Começo esta análise admitindo já que nunca joguei nenhum jogo da extensa saga Ys. Apesar de ser uma das mais famosas franquias inseridas no género JRPG, parece que sempre me ficou um bocado fora do radar, porém foi com o Ys VIII, que muitos consideram como sendo o pináculo da franquia Ys, que comecei a minha jornada nesta série de videojogos.
Devo então dizer que fiquei totalmente apaixonado por este jogo. Sendo assim, e como não há nenhuma análise à versão last-gen de Ys VIII aqui na Squared Potato, vou não só analisar a atualização, mas também o conteúdo do jogo em si, que obviamente me surpreendeu bastante pela positiva.

De forma a ludibriar os mais curiosos sobre a história desta franquia, fui fazer a minha pesquisa, e devo dizer que fiquei surpreendidíssimo. Nunca de tal forma imaginaria que já existem, no total, 16 jogos principais na franquia, excluindo os relançamentos mobile, sendo que o primeiro saiu no “velhinho” NEC PC-8801, em 1987. O mais recente jogo da série Ys foi o IX, também apelidado de Monstrum Nox, cuja análise está disponível na Squared Potato e recentemente foi anunciado, com um lançamento para 2023, o X, chamado Nordics.
Em Lacrimosa of DANA, seguimos a história de Adol, que está presente num navio de passageiros chamado Lombardia, seguindo de Xandria para o continente de Eresia. Porém, num dado momento, o navio é atacado no arquipélago do Mar de Gaete por uma criatura gigante, semelhante a um polvo, e é afundado. Mais tarde, Adol acorda, e percebe que naufragou na costa de uma ilha amaldiçoada, conhecida como Ilha de Seiren.
Enquanto procura por sobreviventes, acaba por se juntar à nobre Laxia von Roswell e ao pescador Sahad Nautilus, de forma a encontrar uma maneira de sair da ilha. Ao mesmo tempo, Adol pretende descobrir o que está por trás dos seus sonhos sobre Dana Iclucia, uma rapariga misteriosa de uma era pré-histórica, que aparentemente tem uma conexão com a Ilha de Seiren, e com o destino de Adol. Se esta não vos parece uma premissa bastante interessante, não sei o que mais pode ser!

Não só a história surpreende, mas também mostrou que existem aqueles jogos que, apenas com os momentos iniciais, nos prendem imediatamente. Logo no menu inicial, somos imediatamente recebidos por uma das muitas músicas que fazem parte desta banda sonora, que não só é absolutamente divinal, mas que também nos introduz da forma perfeita à jornada de Adol. Ao longo do jogo, vamos encontrando também cutscenes completamente animadas num estilo anime, que ajudam a desenvolver a ação, ao contrário dos extensos períodos de diálogo já comuns neste género de videojogos que, na minha opinião, estragam um pouco o fluxo do jogo.
Algo que também “arruina” a imersão do jogo é a típica questão, também muito presente nos JRPG’s, de termos um protagonista mudo. Já que há tanto diálogo presente em Lacrimosa of DANA, seria benéfico para o desenvolvimento do protagonista ter um voice actor próprio, e também mais opções de escolha de diálogo, visto que as existentes não costumam influenciar de maneira notável a história principal do jogo.

Relativamente a gráficos, há obviamente um salto enorme da versão PlayStation 4, para a da PlayStation 5, onde este jogo foi analisado. Infelizmente, de qualquer forma, devido à idade do jogo, ainda conseguimos notar uns gráficos um tanto “poligonais”, e um mundo com texturas não muito desenvolvidas. Porém, em termos de performance, a PlayStation 5 mostra o que faz melhor, oferecendo os merecidos 60 fotogramas por segundo estáveis, que melhoram imenso a jogabilidade de Lacrimosa of DANA.
Logo, a partir daqui, chegamos a um dos principais pontos de venda deste jogo, que é sem dúvida o combate. É impossível falar dele obviamente sem referir a existência de Xenoblade, porém em Ys VIII, encontramos um combate ainda mais parado, porém estratégico. Nesta versão next-gen, ele está certamente no seu auge, já que os 60fps desbloqueiam uma grande fluidez nas animações de ataque de Adol e do resto da sua party. Também os bosses e inimigos apresentam um novo grau de inovação, havendo agora batalhas mais emocionantes no jogo, apenas com este pequeno upgrade em fotogramas.

Este combate apresenta várias estratégias disponíveis para o jogador, que já vêm de Ys Seven, como por exemplo o sistema dos três tipos de dano: Slash, Strike, e Pierce. Eles são usados contra inimigos vulneráveis a cada um deles: por exemplo, utiliza-se dano Slash contra um inimigo que apresenta uma maior vulnerabilidade contra esse elemento. Ao longo do tempo vão sendo desbloqueadas Skills, que gastam a barra de SP, e uma EXTRA Skill, que gasta uma barra específica que vai sendo enchida ao longo do combate, logo este EXTRA funciona como uma habilidade especial de personagem.
Ys VIII desenvolve-se da mesma forma que um JRPG normal: apanhando baús que oferecem pequenos upgrades para a party composta pelas personagens selecionadas, e encontrando NPC’s que nos informam sobre a continuação da nossa jornada, e que eles próprios nos dão side-quests. Algo que achei interessante, mas que infelizmente se tornou aborrecido foi o grind constante de encontrar sobreviventes e fazer as suas missões, já que estas continham excelente loot, porém não adicionavam muito à história principal. O sistema deste jogo relembra-me muito do de Trials of Mana, que apresenta mais ou menos o mesmo tipo de desenvolvimento da história, logo quem jogou este, vai achar Ys VIII um tanto familiar.

Este jogo apresenta 5 níveis de dificuldade principais, porém nenhum é muito difícil excetuando os dois últimos, Nightmare e INFERNO, na minha opinião. Eu joguei no modo normal, principalmente devido à minha inexperiência com a franquia, porém reparei que não houve nenhum momento notório em que sentisse a necessidade de mudar de dificuldade, ou de “grindar” novo loot melhorado.
Com isto tudo, gostaria de acabar esta análise afirmando que, sem sombra de dúvida, este jogo foi absolutamente necessário para voltar a pôr a franquia Ys no mapa dos JRPG’s. Num mundo dominado por Final Fantasy, Xenoblade Chronicles e Persona, é sempre bom encontrar estas gemas, que apresentam uma experiência memorável para fãs do género. Agora, fico à espera do Ys X: Nordics, já que fiquei fã desta incrível série de jogos.
Ys VIII: Lacrimosa of DANA já está disponível para Playstation 5, Playstation 4, Nintendo Switch e PC.
Agradecemos à NIS America por nos ter cedido uma chave para análise.