Vindo dos loucos anos 50 chega-nos Mostroscopy.
Sinceramente lembro muito vagamente de ter ouvido falar do nome deste jogo. Mostroscopy apresenta uma ideia original e engraçada de combinar o cinema de terror dos anos 50 com a milenar e tradicional arte da Lucha Libre.
Para me preparar para escrever esta análise fiz a minha tradicional pesquisa e confesso que foi um desafio encontrar informações sobre o estúdio responsável.
Dito isto, eis o que consegui pesquisar: o Mostroscopy foi desenvolvido pelo Oribe Ware, uma pequena equipa de 11 pessoas situada no México que vai no seu primeiro jogo e publicado pelo Seashell Studio que já conta com os lançamentos de Lunch A Palooza em 2019-2020 e Running Fable em 2022-2023 para as consolas atuais e a sair exclusivamente para a América do Norte.
*NOTA* A partir deste ponto do artigo vou começar a usar linguagem vulgar dos jogos de luta para ajudar a compreender melhor a análise.
Tenho que dizer que adoro a apresentação do jogo. Parece mesmo que estamos a ver um filme de terror dos anos 50 e mistura muito bem com o estilo da BD. O menu tem várias opções: modo história, modo versus onde temos jogo local contra um amigo ou um CPU e o CPU vs CPU, modo treino onde podemos treinar os combos e afins, um Jukebox onde podemos ouvir as músicas do jogo, modo desafio que simplesmente são desafios de combo de cada personagem, créditos e opções.
Tenho que apontar aqui várias coisas. Não tem modo Online de todo e nas opções só existem as opções de som, mudar a dificuldade e a língua (e pontos extra por terem incluído PT-PT). Sobre a dificuldade só posso dizer que o CPU só dá uma verdadeira luta nas duas dificuldades mais difíceis (Very Hard e Impossible) e que consegui vencer combates facilmente nas outras dificuldades.
Outra das coisas tem a haver com o nível do som. Com o volume no máximo não se consegue ouvir o desgraçado do Announcer no início dos combates nem as introduções de algumas personagens e tive que retirar o som completamente para ouvir alguma coisa e mesmo assim não foi o suficiente.
Tirando isso, de destacar também algumas falhas técnicas, como por exemplo, a música continuar a tocar mesmo após o combate e tem que se ir a um outro menu qualquer e voltar atrás para ouvir a música que era suposto tocar ou o jogo ter ido abaixo umas três vezes após estar inativo por algum tempo nos menus ou se selecionarmos uma língua e sairmos no jogo, o jogo volta à língua do sistema (no meu caso PT-PT).
O modo história é uma pequena confusão. Pondo isto de uma maneira simples, por exemplo, em vez de ser ponto A até ao ponto B é mais de ponto A até ao ponto Z. Conta com um total de 16 personagens, que vão desde monstros sobrenaturais como uma lobisomem a Luchadores Enmascarados (que são simplesmente lutadores da Lucha Libre mexicana).

As personagens até têm uma premissa, mas não têm qualquer interação pelo meio nem com o Boss (que é o mesmo para todos) e o fim é simplesmente confuso. A parte mais engraçada é que o jogo diz que para perceber o contexto das histórias e do fins devemos ler a BD que se encontra (pelo menos do que pesquisei) na Steam pela módica quantia de 2€ e que existe só um único volume.
Sobre a jogabilidade, Mostroscopy é um tradicional 1v1 Fighting Game. A jogabilidade é muito semelhante ao do Super Smash Bros.: tem um botão para ataques normais, outro para ataques especiais, um para bloco, um para taunts e é só isto. Tem a limitação de botões para o tipo de jogo que é (ao contrário do Super Smash Bros. que desde o primeiro jogo da série o esquema de botões faz sentido por ser um tipo diferente de jogo de luta).
Os ataques são sempre a mesma combinação para os dois tipos de ataque: ataque neutro (sem setas), ataque + baixo, ataque + frente e ataque + trás. E é aqui que as comparações com o Super Smash Bros. acabam e começam algumas pequenas diferenças.
Em comparação com o Super Smash Bros., só os ataques normais é que são a mesma coisa no sentido de dar para fazer combos, mas do que toca ataques especiais o Mostroscopy acrescenta o tipo de ataque especial dependendo do tempo que carregamos do botão de ataque especial. Só de fazer qualquer combinação com o botão de ataque especial faz o básico ataque especial, mas se o botão for premido por uns dois segundos, esse ataque especial transforma-se num EX Special Move que dá mais hits e dano, e se ficar premido por mais um segundo transforma-se num Super Move que executa automaticamente. Estes ataques especiais também têm uma versão aérea, mas são só versões normais e não vão além disso.

