Jogar um título de NHL nos dias actuais é sempre muito nostálgico para mim, porque me faz reviver algumas das primeiras memórias de infância com a velhinha Mega Drive. Apesar de não ser um desporto com grande tradição por cá, a verdade é que sempre exerceu uma certa curiosidade. Agora, muitos anos depois, regressei à série e encontrei um jogo que mistura bem o fascínio da modalidade com as já habituais limitações de um título EA Sports.

Logo à primeira partida sente-se a velocidade e intensidade do hóquei. A EA Vancouver fez um bom trabalho a captar a energia caótica mas estratégica deste desporto: contra-ataques fulminantes, penalizações que deixam a equipa em desvantagem, guarda-redes a salvar lances impossíveis tudo isto está bem representado. O novo uso de dados reais da NHL, através do sistema NHL Edge e do ICE-Q 2.0, ajuda a dar mais autenticidade ao comportamento dos jogadores. Há atletas que se destacam pela rapidez, outros pela forma como procuram ângulos difíceis de remate, e isso reflete-se de forma convincente dentro do jogo.

Outra melhoria clara está nos guarda-redes, que agora reagem de forma mais realista e conseguem quebrar animações para se adaptarem a sequências de remates consecutivos. Apesar disso, nem sempre funcionam como prometido, já assisti a falhas caricatas, como bolas a passar de forma quase surreal ou redes que parecem aceitar “golos fantasma”. Pequenos problemas de animações e colisões também continuam a aparecer aqui e ali, a lembrar que o polimento ainda não é perfeito. O pior, é que me lembro de jogar NHL 20, e os problemas se mantêm.

Nos modos de jogo, Be a Pro foi onde senti maior vontade de investir tempo. Existe uma narrativa imersa, com entrevistas, escolhas de diálogos e até a possibilidade de começar pelas ligas secundárias antes de chegar à NHL. Essa caminhada acrescenta muito mais peso a cada partida, já que um mau desempenho pode mesmo atirar-nos de volta para divisões inferiores. O Hockey Ultimate Team (HUT) também recebeu novidades interessantes, como o sistema de entrosamento inspirado no EA FC, que valoriza a química entre jogadores da mesma equipa ou nacionalidade. Por outro lado, o modo Franchise não teve um grande investimento, e é pena, tendo em conta o potencial. Também o novo formato de temporadas offline, através do chamado Cup Chase, dá mais opções a quem prefere jogar sozinho mas ainda assim quer sentir progressão. É um modo que não me dá muita paciência, mas não deixa de ser mais um extra.

A nível técnico, NHL 26 mantém a base sólida dos últimos anos, com gráficos competentes e uma apresentação televisiva convincente, mas ainda há falhas. Algumas animações parecem datadas, há momentos de colisões estranhas e situações pouco naturais que tiram brilho ao espetáculo. Também é impossível não referir a questão do lag: mesmo tendo MEO Fibra, que nunca me deu problemas em outros jogos da série ou até em títulos mais exigentes online, nesta edição deparei-me com partidas com atrasos constantes e instabilidade. É algo estranho, sobretudo porque não é um problema habitual no meu caso, mas que acabou por afetar bastante a experiência online. Se eu já sou mau a jogar isto com perfeitas conexões, imaginem o que serei com problemas de latência.

Se há ponto onde a EA Sports raramente desilude é nos gráficos. Esta edição confirma essa tendência, apresentando modelos de jogadores altamente detalhados, arenas vibrantes e uma recriação televisiva que nos aproxima bastante da realidade. As animações faciais estão cada vez mais credíveis e a forma como o gelo reflete a iluminação, ou como os uniformes ganham textura com o movimento, dá uma sensação de cuidado ao extremo. Aqui, vê-se claramente a experiência acumulada da EA ao longo dos anos, com o mesmo cuidado gráfico que encontramos em séries como Madden ou EA Sports FC (antigo FIFA). É aquele tipo de apresentação que, mesmo sem reinventar a roda, dá brilho e reforça a imersão durante os jogos, e de que maneira.

No fundo, NHL 26 é um jogo que mistura o entusiasmo de um desporto vibrante com a falta de coragem de uma série que parece continuar a avançar em pequenos passos. A jogabilidade beneficia da nova IA e das melhorias nos guarda-redes, mas sofre com inconsistências que não deveriam acontecer. Os modos de jogo trazem algumas ideias frescas, mas ao mesmo tempo deixam outros esquecidos. E a experiência online, que devia ser estável e competitiva, foi a meu ver, marcada por problemas inesperados de desempenho, mesmo após reiniciar o router e verificar que a instabilidade era toda, menos minha. Isto claro, não considero uma review de um grande experiente. Uma pequena nota: Tenho apenas dois desportos que sou completamente fanático e conhecedor: Futebol, e MMA. No entanto, como um mero casual e apreciador de hóquei no gelo, além de conhecedor nível-básico de algumas edições passadas, estes são os pontos que considero mais importantes para um público como eu.

Agradecemos à PlayNXT pela cedência de uma cópia digital para análise do jogo.

CONCLUSÃO
Intenção ou Intensidade?
6
Igor Gonçalves
Curioso, explorador, e fã de videojogos desde que me lembro, e em especial pela saga Metal Gear. Não jogo plataformas, jogo jogos.
nhl-26-analiseÉ um título que certamente vai entreter os fãs de NHL, sobretudo os que procuram adrenalina rápida em partidas casuais ou querem investir algum tempo no renovado Be a Pro. Mas também é um jogo que deixa claro que a série ainda tem muito por evoluir para se destacar verdadeiramente no panorama dos grandes títulos da EA, além de problemas de conexão online que nunca tinha havia presenciado num videojogo da série.