Para mim, a vertente cooperativa dos jogos da From Software sempre foi considerada uma adição à experiência completamente opcional, sendo que, em todos os jogos deles, o jogo sempre foi feito a pensar no jogador a ir do início ao fim completamente sozinho.
Ora que, como uma surpresa inesperada, hoje trago-vos um jogo que vai completamente no caminho oposto do que a equipa tem feito nos últimos tempos. Em vez de um mundo interligado com uma experiência num estilo metroidvania e vários bosses icónicos e únicos, temos então um roguelike focado em jogar num grupo, onde te encontras num simples e mais direto mapa cheio de, maioritariamente, bosses e inimigos presentes nos variados jogos da equipa. Eis que vos apresento Elden Ring Nightreign.
Uma nova narrativa, um déjà vu visual
Elden Ring Nightreign, narrativamente, passa-se por inteiro num universo paralelo a Elden Ring. Neste universo, temos o Nightlord, um ser que é responsável pelas noites aterrorizantes que ameaçam a destruição inteira do mundo. Cabe então a nós, no papel de um Nightfarer, sobreviver e vencer várias destas noites, e chegar ao Nightlord, de modo a salvar o mundo.
A narrativa simples serve como uma base bastante convincente para a jogabilidade focada no roguelike do jogo, sendo que temos aqui alguma lore presente, mas nada minimamente perto do que tivemos em Elden Ring.
Em termos visuais, temos exatamente os mesmos gráficos que Elden Ring, apresentando um grafismo simples, mas que faz o seu trabalho, sendo capaz de renderizar toda a direção artística do jogo. Infelizmente, todos os problemas técnicos de Elden Ring se mantêm, havendo várias quedas de fotogramas e inconsistências de desempenho na Playstation 5, mesmo selecionando o modo de desempenho do jogo.

Uma noite como as outras
A base do jogo é bastante direta, temos a zona de Limveld, um mapa que podemos explorar à nossa vontade, e, passado um tempo, a noite irá começar a consumir o mapa, encolhendo a área que podemos explorar um pouco. Se te encontrares fora da zona permitida, irás sofrer dano contínuo até morreres, sendo que terás de ter bastante cuidado e atenção à area. O teu objetivo, como nightfarer, é tentar ficar o mais forte possível para poderes, no final, derrotar o boss principal.
Antes de começares a jogar, irás escolher o boss principal que queres tentar derrotar e o teu nightfarer. Desta vez, em vez de criares a tua própria personagem, controlas um nightfarer específico à tua escolha. Cada nightfarer tem uma especialidade específica, como o Wylder, capaz de utilizar uma série de armas variadas e tem um grappling hook, ou o Execucioner, que consegue defletir ataques com a espada ao bloquear no tempo certo.
Estas habilidades especiais funcionam num cooldown, sendo que o Wylder, com a sua habilidade norma, consegue utilizar o seu gancho para puxar ou ser puxado para um inimigo, podendo seguir com um ataque, e com o seu ultimate, consegue atacar o inimigo com uma explosão gigante originada da engenhoca no seu braço. O Executioner, ao utilizar a habilidade normal, consegue ativar o sue modo de defletir ataques, perdendo bastante movimento, e com o seu ultimate, consegue transformar-se numa besta por um curto espaço de tempo, podendo atacar violentamente vários inimigos e bosses sem grandes preocupações.

Desta vez, o mapa pode ser aberto sem perderes a noção da jogabilidade, sendo algo bastante útil, pois o mapa irá ser uma fonte vital para o teu planeamento. No mapa, irás encontrar uma série de ícones, todos representando várias atividades que poderás fazer para adquirires várias melhorias para a tua personagem. Podes encontrar igrejas, que irão aumentar o número de crimson flasks que tens por um, dando-te mais hipóteses para te curares. Irás também ver vários fortes e acampamentos, muitas vezes com um símbolo de um elemento. Estes fortes e acampamentos são onde podes arranjar armas relativas ao elemento que está definido juntamente com o ícone, bem como também alguns buffs gerais, caso as armas não te agradem. Para adquirires estes buffs, terás de derrotar um boss que se encontra nestas zonas. Tenho que admitir que, no geral, estes buffs são bastante genéricos, sendo apenas percentagens, como aumentar o dano que fazes com armas à distância, ou aumentar a tua vida.
Para poder facilitar o movimento pelo mapa, temos agora um sprint especial, chamado surge sprint, que podemos utilizar a qualquer momento e nos deixa correr bastante mais rápido que o sprint normal dos souls. Algo que também irá deixar muita gente feliz, com toda a certeza, é o fato de não sofreres dano ao caíres distâncias grandes, dando aos jogadores a possibilidade de realizar saltos enormes sem qualquer preocupação.
O grande objetivo provém de tentar arranjar uma arma do elemento a que o boss principal é fraco, juntamente com tentar ir ao máximo de igrejas possíveis e tentar evoluir para o mais alto nível. E, falando de evoluir, temos aqui algo muito mais simplificado. Ao derrotares inimigos e bosses, irás ganhar runes, que poderás utilizar numa das várias sites of grace espalhadas pelo mapa para evoluíres a tua personagem. Desta vez, apenas evoluis os níveis do teu nightfarer, não sendo necessário escolher os atributos que queres evoluir, fazendo com que o processo de evoluir a personagem seja praticamente instantâneo.

