Se me perguntarem quais os jogos de JRPG eu aconselharia a um jogador com uma Nintendo Switch, a minha resposta seria automaticamente Xenoblade Chronicles: Definitive Edition e Xenoblade Chronicles 2. Não há como esconder o facto de que a Monolith Soft entrega as melhores experiências neste campo, juntamente com incríveis histórias que nos prendem durante horas de jogo. A mais recente entrada na consola Híbrida da Nintendo, Xenoblade Chronicles 3 voltou a afirmar tudo isto! Sem querer enrolar muito mais, quero contar-te a minha experiência com o jogo, e o porquê de este ser ter muita importância para a franquia de Xenoblade.

Mais uma grande história contada

Nesta aventura espera-te um novo mundo chamado de Aionos. Um mundo lindo, repleto de paisagens de tirar o fôlego, vida animal, vegetação e muita magia. Porém, entre tudo o que há de belo, temos um enorme contraste de destruição, pisado e poluído pela guerra entre duas grandes nações, Keves e Agnus. Ambas lutam eternamente para colher mais tempo de vida, na expectativa de cumprirem a sua missão de vida. Em poucas palavras, posso dizer que nesta história estamos perante uma civilização global que possui apenas 10 anos de vida, onde as pessoas com essa curta longevidade são educadas e instruídas nas artes do combate. Vens para este mundo só para combater. Se morreres em combate, a tua vida não foi aproveitada o suficiente, se conseguires sobreviver os teus 10 anos por completo, a tua rainha dará a sua benção e partirás deste mundo sendo reconhecido como um bom “menino”.

Contudo, um dia, três guerreiros de cada uma das nações opostas, Noah, Lanz, Eunie, e Mio, Sena e Taion, são únidas pelo destino através de um homem misterioso, que lhes concede um poder misterioso de permitir que se tornem num ser chamado de Ouroboros. Mas isto não é tudo, a grande revelação aqui é que este misterioso homem conseguiu sobreviver mais do que 10 anos, explicando que a humanidade tem a opção de terminar com esta “prisão”, libertando-se este ciclo interminável de guerra. Infelizmente o “Avozinho” não resiste a um ferimento, resultante de um combate entre uma outra entidade chamada de Moebius e acaba por morrer no local. A equipa, sem grandes respostas, apenas fica com a informação de que tudo seria respondido assim que chegassem a um local chamado de “City”. Com isto dá-se o ínicio da história de Xenoblade Chronicles 3.

Sinto uma enorme vontade de desbobinar uma mão cheia de spoilers, que te poderiam fazer com que entendesses muitas das coisas aqui faladas, mas pelo bem da experiência de jogo (caso tenhas interesse em jogar após leres esta análise), eu vou tentar resumir ao máximo sem tocar em pontos sensíveis que possam estragar-te a surpresa do jogo.

Para já posso começar por dizer que a história está muito boa, com os típicos plot twists que já podemos contar nos outros jogos Xenoblade. Em termos de desenvolvimento de personagens, temos aqui muito miolo bom, o que nos faz querer jogar mais, e continuar a ver a relação entre as mesmas crescer. O jogo coloca-nos num ponto inicial excelente na história, onde temos as duas equipas das duas nações em confronto quase direto, e ao longo da aventura vamos assistindo a um inverter de sentimentos brutal, onde todos se tornam nuns BFFs (Best Friends Forever).

O mistério é um ingrediente especial que a Monolith gosta de colocar nos seus JRPGs, e em Xenoblade Chronicles 3 temos aqui um setup bem construído, que nos surpreende em pontos chave na história, praticamente nunca te deixando aborrecido nas longas 70+ horas de jogo. No entanto senti que em alguns momentos já sabia o que esperar, não deixando entrar aquele momento “wow” por causa de algumas dicas que o jogo foi atirando em algumas cutscenes.

