Bem, normalmente falamos em anos de antecipação, mas Captain Blood veio superar até Duke Nukem Forever no que toca a desenvolver e refinar um videojogo. Após um turbulento período que remonta a 2000, finalmente chegou à PS5. Ora, tendo jogado Duke Nukem Forever, e sendo inclusive dona de uma edição especial com busto e tudo, ao embarcar nesta aventura, não pude deixar de sentir um misto de tanto entusiasmo e apreensão, mas mais da última.

A narrativa segue Peter Blood, um pirata que à velha moda dos piratas, navega nas chamadas águas traiçoeiras, e luta contra inimigos “para além do que podemos imaginar”. Como enorme fã de One Piece, não precisavam de muito para me convencer, e tal como One Piece, podemos encontrar várias mitologias piratas neste conto, evocando uma sensação de fantasia, e ao mesmo tempo, por todos os clichés já conhecidos em diversas histórias, nostalgia. A premissa é simples, e a execução assim se mantém, não fazendo qualquer esforço em desenvolver ou elaborar. Claro que os videojogos não devem seguir todos os mesmos sintomas narrativos, mas Captain Blood pedia alguma profundidade, e sofre, pela repetitividade, de não a ter.

Ora, se acima mencionei um período turbulento com origem nos anos 2000, ao mergulhar na jogabilidade, fica evidente que Captain Blood é um produto do seu tempo (antigo). Com mecânicas hack-and-slash que nos fazem lembrar um protótipo de famosos títulos como God of War ou Devil May Cry, encontramos também ângulos de câmara fixos e eventos em tempo rápido (QTE). Embora perceba que esta abordagem retro possa agradar a alguns jogadores, acaba por se sentir deslocada entre os seus elementos, dando assim um ar remendado às várias situações que encontramos.

O combate não possui a fluidez esperada nos jogos de ação modernos, com o manejo das espadas pouco flexível, e um arsenal limitado que claro, não nos oferece muita variedade. Mesmo possuindo um trunfo como as animações de finalização, que deveriam proporcionar uma sensação de satisfação, pecam no devido efeito e apresentam uma execução sem brilho.

Dado a temática narrativa, os níveis acabam por também ser bastante repetitivos, usando o famoso formato corredor para nos levar pelos vários desafios, alguns deles com batalhas dramáticas na sua conclusão.

Não quero parecer um disco riscado mas já todos sabemos onde vamos parar na secção dos visuais.

Captain Blood muito rapidamente nos mostra a sua idade. Com modelos de personagens e ambientes antiquados, os visuais não tiram partido das capacidades da geração atual de consolas. Aliado a isto encontrei alguns problemas de áudio, mais concretamente ao nível da mistura de som, como ter sons de fundo a abafar o diálogo, o que acaba por quebrar completamente a imersão. Felizmente o jogo corre sem problemas, mantendo os 60 fotogramas de forma saudável e apresentando-nos tempos de carregamento rapidíssimos. Embora repetitiva, a banda sonora com a temática de piratas dá um toque corajoso à nossa aventura em alto mar.

Um agradecimento especial à editora pela cedência de uma cópia digital para análise na PS5.

CONCLUSÃO
Prisioneiro!
6
Sara Kohl
Na internet, ninguém sabe que és uma batata.
captain-blood-anlise-ps5Captain Blood acaba por servir como uma cápsula do tempo, dando um vislumbre do panorama dos jogos do início dos anos 2000 aos mais novos, para que possam entender as centenas de hack-and-slash pelos quais tivemos de passar para chegarmos a milagres técnicos como Devil May Cry 5. Para quem ousa fazer uma viagem ao passado, encontra aqui a sua nostalgia, no entanto, se sentem que os avanços dos jogos modernos são irreversíveis, a experiência acaba por se sentir demasiado desatualizada.