Isto também tem uma enorme desvantagem. Traz a frustração de levar com um contra-ataque pelo meio da carga além de ficarmos completamente expostos. Não é preciso dizer a quantidade de vezes que isso me aconteceu e fez-me mudar o tipo de abordagem.
Infelizmente convêm apontar sobre os timings dos comandos (especialmente com os ataques especiais) que são terríveis e requer mesmo alguma prática a sério para minimamente conseguir acertar a maioria das vezes e não vou falar em quanto isso prejudica às vezes no combate e especialmente no modo desafio.
Outra crítica que tenho que apontar são as mecânicas. Regra geral nos Fighting Games é que existe sempre uma lista de comandos ou uma coisa qualquer parecida que explique ao menos os básicos e aqui isso não existe.
Na pausa só existem os menus para os controlos e um pequeno menu em que explica só como funcionam os ataques especiais. Não tem mais nada do que isto, nem um simples menu de comandos das personagens nem um Tutorial a explicar as mecânicas do jogo (e aqui posso entender que foi pela lógica de que os comandos são todos iguais e não havia necessidade de acrescentar ou mesmo por falta de capacidade pelo facto de ser uma equipa pequena).
Ao longo do jogo, o CPU consegue fazer coisas como o Guard Scape e o jogo simplesmente não explica como se faz. O jogo consegue ser frustrante até esse ponto porque, mais uma vez, não existe sítio nenhum do jogo a mostrar os comandos e as mecânicas e só fui descobrindo no decorrer no jogo que essas mecânicas existem e até agora ainda não sei como se faz.
Outra coisa que é importante é o Monstro Mode. Este modo permite fazer uma autêntica descarga de Super Moves de acordo com os comandos dos ataques especiais e só se pode ativar quando a barra de baixo estiver cheia. É uma boa maneira de tentar acabar logo com os combates mas tem um problema e um problema bem grande.
O problema é a barra gastar-se com uma considerável rapidez, e que se formos suficientemente rápidos, podemos fazer até dois Super Moves e só com muita sorte até três.

O maior problema é que quando acaba a barra, não interessa se começamos um Super Move ou se estamos do meio de um, anula logo a ação e o jogo age como se tivesse esquecido disso. Tanta vez que a barra estava a acabar e nunca consegui iniciar ou acabar um Super Move às custas disso e depois o jogo ter um comportamento como se fosse dizer “desculpa não me lembrei que estavas a fazer isso” e segue o resto do combate, e, além disso, o Monstro Mode ás vezes tem a tendência de se ativar sozinho sem razão nenhuma.
Sobre a banda sonora é constituída por 31 músicas e abrange vários estilos musicais. Conta com facto de ter artistas/produtores sem comissões como Kevin MacLeod, Soft ou Blue Wave Theory e os estilos musicais vão desde a temas adequados ao Halloween a Surf Rock, passando por música electronica e ambiental.
Em resumo, Mostroscopy é um jogo com uma abordagem diferente e original. Dou destaque à jogabilidade de Super Smash Bros. como já referi mais acima e ao aspeto visual de cinema dos anos 50 com temática de terror e com arte em BD. Este é um daqueles casos que embora eu perceba que foi criado por uma equipa pequena, é um jogo bastante ok e tem muito espaço para melhorar e muitos aspetos para corrigir e acredito que ao longo do tempo o estúdio consiga fazer isso.
Mostroscopy já disponível para Steam, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X e Nintendo Switch.
Um agradecimento especial à editora pela cedência de uma cópia digital para análise.
Disclosure: I received a free review copy of this product from https://www.keymailer.co
































