A Microsoft celebra oficialmente o aniversário de 20 anos desde o lançamento da sua primeira consola, Xbox, e agradece-te por fazeres parte da sua história, com recompensas e eventos durante toda a celebração.
E como a jornada Xbox começou?
Em 1995, a Microsoft sempre cheia de ideias e projectos, trabalhava arduamente para garantir que o seu próximo sistema operacional, o Windows 95, fosse a plataforma ideal não só para os jogadores, como desenvolvedores. Nessa época, reinava o DOS no quesito gaming, com títulos como Doom, UFO: Enemy Unknown, System Shock e até Quake.
Foi nessa altura e com toda a ambição, que a Microsoft criou o sistema DirectX, uma colecção de APIs, e matéria-prima para a programação de jogos do sistema operativo Windows, nascida juntamente com o Windows 95. A ferramenta era capaz de criar efeitos nunca antes vistos no sistema DOS, a juntar com a sua facilidade de utilização. Com tudo isto, e mesmo com muitas dúvidas dos desenvolvedores em relação à plataforma, era apenas uma questão de tempo até esta ferramenta reinar como padrão do sistema, e assim o foi; principalmente na versão seguinte: Windows 98. Este sistema operativo contou com alguns dos títulos mais clássicos que perduram até hoje, trazendo um enorme sucesso para a marca: Age of Empires e Flight Simulator 98.
Arriscar numa próxima consola num mercado já dominado pela Sony Playstation, SEGA e Nintendo, não seria fácil, não só porque a Microsoft era uma empresa criadora de software, e não hardware, e com a junção do passado das consolas caseiras se encontrar manchado nos Estados Unidos, com o falhanço da última consola lançada por lá, a Atari Jaguar. Não obstante a todos os obstáculos, nenhum dos riscos importavam; quando o foco da marca se encontrava em ser bem-sucedida no ramo gaming a todo o custo.
DirectX Box – Xbox, o Início
E foi assim – com o sucesso do DirectX que permitiu tal façanha -, que nasceu o projecto DirectX Box, uma consola caseira em torno do sistema de compilação destes APIs, liderada por 4 homens (Seamus Blackley, Kevin Bachus, Ted Hase e Otto Berkes), que começaram por realizar experiências com portáteis Dell. Também se juntou à equipa Ed Fries, com muita experiência na criação das Atari, e pronto a ser o chefe da equipa de publicação de jogos, tendo mais tarde um papel importante na aquisição da Bungie e Rare. Como de fácil suspeição, o nome Xbox surgiu exactamente desse projecto, que começou a ser desenvolvido em 1998. A finalidade desta consola da Microsoft seria rodar os jogos com melhor desempenho que a concorrência, e funcionar de forma idêntica a um computador com o sistema operativo Windows 2000, um sistema já familiar para os desenvolvedores.
Ed Fries já andava de olho na Bungie Studios, após uma apresentação mostrada em 1999. Em causa estava um shooter em primeira pessoa, chamado Halo. Conheces? O sucesso foi tão notório que o próprio Steve Jobs fez questão de exibir o jogo na Macworld – Feira Internacional da Apple -, e tratando-se da maior competição directa da Microsoft, não deixaram isso acontecer, comprando assim a Bungie e fazendo de Halo o maior exclusivo da Microsoft até à data.
A apresentação aconteceu em 2001, quando o próprio Bill Gates mostrou a consola ao mundo pela primeira vez, com uma grande jogada de Marketing inicial, trazendo Dwayne Johnson ao palco. Esta era uma altura em que a PS2 já se encontrava à venda, dominando a léguas sobre a concorrência Sega Dreamcast, que mais tarde iria a cair por completo.
A Xbox chegou às lojas no dia 15 de Novembro de 2001 nos Estados Unidos, e muito graças a Halo que era vendido como bundle, e com grande esforço de toda a equipa, a primeira consola da Microsoft vendeu mais de 1 milhão de unidades nas primeiras três semanas do seu lançamento, um número impressionante para um novo projecto recém-lançado. A consola era a mais potente do mercado até então, mas infelizmente os poucos estúdios third party tiraram pouco proveito do real potencial do sistema.