Na segunda vez que a noite avança e o mapa encolhe, terás de te dirigir para uma área pequena, representada por uma árvore dourada, onde irás lutar com um grupo de inimigos, e depois um boss, estes bosses alternam entre um número pequeno deles, dependo também do boss principal que escolheste. Ao derrotares o boss, a noite é levantada, e terás o mapa novamente aberto para poderes explorar. O ciclo repete-se mais uma vez, e, após derrotares o segundo boss, irás para uma área nova, onde te poderás preparar para lutares com o boss principal. Após derrotares o boss principal, irás receber uma série de relics, juntamente com uma relic específica do boss que derrotaste.
Os bosses principais são todos originais a este jogo, e geralmente são focados em mecânicas que envolvem este foco cooperativo, como o Gladius, um cão com três cabeças que, em certos momentos, se divide em 3 cães, encorajando a equipa a tentar focar-se separadamente em cada um deles. Em grupo, estes bosses são, maioritariamente, interessantes de se lutar, apresentando uma qualidade competente.
As relics são um equipamento permanente especial que podes equipar em qualquer personagem na roundtable hold, que se trata do hub principal do jogo. Estas relics podem conter buffs genéricos, como melhorar um atributo específico ou fazer com que a tua arma tenha um tipo de dano específico no início do jogo, bem como algumas melhorias mais interessantes, específicas das várias personagens, como a slate whetstone, que faz com que o Wylder, ao utilizar o seu gancho, consiga combinar um ataque especial que irá deixar a sua arma com fogo.

Quando estás num grupo de amigos, a morte nunca é o final. Ao morreres, irás ficar caído no chão, onde irás ter uma a três barras cheias por cima da tua personagem. Para te poderem reviver, os teus aliados têm de te atacar até as barras todas esvaziarem. Se a equipa toda morrer durante a exploração do mapa, irão todos voltar à vida, com uma penalidade de um nível perdido. Se o grupo todo morrer durante um dos bosses das árvores douradas, ou no boss principal, a missão irá ser considerada falhada, e irás voltar para o hub.
Independentemente se consegues ou não derrotar o boss principal, irás sempre receber relics e murk, que se trata de uma moeda que pode ser utilizada para comprar gestures, relics e também roupas adicionais para os nightfarers.
Se não quiseres jogar em grupo, tens também a possibilidade de jogar sozinho, sendo que irás ter, por defeito, a capacidade de reviver uma vez nos bosses, juntamente com um multiplicador maior no que toca a adquirir runes. Apesar destas adições para tentar facilitar a experiência, jogar sozinho é no geral uma atividade bastante aborrecida e de dificuldade muito mais aumentada. O maior problema provém do fato do jogo ser extremamente repetitivo, e, ao jogares sozinho, perdes o fator de diversão natural derivado de jogar com amigos.

E eis que temos o maior problema do jogo, a falta de variedade. Após perceberes como a fórmula funciona, o jogo irá se tornar progressivamente mais monótono, não havendo grande variação nas tuas jornadas por Limveld, o que faz com que a diversão seja, na sua grande maioria, derivada da aleatoriedade e das experiências que tens com os teus amigos.
Uma extensão musical
Para surpresa de ninguém, toda a música adicional no jogo funciona como uma adição ao OST de Elden Ring. Temos aqui as orquestras épicas e gigantes a deslumbrar-nos com o quão aterrorizante e poderosos os bosses são, sendo algo que acrescenta bastante à experiência épica de lutar com estes seres incrivelmente fortes.