Já imaginaram explorar um mundo aberto enquanto uma raposa? É esta a proposta de Spirit of the North 2, a sequela do aclamado jogo vindo da desenvolvedora Infuse Studio. Apesar de ser uma continuação direta do universo criado no título anterior e de prometer uma expansão na jogabilidade, há muitas arestas para serem limadas. Será que, finalmente, vamos ter resposta para a pergunta: “O que diz a raposa?”. Eis o veredito da Squared Potato…

Relativamente ao jogo original, era uma experiência minimalista mas fazia com que o jogador “mergulhasse” no mundo criado pelo estúdio norte-americano. Apesar dos controlos pouco responsivos e algo “pesados” no que diz respeito à sua interface, Spirit of The North brilhou na apresentação visual e banda sonora. Tendo uma câmara na terceira pessoa, o título de 2019 conseguiu destacar-se no panorama indie com storytelling que primava pela comunicação visual através da raposa que controlamos. Com diretizes muito objetivas dos eventos que ocorrem durante a sua jornada, a frase “menos é mais”, encaixava perfeitamente na viagem do Infuse Studio.

Em 2020 e 2021, respetivamente, este jogo teve versões “enhanced” para plataformas current-gen (PS5 e XSX) com melhorias significativas no que diz respeito à performance. No entanto, a jogabilidade pouco mudou e alguns problemas técnicos persistiam.

Passados agora seis anos do lançamento do primeiro capítulo, chega-nos agora a sequela: Spirit of the North 2. A mesma promete expandir as ideias desenvolvidas do título original. Temos um mundo aberto que podemos explorar, uma estória recheada de mistério. Novas habilidades, novos quebra-cabeças e também, pela primeira vez, bosses que temos de defrontar.

Apesar da promessa destas novidades, a primeira impressão que tive ao iniciar o jogo foi a pouca fluidez da navegação dos menus. Parece algo tão insignificante mas deixou-me logo um gosto amargo na boca.

Spirit of the North 2 apresenta-nos uma trama muito simples: controlamos uma raposa, que, juntamente com um aliado corvo, deparamos numa aventura com intuito de restaurar os espíritos de uns guardiões para que estes seres vivos consigam regressar à sua casa.

O “vazio” deste mundo aberto entra em conflito com os objetivos que o jogador dispõe para poder avançar com a estória. Há momentos em que não sabemos bem o que temos de fazer tal criptíco que é. O jogo dá pistas muito ambíguas sobre os locais temos de ir, mas basta fazermos um pequeno desvio da rota do avassalador mundo aberto e ficamos desmotivados em querer prosseguir com a exploração. O mesmo problema persiste quando tentamos aceder ao mapa. Não há um caminho delineado e, para quem não tem um sentido de orientação apurado, vai ter muitas dificuldades em movimentar-se em Spirit of the North 2.

No que diz respeito ao controlo da protagonista, a raposa apresenta alguns défices de locomoção. O salto denota pouco realismo de física. Parece que estamos com gravidade zero. Para executar saltos específicos, o jogo vislumbra um pequeno ponto visual. É um aspeto muito trapalhão e que podia ter sido melhor implementado.

A exploração é, ela própria, um “pau de dois bicos”: por um lado, pode recompensar o jogador, pois podemos adquirir itens que farão com que a nossa skill tree cresça, contudo a vastidão do mundo e lentidão da raposa, pode demover o prazer de os procurar. A inclusão da skill tree acrescenta pouco à experiência de jogo

Como já referido anteriormente, a implementação de bosses é também uma estreia em Spirit of the North 2. São eventos tensos e testam a nossa capacidade de resolver quebra-cabeças juntamente com a nossa perícia. Sem revelar grandes pormenores, são momentos que elevam a narrativa deste título.

Spirit of the North 2 já está disponível para a PlayStation 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e na STEAM para PC. 

Agradecemos à editora a cedência de uma cópia digital para análise.

CONCLUSÃO
O que a raposa diz?
6
spirit-of-the-north-2-analiseSpirit of the North 2 é uma sequela ambiciosa mas perde-se pelos pequenos detalhes que pode comprometer a experiência de jogo a uma grande maioria do público. É, novamente, uma aventura que prima pelo minimalismo da narrativa mas, tendo em conta, os contornos de mundo aberto deste título não são elementos que compatibilizam da melhor forma. Existe pouco aprimoramento nas mecânicas e a otimização técnica é atabalhoada. Tem momentos belíssimos no argumento e a banda sonora sobressai. No entanto, a experiência de jogo em Spirit of the North 2 é inferior ao original.