Aprofundar na história da série Endless Ocean faz-nos recuar aos tempos em que ainda existiam dois ou três nomes para o mesmo videojogo em diferentes regiões. Forever Blue no Japão, Endless Ocean no Ocidente – nomes que ainda se mantêm. Esta propriedade intelectual exclusiva da Nintendo marcou a longa vida da Nintendo Wii. Mais de uma década depois, a Nintendo volta a trazer à tona o nome da série, desta vez com Luminous.
A proposta da série surge da abordagem relaxante com que os jogadores assumem o papel de um mergulhador, quase em formato de simulação, explorando ambientes subaquáticos, onde a vida marinha se destaca em todos os cantos. A narrativa nunca foi o ponto forte da série; geralmente é apresentado ao jogador um motivo para iniciar um tipo de tutorial, dividido em capítulos, como se delineasse e organizasse a fase em que o jogador se encontra no jogo. E Endless Ocean Luminous não trouxe absolutamente nenhuma mudança em relação aos jogos anteriores – as características que contribuíram para a popularidade da série; em vez disso, houve ampliação de alguns modos de jogo, fortalecendo a componente multijogador e expandindo consideravelmente o catálogo de criaturas e objetos para serem colecionados.

Uma sequela muito confortável
Endless Ocean Luminous tal como já foi descrito, faz a transição perfeita para aqueles que adoraram as propostas anteriores, para os amantes da vida aquática, para os jogadores que se sentem atraídos pela catalogação de objectos. A diversão, passa por explorar livremente áreas geradas aleatoriamente, fazendo com que nenhum mergulho seja igual a outro, ainda que cada “área”, seja identificada com um código, e caso o jogador pretenda repetir ou até mesmo partilhar com outros jogadores, poderá fazê-lo introduzindo tal identificação. Todas as sessões são feitas de forma desconstruída: não há obstáculos, não há finais de jogo – nunca haverá frustração por falta de aptidão. O desafio, esse, passa por ir identificando as centenas de criaturas e objectos que se encontram nas várias áreas do jogo.
Mecanicamente, Endless Ocean Luminous parece um jogo de há duas gerações. Os movimentos e as interações com outras personagens são muito básicos, até demais. Além da possibilidade de marcar objetos ou vida marinha no mapa com ícones simbólicos e de algumas animações selecionáveis, não existem outras formas de comunicação com outros jogadores, que podem se juntar em até 30 simultaneamente no Shared Dive.

Mergulhar sozinho ou acompanhado?
À primeira vista, a ideia de explorar áreas subaquáticas cheias de vida junto com outros 30 jogadores parece altamente atrativa. No entanto, na prática, devido às limitações e à proposta do jogo, acaba por ser apenas um passeio em grupo divertido, que estará sempre sujeito à popularidade e à vida comercial de Endless Ocean Luminous.
Assim, o Shared Dive é, sem dúvida, o modo mais divertido do jogo. O modo individual – os mergulhos livres – consistem essencialmente em sessões voltadas para o relaxamento, com objetivos definidos pelo próprio jogador. O modo história, embora funcione em parte como um tutorial, é progressivamente bloqueado por objetivos impostos pelo jogo, levando o jogador a retornar às sessões de jogo individuais.

Venham relaxar, no fundo do mar
Endless Ocean Luminous é, sem dúvida, um jogo que convida os jogadores a passarem bons momentos observando e interagindo com a vida aquática, com uma enorme variedade de espécies – cerca de quinhentas – e vários objetos colecionáveis estrategicamente posicionados nas inúmeras áreas aleatórias do oceano. No entanto, em determinado ponto, surge a sensação de repetição, de falta de desafio e de um propósito real além de completar algumas sessões de jogo e desbloquear todos os campos ausentes dos extensos catálogos do jogo. Há a ausência de mais modos de jogo e de propostas além das já existentes. Repetir o que os títulos anteriores fizeram, não abona a seu favor, mesmo que seja bem feito, dentro do que acabou por tornar a proposta original o sucesso que foi. Porém, três títulos com a mesma proposta, com o mesmo modelo, com a mesma premissa, só mesmo para os derradeiros fãs.
Visualmente, Endless Ocean Luminous tem alguns momentos impressionantes, nomeadamente quando grandes criaturas se cruzam nosso caminho, porém isso nem sempre acontece – como seria de esperar. Os cenários também nem sempre são ricos em detalhes, lembrando, mais uma vez, um título de há duas gerações. Tudo junto: mecânicas pobres, visuais que poderiam ser melhores, ausência de desafio e tensão, fazem com que seja uma experiência a se fechar os olhos por vários motivos, e a salvaguardar sempre pela forma descontraída com que se vai encarando cada sessão, cada cenário, cada momento passado com o jogo.
Um agradecimento especial à Nintendo Portugal por nos ter fornecido um código do jogo para análise.
+ Pontos Positivos
- Proposta de simulação de mergulho única
- Uma proposta relaxante para sessões de jogo idealmente solitárias
- Centenas de criaturas, com informação complementar
– Pontos Negativos
- Mecanicamente ultrapassado, movimentos vistos noutras gerações
- Uma enorme sensação de repetição ao fim de pouco tempo
- Visualmente poderia estar bem mais aprimorado