Todos já ultrapassaram o seguinte cenário: no supermercado predilecto é escolhida a marca branca de um produto, chega-se a casa, desgusta-se e mais frequentemente do que esperado vem um sentimento de desilusão; “Sabe a X, mas …”. Mal comparado Taxi Chaos padece do mesmo sentimento. É uma clara e flagrante homenagem ao Crazy Taxi, um dos maiores sucessos dos anos dois mil com a Dreamcast, mas ainda assim falta qualquer coisa. No entanto, para sua boa fortuna, o mercado não dispõe de um título minimamente parecido ao clássico da Sega e isso, para Taxi Chaos, é uma bênção escondida.
A premissa é simples: Escolhes um de dois motoristas e um veículo com o objetivo de apanhares o maior número de passageiros possível. Tudo isto acontece em contra-relógio, onde um desempenho rápido e eficiente permite poupar segundos preciosos. Para isso é necessário conhecer a cidade de uma ponta à outra, os seus atalhos e passageiros mais lucrativos. É uma mecânica fácil de compreender e, quando bem executada, viciante. Ainda assim, após algumas horas de jogo é aparente que Taxi Chaos necessita um pouco mais de trabalho para ser a sequela espiritual que todos desejam jogar.

Para isso ainda é necessário cascar muita pedra. A cidade onde decorre a acção tem um tamanho respeitável, com muita cor e cenários variados, mas o seu modelo não é característico o suficiente para uma fácil memorização; grande parte desse problema deve-se porque simplesmente o desígnio não é interessante. Para ajudar a isso ainda existem algumas paredes invisíveis e a impossibilidade de conduzir debaixo de água. Esta crítica ganha mais força ainda quando jogado o Pro Mode, o modo de jogo mais difícil que força a condução sem GPS.
O controlar do táxi em si é um assunto divertido. São vários os saltos que o veículo pode dar, assim como uma mecânica de boost, embora o primeiro veículo disponível seja um pouco lento e desequilibrado. Aliás todos os táxis desbloqueáveis funcionam mais num modelo “escada” ou seja: a escolha anterior será sempre pior do que a posterior e isso confirma-se pela tabela mundial, onde a todas as pontuações mais altas são atingidas com um modelo em específico.

Posto o departamento gráfico sob holofote nada aqui impressiona particularmente. Tudo tem, no entanto, um peculiar e desconcertante brilho em conjunto com a apresentação mais cartoon. Porém esta última constatação cai mais sobre gosto pessoal do que algo passível de ser criticado; ficará à gosto do freguês que der uma tentativa ao título.
Outro aspeto da apresentação é a banda-sonora. É compreensível a tentativa aqui realizada; afinal de contas a nostalgia relembra com mais facilidade as faixas da banda The Offspring em Crazy Taxi. Era um elemento sonoro que complementava a ação maluca em demonstração. Em Taxi Chaos o rock é, infelizmente, um pouco genérico, mas quero deixar assente que é de louvar a atitude de querer fazer muito com pouco. Ainda assim o que arruína por completo a experiência são as vozes. Não interpretes mal: as vozes em si não estão más, são decentes! Mas são tão repetitivas ao longo da jogabilidade que muitas vezes quis desistir de jogar.

Ainda assim existe algum conteúdo como conquistas para alcançar, novos carros para desbloquear, o Modo Pro e apanhar todos os passageiros especiais. Estes últimos são pessoas específicas com narrativas lúdicas com uma ou outra história engraçada. Fora isso e conseguir uma pontuação mais alta pouco mais existe em Taxi Chaos para fazer, danificando a experiência num tudo.
Taxi Chaos já se encontra disponível para as plataformas Nintendo Switch, PlayStation 4/5 e Xbox One/Series.

