A Xbox foi a primeira consola com disco rígido, e a primeira a introduzir um elaborado multiplayer online, com o seu sistema de subscrição Xbox Live em 2002. Mesmo com um preço anual de 50$, mais de 150 mil gamers assinaram o serviço logo na primeira semana.
Os jogos mais vendidos do sistema foram:
- Halo 2 (8.46 milhões)
- Halo: Combat Evolved (5 milhões)
- Fable (3 milhões)
- Project Gotham Racing (2.5 milhões)
A Xbox vendeu mais de 24 milhões de unidades durante todo o seu ciclo, superando a Dreamcast e GameCube, perdendo apenas para a Playstation 2, que contou com mais de 150 milhões de unidades vendidas. Esta era a mensagem que a Microsoft precisava para se afirmar no mercado, e o objectivo foi cumprido.
Xbox 360 – A consola quase perfeita
Sem perder rumo e tempo, a Microsoft começou logo em 2003 a trabalhar num grande projecto, denominado por “Xenon”. Com uma grande competição no mercado com a Sony, a próxima consola teria que ser muito mais poderosa, e para isso, seria necessário a equipa perfeita e muito apoio das third parties. Foi por essa altura que a Rare foi adquirida, e uma reunião foi marcada com mais de 400 desenvolvedores, de modos a darem a conhecer as suas ideias, procurar suporte imediato e confiança proporcional à promessa do projecto.
Em 2003, a Microsoft contratou Peter Moore, o ex-presidente da Sega. Também estabeleceu grandes parcerias com a IBM de forma a trazer o microprocessador para o seu hardware, e com a ATI, responsáveis pelo GPU.
E foi assim em Novembro de 2005, que uma das consolas mais queridas pelos fãs até hoje – e com todo o mérito -, a Xbox 360 chega ao mercado, quase 1 ano antes do lançamento das concorrentes Nintendo Wii e PlayStation 3. Com um design bem mais suave e bonito, cor branca como padrão inicial, e com um comando de grande qualidade que continua ainda hoje a ser frequentemente usado, esta consola era um deleite para os gamers. A evolução do comando, em relação ao gigante Duke da primeira Xbox, foi notória. Este era agora menor, mais ergonómico, e a estrutura de botões que mesmo se mantendo a mesma, teve uma redução no número de face buttons de 6 para 4.
Esta consola era maioritariamente a favorita dos desenvolvedores, já que consideravam muito mais fácil programar, em comparação com a Playstation 3, que limitava muito a construção graças ao seu processador e arquitectura. Os jogos multiplataforma começaram a ser padronizados para a versão Xbox 360, e ainda hoje se pode verificar isso através das avaliações do metacritic, a versão que era sempre mais jogada nas alturas dos críticos avaliarem.
Esta consola de sétima geração trouxe até aos jogadores grandes títulos exclusivos que perduram até hoje como ligação de expoente máximo à Microsoft. Foi nesta geração que nasceu alguns dos grandes estandartes da Xbox: Gears of War, Forza Horizon, Alan Wake, Crackdown, e até o Kinect… Também foram feitas parcerias com aposta nos gamers japoneses, com alguns exclusivos a pensar especialmente no mercado nipónico. Entre eles estão clássicos intemporais como Lost Odyssey, e até Blue Dragon, com o traço conhecido de Akira Toriyama. Infelizmente, o mercado Japonês continuou a ser a fatia mais fraca da Xbox, fraqueza que perdura até hoje. Vendeu menos de 500 mil unidades em relação ao modelo original lançado em 2002.
Muitas versões da consola foram lançadas, e acessórios idem, mas o maior destaque foi o Kinect, bem na onda da Nintendo que desmoronava a indústria com a Wii. Surgiu em novembro de 2010, e tratava-se de um comando de movimentos com câmara integrada. Este sistema trazia suporte a comandos de voz, algo muito avançado que permitia aos jogadores usassem o próprio corpo para jogar alguns títulos, e que francamente; a maioria funcionava mal. Ainda assim foi um grande sucesso, e vendeu mais de 24 milhões um pouco por todo o mundo.