Por último gostaria de dizer que efetivamente a Nintendo não mentiu quando referiu que Xenoblade Chronicles 3 une o futuro dos dois jogos anteriores da franquia. Infelizmente não poderei dizer muito sobre as referências que surgem neste jogo. Elas estão lá! Mas há referências muito subtis e outras que estão mesmo à tua frente. Se já jogaste Xenoblade Chronicles: Definitive Edition e Xenoblade Chronicles 2, é IMPOSSÍVEL não ver o óbvio! Mas caso ainda não tenhas jogado nenhum dos dois jogos anteriores, não tem qualquer problema jogares este jogo, porque vai tudo passar-te ao lado. Contudo, para uma experiência mais nostálgica e emocionante, por favor joga os dois anteriores.

Mecânicas a dar com um pau

Se há coisa tão boa quanto as histórias desta franquia, são as mecânicas de combate em Xenoblade. A complexidade e a introdução de novas mecânicas ao longo da história, são uma autêntica delícia, que nunca me deixa aborrecido e que me permite continuar a evoluir ao nível das ferramentas estratégicas que vou tendo ao meu dispor.

Uma das grandes adições aqui é a troca de classes. Cada personagem pode trocar de classe sempre que quiser, e evoluir a partir daí, desbloqueando Arts e Skills correspondentes a essa classe que poderão depois ser utilizados posteriormente em conjunto com outras classes. Confuso? Talvez um pouco, mas deixa-me tentar explicar melhor. Podes por exemplo passar Noah, que é class Swordfighter de origem, para a class de Heavy Guard, tornando-o agora numa classe defensora, e à medida que fores batalhando com Noah nesta classe, vais desbloqueando Skills e Arts que poderás utilizar depois de voltares a trocar Noah para a classe de Swordfighter.

Existem imensas opções disponíveis e combinações que podes fazer, pelo que é impossível fixares-te a só uma durante a história inteira. A vontade será sempre ir trocando e experimentando. O que agora também me faz levar ao próximo tema: os Heróis.

Xenoblade Chronicles 3 conta com uma grande variedade de heróis que poderás recrutar para a tua equipa. Estes serão recrutados através de missões especiais espalhadas pelos vários locais de Aionos. Estes são tão interessantes quanto as nossas personagens principais. Ainda que não possam ser totalmente personalizáveis, são uma grande ajuda nas batalhas, tornando-se no 7º elemento da equipa que fará toda a diferença em batalhas mais puxadas. Quero dar um destaque para as personagens principais que também podem fazer uso da classe destes heróis, o que é só a melhor coisa de sempre!

No que toca às batalhas em si, estas estão muito bem trabalhadas, sentindo-se uma grande evolução quando comparando-as aos outros dois jogos. Basicamente, o que fizeram foi juntar o melhor de cada um e criar algo que é fácil de entender e divertido de utilizar. Neste jogo não só continuarás a fazer uso das Arts para realizares os vários ataques com a tua personagem, como agora podes também fundir dois tipos de Arts, uma de Keves e uma de Agnus, para criares um ataque ainda mais poderoso. Numa segunda camada, e como já referi antes, as personagens podem transformar-se em Ouroboros unindo-se as duas, o que te concede um novo e diferente tipo de Arts e Skills próprio desta combinação. Dentro de um tempo limite podes abusar à vontade de ataques pesados sem dó nem piedade. Alguns destes ataques ainda podem ter efeitos secundários adicionais, uma vez que o nível de Interlink chega a 3, causando ainda mais destruição pelo caminho.

Aumentado ainda mais a parada, temos um ataque especial em que toda a equipa participa de uma vez só, onde tens a possibilidade de realizar ataques sequenciais através de um sistema único que, se jogares bem estrategicamente, causará um dano massivo no oponente!

Como sempre Xenoblade Chronicles 3 também conta com várias side-quests. No início confesso que parecia que o jogo praticamente não possuía quests para além das principais. Contudo isto muda ao longo do tempo, disponibilizando-me um número bem animador delas. A diferença é que agora podemos obter novas side-quests ao ouvirmos alguns tópicos relatados pelos cidadãos das Colónias a falar, e de seguida discutir esses tópicos num acampamento ou numa cantina, revelando-nos uma nova missão alternativa.

Com isto, podes ficar descansado que tens muitas horas adicionais de jogo pela frente, caso sejas um daqueles jogadores que gosta de ficar a colecionar tudo.

