Ainda há pouco tempo estava a comentar com o meu caro amigo Ulisses na sua rubrica Antigamente em Quatro Capa que vi passar bastantes clássicos das Playstation 1/2 sem nunca ter tido oportunidade de os jogar. Ora, o destaque de hoje engloba um dos jogos que recebi como demo no pack da minha Playstation 2, e se na altura não o consegui comprar, os vendedores do OLX e Ebay foram simpáticos o suficientes para inflacionarem os preços tanto de Klonoa: Door to Phantomille como de Klonoa 2: Lunatea’s Veil, pelo que apenas pude esperar que a Bandai Namco tomasse acções no formato de um remaster/remake, e felizmente, parece que ouviram as nossas preces.
Klonoa era um IP que estava dormente há muitos anos. Depois de 2 títulos muito bem recebidos nas consolas caseiras e alguns spin-offs (maioritariamente exclusivos japoneses) no Game Boy, a Bandai Namco tentou trazer Klonoa de volta através de um remake na Wii, e embora a qualidade estivesse lá, as vendas acabaram por não corresponder às expectativas, o que empurrou o nosso amigo para o fundo do balde das prioridades. Foi então do agrado de todos quando a Bandai finalmente decidiu lançar uma colectânea dos dois principais jogos, desenvolvida pela Monkey Craft, onde podemos então jogar estes remasters de Door to Phantomille da Wii e da Lunatea’s Veil da Playstation 2.

Para quem não conhece estes jogos, encarnamos o epónimo Klonoa, uma criatura antropomórfica que viaja entre sonhos (sem ter noção de tal) que se encontrem em perigo. Ambos os jogos são platformers 2.5D com a maioria dos níveis a serem jogados em side-scroll, existindo alguns em 3D, mais concretamente fugas em rectas ou níveis onde usemos o nosso skate/hoverboard. Fora isso, passamos a maior parte do tempo a usar a nossa Wind Bullet tanto para agarrarmos inimigos como nos agarrarmos a superfícies de forma a darmos continuidade ao platforming.
Door to Phantomile tem uma história muito mais pessoal e emocional do que Lunatea’s Veil, e confesso ter sido apanhado de surpresa pois sempre tive o jogo em conta como feito para crianças, algo que foi uma surpresa “agradável” e acrescentou uma camada mais imersiva. Algo curioso é que embora Phantomille tenha uma história mais emocional, a movimentação é mais fluída que Lunatea’s Veil, sendo que este 2º tem uma atmosfera muito mais energética e aventureira do que o antecessor.

Não se deixem enganar pelo aspeto tanto de Klonoa como dos níveis, pois estes parecem bastante apelativos a crianças mas falamos de dois jogos que requerem bastante perícia para conseguir chegar ao fim dos níveis. A jogabilidade tem de ser praticamente clínica, principalmente em níveis especiais onde existe muito pouco combate, o que significa que existe platforming à la carte.
A maioria dos remasters acabam por ser um simples cash grab, e aqui tenho de louvar a Bandai Namco pois não só mantiveram a magia visual, como acrescentaram melhorias no que toca a quality of life, como por exemplo podermos acelerar as cutscenes. Isto pode nem parecer essencial mas tenham em conta que nos jogos antigos eram raras as cutscenes que podíamos passar pois as equipas utilizavam-nas como fases de carregamento do resto ou do próximo nível, problema esse que não existe nas consolas actuais, tornando assim os loadings praticamente inexistentes. Para além disto estabilizaram por completo a framerate, estando esta a 60 fps com uns belos 4K de resolução (no caso das Playstation 5/Series X, de resto encontra-se a 1080p 60fps).

Gostava que tivessem alterado algumas mecânicas como por exemplo Klonoa ficar mais lento quando agarra inimigos em Lunatea’s Veil ou podermos saltar para trás nos níveis em que andamos de skate, ou seja, se passarmos por uma Doll, não podemos saltar um único milímetro para trás, obrigando-nos a refazer o nível inteiro. Certo que são melhorias niche, mas acredito que suavizassem a experiência do jogador.
Visualmente creio que estes jogos trazem uma magia já muito rara de se encontrar nos videojogos actuais. O simples facto de vermos 2 ou 3 minutos de jogabilidade já nos emana uma sensação alegre e entusiasmante. A arte usa uma palette bastante vibrante e consistente ao longo do jogo, independentemente do tipo de ambiente em que jogamos. Como já referi, jogarmos em 4K faz a sua parte em contribuir para um bom espectáculo visual.

Claro que também ajuda ter Kanako Kakino ao leme do áudio, maestrina da sua arte. Para além da banda sonora efusivamente rítmica, os efeitos sonoros são poucos mas distintos ao ponto de surpreenderem em algumas fases, mas não deixarem de criar familiaridade com o jogador.
Se quiserem ver mais aventuras de Klonoa não deixem a oportunidade passar, ainda para mais quando Ryo Ishida (produtor) disse que as vendas de Reverie Series terão um grande impacto nas futuras iterações!
Agradecemos à playnxt e à Bandai Namco por nos terem cedido uma chave para análise.