Os exclusivos mais vendidos do sistema foram:
- Kinect Adventures (24 milhões)
- Minecraft Xbox 360 Edition (13 milhões)
- Halo 3 (12 milhões)
- Halo Reach (10 milhões)
- Gears of War (5 milhões)
Infelizmente, surgiram grandes problemas para a marca, que se viu com uma enorme taxa de consolas danificadas, graças ao Red Ring of Death, ou o “anel vermelho da morte”, superaquecimento da consola, e o maior inimigo dos jogadores. Os danos foram tão grandes, que obrigou a Microsoft a estender a garantia dos fabricantes para 3 anos, envolvendo alguns milhares de milhões de prejuízo.
Foi uma jornada impressionante, e o salto de vendas e notoriedade da marca elevou-se imenso com a Xbox 360. Durante muito tempo, esta consola liderava as vendas comparativamente à Playstation 3, tendo sido apenas superada no final da geração. Ainda assim, foi entre as duas, a consola mais dominante nos Estados Unidos da América e no Reino Unido; zonas importantíssimas de liderança.
Xbox One – A queda, e reconquista de Phil Spencer
Com o sucesso da Xbox 360, seria impensável a Microsoft abandonar o mercado de consolas caseiras, e foi após muita especulação, e já com Don Mattrick “em campo” como chefe da divisão; que o anúncio foi feito em 2013, sabendo-se mais tarde que devkits já tinham sido distribuídos à cerca de um ano.
E se existisse uma palavra para descrever o anúncio da consola e os meses seguintes, essa palavra seria: “DESGRAÇA”! A Xbox One tinha o arcaboiço de ser uma central de entretenimento impressionante, além de um aparelho muito intuitivo de se usar, mas faltava foco em algo que se pretendia numa consola: JOGOS. O evento de revelação foi um desastre completo, totalmente focado no aparelho como “sistema faz-tudo”, e não era isso que público-alvo pretendia, e muito menos esperaria durante uma revelação de uma consola de videojogos.
Meses antes do seu lançamento, a Microsoft confirmou o que mais se temia das especulações: A consola teria que ser conectada à Internet pelo menos uma vez a cada 24 horas para ser usada, caso contrário, e o próprio Don Mattrick confirmou numa entrevista durante a E3 feita pelo hoje apresentador da The Game Awards; Geoff Keighley, e ainda atiçou: “Se não têm Internet, fiquem com a Xbox 360“. Uma decisão que viria a custar caro mais tarde. Outras decisões no mínimo questionáveis estariam em cima da mesa para avançar no produto final, como a a impossibilidade de vender jogos usados, ou até mesmo os emprestar. Também o Kinect – que fora uma grande inovação da Xbox 360 –, foi um dos maiores pesadelos da Xbox One. O aparelho era incluindo nos bundles. Não só isto tornava a consola mais cara que a sua concorrente Playstation 4, como seria necessário para o funcionamento da consola. Todas estas medidas foram repensadas e posteriormente removidas aquando o lançamento da consola. Infelizmente o Kinect continuou a servir como bundle obrigatório, medida mais tarde também removida.
A divisão Xbox poderia ter sentenciado o seu futuro como marca de consolas, até que em Julho de 2013, Don Mattrick parte rumo a um novo projecto, e quem assume as rédeas é provavelmente o grande salvador da divisão: Phil Spencer, até então chefe de desenvolvimento de jogos da Microsoft Studios. Logo nas primeiras aparições, a sensação de que Phil seria o homem certo para o comando, era quase palpável. Desde sempre muito claro com os apreciadores da marca, e admitindo alguns dos erros de início de geração cometidos.
Em 2015 e sob a liderança de Phil Spencer, a consola que iria começar a geração completamente quebrada e com poucas funcionalidades, quase de forma satírica; anuncia a retrocompatibilidade via emulação. A partir daquele momento e até aos dias de hoje, podes jogar mais de 600 títulos Xbox 360 e Xbox Original na tua consola Xbox One, de forma gratuita (desde que tenhas o DVD, ou a cópia digital), ou comprando digitalmente através da Xbox Store. Alguns dos títulos foram até optimizados para uma melhor taxa de quadros e grafismo melhorado.