Gráficos / Performance

Ao nível da sua apresentação visual, o jogo está um pouco melhor quando comparado com as outras entradas da franquia. Contudo, ainda peca em alguns momentos, com cenários que mereciam ter os modelos 3D bem mais trabalhados. 

No que toca à performance, o jogo corre a maior parte do tempo à volta dos 30 frames por segundo, havendo apenas alguns momentos em que há quebras significativas que me atrapalharam nos momentos da história. Isto ocorre com mais frequência quando temos muita gente no mesmo ecrã ou estamos num cenário com muitos efeitos visuais ao mesmo tempo. Tudo isto muda quando jogamos em modo portátil, que para mim fica muito mau, tanto na sua apresentação cheia de artefactos com uma resolução absurdamente reduzida, como também na sua performance que alberga mais momentos de quebras do que o que esperava. Para uma melhor experiência visual, joga em modo Dock. Caso queiras só treinar as tuas personagens ou fazeres algumas missões simples, o modo portátil é justificável.

Já em termos de glitches, é normal vermos alguns pelo caminho, mas que na maioria das vezes não causam grande impacto na experiência de jogo. Contudo, em uma situação particular, um glitch causou um erro no jogo que me fez perder cerca de 30 minutos de progreso, dado que não cheguei a gravar manualmente. Ainda que o jogo tenha um sistema de autosave, foi um enorme azar não ter feito autosave mais próximo do momento do erro. Fica a dica: Salvem constantemente o vosso jogo!

Música de excelência, como sempre

Xenoblade Chronicles 3 traz novamente uma grande seleção de músicas lindas que conseguem acompanhar os acontecimentos da história na perfeição. Nesta podemos também assistir a peças que dão uso da flauta, e que são tocadas pelos vários Off-seers. Melodias estas que tocam no coração de qualquer um.

Ainda que ache a banda sonora de Xenoblade Chronicles 2 a melhor da franquia, não posso deixar de esquecer algumas fabulosas peças musicais que habitam neste jogo. Dou grande destaque às músicas das batalhas contra os Boss e contra os Moebius que vão ecoar dentro da minha cabeça por muito tempo.

No que toca às vozes do jogo, este encontra-se dobrado tanto em Inglês como em Japonês (com legendas). Na minha opinião, e tendo mantido esta “tradição”, preferi sempre jogar Xenoblade com as vozes originais em Japonês. As vozes, em contraste com as inglesas, estão bem mais emotivas e vinculadas às personagens. Senti um empenho superior prestado pela equipa de voz que não deixa margem de dúvidas que estamos a falar de pessoas com referências na indústria do Anime, e já com bastante experiência.

Preferências pessoais à parte, a sugestão será jogares um pouco com as duas opções e tomares a decisão por ti mesmo, pois a tua aventura será longa e vais querer ter a (tua) melhor experiência com o jogo.

Conteúdo adicional a caminho!

Mesmo antes de Xenoblade Chronicles 3 ser lançado a Nintendo já tinha anunciado que estará disponível um pack de expansão para jogo que vai prometer novos heróis, novas missões, novas roupas e itens, que vão ser disponibilizados em 4 partes. Na última parte, no final de 2013, será lançada uma nova história para o jogo, que certamente vai dar respostas para alguns mistérios que ainda ficaram no ar. Com o tempo saberemos mais detalhes, que nos darão uma ideia se os eventos serão antes ou após da história principal, OU, se será algo completamente novo que nos surpreenderá de uma maneira que só a Monolith Soft sabe como.

Xenoblade Chronicles 3 já se encontra disponível em exclusivo, tanto em formato físico como digital, para a família de consolas Nintendo Switch.

CONCLUSÃO
Exemplar!
9
Bruno Dores
Um fanático por Nintendo, de nome "Nintendista", que procura mostrar ao mundo o lado mágico da empresa que o acompanhou durante toda a vida.
xenoblade-chronicles-3-analiseA Monolith Soft e a Nintendo trazem novamente um dos melhores jogos de JRPG deste ano para a sua consola hibrida. Tanto a história como a experiência de combate estão excelentes, sendo tudo embrulhado numa banda sonora de excelência que nos acompanha do início ao fim da aventura. Dito de forma ousada, é um jogo obrigatório para qualquer fã de JRPG!