentos dos obstáculos dos níveis.
Antes de cada nível, temos acesso à loja, onde compramos com o dinheiro que temos acumulado modelos de submarino, canhões, armas principais e secundárias, melhorias, armas automáticas e satélites. Temos 9 slots para os submarinos que compramos (que acabei por descobrir que também serve como vidas nos níveis) e tem que se ter atenção que cada modelo de submarino tem um limite máximo de opções (armas principais, satélites, etc.); também começamos com dinheiro algo limitado, e cada modelo de submarino tem mais capacidade para instalar opções.

Tem algumas diferenças em termos de apresentação da loja em comparação com o original. Em X-Out Resurfaced, logo no início de jogo temos 3 opções predefinidas de submarino baseadas dos créditos que temos. O avatar do vendedor também é diferente do original, e o menu está muito mais simples que o original. Agora, o jogo apresenta informação dos submarinos e das armas, o que ajuda imenso com as nossas escolhas para o próximo nível.
Outra diferença é a inclusão do Prefabricator, o que leva às tais opções predefinidas de compra no início, e podemos determinar logo as opções com outros modelos de submarinos. É possível ganhar dinheiro através do lixo, onde eliminamos as opções e/ou submarinos que não queremos e recebemos total reembolso, o que faz com que nunca ficamos prejudicados com os investimentos.
O HUD dos níveis, como já foi mencionado, levou uma remodelação. Em comparação com o original, está em cima e está mais simples e apresentável. Tem a barra de saúde do submarino, número de vidas que temos (os tais submarinos extra), as armas secundárias, o score e a velocidade do submarino. O score final da cada nível é o dinheiro que temos disponível para a loja, o que faz interessar destruir o maior número de inimigos possível e, no fim de cada nível, temos também direito a um bónus em que o multiplicador do bónus aumenta para um após cada nível que passamos.
O jogo tem o total de 8 níveis e acaba sempre com um Boss. Tenho de manifestar o meu desagrado com esta parte. Os níveis são diversos e estão ricos de detalhes (e, especialmente, tiros), mas os Bosses têm uma escolha de design duvidosa. Embora tenha que elogiar bastante o design dos Bosses, mesmo que o jogo se passe no fundo do oceano, fiquei pasmado como o maioria dos Bosses são naves ou robôs grandes, em vez de aproveitarem a temática e transformarem os animais marinhos em Bosses.
À exceção de três níveis em que o Boss é, realmente, um animal marinho ou um monstro, e do que vi do original, o Boss final é ridiculamente fácil em comparação com os outros, dando aquela sensação de “Meh”. A minha opinião vale o que vale, mas acho que reforçaria mais a ideia de a ação se passar no fundo dos oceanos se os Bosses fossem mais monstros ou animais marinhos.

A banda sonora é um ponto bastante forte. Toda ela é remasterizada por Chris Hülsbeck, o compositor do X-Out original, e vem com novos temas para os níveis que não tinham temas no original. Além da banda sonora remasterizada, e para minha autêntica loucura dos ouvidos, o X-Out Resurfaced também tem as bandas sonoras originais das versões do Amiga e Commodore 64 do jogo original.
Por fim, para além das novidades e mudanças já referidas ao longo desta análise, foram incluídas um modo Co-op local, onde podemos jogar com mais uma pessoa, e o Mirror Mode, onde jogamos de direita para a esquerda em vez de esquerda para direita.
O jogo está fantástico e considero-o uma ótima peça de história para a coleção, além de ser ótimo para os fãs de Shoot ’em ups ou para jogar a solo ou com alguém.
X-Out Resurfaced já disponível para PS5, Nintendo Switch, Xbox Series X e Steam.