Em 2017 foi anunciado o melhor serviço de subscrição da actualidade, o Xbox Game Pass. Este serviço da Microsoft oferece uma variedade de títulos para donos de Xbox One, Computador, ou até Mobile, e é claramente a maior aposta da Microsoft para o futuro dos videojogos. A juntar ao serviço, em 2019 foi disponibilizado em versão beta a Xbox Cloud Gaming, conhecida anteriormente apenas como Project xCloud. Trata-se do serviço de jogos em nuvem elaborado pela Microsoft. Em 2020, a feature passou a ser gratuita para os membros assinantes do Game Pass Ultimate, sem quaisquer custos adicionais.
Foi nesta geração que Forza Horizon deu o grande salto como líder e aclamado jogo arcade racing do mercado com Forza Horizon 2, 3 e 4. Também nasceram novas propriedades intelectuais muito queridas pelos fãs, como Ryse: Son of Rome, Ori and The Blind Forest, Sunset Overdrive, Quantum Break, Cuphead e Sea of Thieves.
E foi ao fechar a oitava geração que Phil Spencer adquiriu uma lista massiva de estúdios que irão fazer parte da família Xbox Game Studios. Obsidian, Bethesda, Ninja Theory e Tango Gameworks, são apenas alguns dos nomes das 23 divisões de peso da marca para a criação de propriedades intelectuais durante os próximos anos.
A Microsoft parou de revelar a venda dos seus produtos, mas segundo o Statista, website com bases de dados e especialização em mercados, a consola vendeu até agora aproximadamente 47 milhões de unidades, e os exclusivos mais vendidos do sistema foram:
- Halo 5: Guardians (≈ 10 milhões)
- Forza Horizon 3 (≈ 4 milhões)
- Gears of War: Ultimate Edition (≈ 3.60 milhões)
- Halo: The Master Chief Collection (≈ 3.40 milhões)
Xbox Series X/S – Duas consolas, um serviço!
20 anos depois e cá nos encontramos, na nova geração mas com um conceito diferente, aposta reformulada e ideias refrescantes que se esperam concretizar num futuro promissor. Pela primeira vez numa geração de consolas, a Microsoft teve a ousadia de apresentar dois sistemas com hardware diferente. Ora se um dos modelos (Xbox Series X) é a consola mais poderosa do mercado, a outra (Xbox Series S) é voltada para o melhor custo-benefício do mercado, e totalmente digital.
O Comando que sempre foi o favorito das massas, teve ainda espaço de manobra, e agora apresenta o seu d-pad em formato clássico com direccional circular, e conta com um botão de share já há muito requisitado pelos jogadores.
Tudo o que foi muito bem recebido e fez sucesso da geração Xbox One, continua na nona geração, e nós felizes com isso! A retrocompatibilidade está ainda melhor, com recursos FPS Boost que permitem duplicar a performance dos teus jogos. Também temos o Smart Delivery, que entrega upgrades gratuitos da melhor versão onde jogues, ideal para quem transita da Xbox One, e o Xbox Game Pass continua a arrasar com a qualidade progressiva que vem trazendo, mês após mês.
Mas é mesmo na Xbox Game Pass que se encontra o foco da divisão Xbox. É inegável como este serviço tem mexido com a indústria de videojogos, e é o melhor recurso que a divisão tem a oferecer. Actualmente, conta com mais de 23 milhões de assinantes, e a tendência será aumentar.
Já foi afirmado pela divisão Xbox que todos os jogos first party irão sair directamente no catálogo, logo no seu lançamento. Ora, se Halo – que é sempre o maior marco de vendas para a plataforma -, ou até Fable, ainda não foram lançados, imaginem como estarão os números aquando as suas disponibilizações no serviço. Ao que parece, o serviço já está indo de maneira brilhante. Se isto não é uma mensagem de confiança que este serviço será o principal ponto de venda da plataforma, então o que será?
Este serviço é actualmente o melhor deal para os jogadores e os números não enganam. Num mercado em que os videojogos “AAA” custam 70€, com a especulação constante e realização de acréscimo por parte de algumas empresas na indústria, é muito importante poder contar com um serviço que faz exactamente o oposto da norma. E que, a longo prazo, tornará a vida financeira dos jogadores muito mais equilibrada, com gaming sempre que quiseres, quer estejas na tua consola, computador, ou até em pausas de almoço do trabalho; através do teu smartphone com o xCloud.
E que comece a geração…