Lamento o público que opte por ver um videojogo de desporto, apenas como um videojogo, mas esta batata, não consegue dissociar o videojogo da modalidade que o acompanha. Afinal, parte do fascínio por este tipo de jogos é a sensação de “calçar os sapatos” dos nossos ídolos.

Levar até ao jogador a adrenalina que um piloto de Formula 1 vive e experiênciar, ainda que no sofá (ou cockpit ou cadeira gaming, esta batata não descrimina mobília para videojogos), torna este tipo de jogos um must have. Questão diferente é: valerá a pena a compra anual do jogo, em particular este ano?

EA Sports, it’s in the game!

Sim, este subtítulo não é inocente, a saga da Codemaster vestiu as roupas da gigante dos videojogos e agora temos a EA na produção dos jogos de F1. A produtora comprou a Codemaster em fevereiro de 2021, por 8.37$ / ação, num negócio avaliado em 1.2 mil milhões de dólares e o F1 22 foi o primeiro jogo que o público pode ver inteiramente desenvolvido pela EA.

A verdade é que rapidamente se nota, para o bem e para o mal, a entrada da gigante. As microtransações vêm em força, mas há que lamentar o tipo de itens que as mesmas permitem adquirir e, por isso, o próximo parágrafo retrata a parte menos boa deste videojogo. Porque tal como uma criança a tomar uma refeição, em que as batatas fritas ficam sempre para o fim (viram mais uma referência a batatas, afinal esta análise é da Squared Potato), também esta análise prefere despachar já o menos bom e guardar os pontos positivos para o fim.

SIMS conheces?

F1 life é o grande destaque e novidade deste videojogo, que quis ir mais além na parte de calçar os sapatos dos pilotos de F1. Neste novíssimo modo de jogo podemos experienciar, ainda que, infelizmente, apenas virtualmente, como é a vida fora dos circuitos de Fórmula 1. Neste modo de jogo podemos decorar a nossa casa com diferentes sofás, mesas de café e candeeiros, dando a sensação que estamos a jogar SIMS. Ainda para mais, podemos vestir a nossa personagem com algumas marcas e inclusivamente usar uns Beats by Dre., como o piloto da Mclaren, Daniel Ricciardo costuma utilizar. Infelizmente, os Beats e muitas das opções de customização são produtos premium e, ainda que não custem o mesmo que no mundo real, a verdade é que implica gastar uma quantia extra no jogo.

Atenção, nada contra este modo de jogo e percebo que isto não seja feito para um analista de videojogos de 27 anos e amante de F1, claramente este modo de jogos onde podemos explorar o designer de interiores que há dentro de nós, é feito a pensar nos mais novos. A ideia até pode ser, no limite, conseguir trazer para o mundo do automobilismo os fãs de SIMS, outro jogo que pertence à EA, mas o fã de F1 sente que está a mais e pouco acrescenta. Bem sei que um jogo que sai todos os anos, sem inovações acaba por se perder, mas haviam outras alternativas e bem mais interessantes. Eu sei que todos sonhamos em ter um sofá de pele branca a combinar com um candeeiro e mesa de café, mas para isso já temos o SIMS e num jogo de F1, este modo de jogo está claramente a mais, ainda por cima, quando há falhas graves.

De F1 life a única salvação possível é mesmo a introdução dos Supercars, associados às voltas Pirelli. Para quem não está a par, antes de cada grand prémio, os pilotos costumam levar convidados especiais (recomendo ver a volta de Millie Bobby Brown com Hamilton há uns anos), ou para quem estiver disposto a pagar 15.000$ por uma volta ao lado de um piloto de F1, num super carro.

Estes super carros não são mais do que os topo de gama das marcas onde se destacam os McLaren, Ferrari Roma e Mercedes AMG, além do Medical e Safety Car. Além de voltas aos circuitos e de os armazenar na garagem da “nossa casa”, o modo Pirrelli hot laps inclui ainda a possibilidade de fazer alguns desafios estilo Gran Turismo. Feeback deste modo? Os carros estão bem construídos, com muitos detalhes, mas a experiência de condução arcade do jogo deixa a desejar, quando temos Gran Turismo 7, que saiu há bem pouco tempo e oferece uma experiência de condução dos mesmos carros muito mais detalhada e realista. Chega de bater na EA, mas aconselho que os produtores deste videojogo leiam David Ricardo e a teoria das vantagens comparativas para perceber que nem tudo funciona.

Adeus Aiden Jackson e Breaking Point

De fora este ano ficou o modo Breaking Point, um modo que já constava nos últimos dois jogos e que acabou surpreendentemente este ano, deixando de fora as aventuras de Aiden Jackson, Akkerman e o rival Butler. Este modo que misturava desafios em pista e uma narrativa. Acabou por prender os jogadores, que agora ficam com a sensação de uma série que fora cancelada.

Nota ainda para a ausência de pilotos e carros lendários (há já uns anos que deixaram de figurar), assim como a inclusão das categorias de F2 (apenas temos os pilotos de 2021, o que causa alguma estranheza) e a categoria de F3 que continua esquecida. Surge assim um aplauso para o jogo de MotoGP que inclui todas as categorias. Esta ausência é ainda mais notória quando o jogo inclui super carros, algo que os fãs provavelmente dispensam.

Modo carreira

Este ano no modo carreira podemos escolher, como habitualmente, entre o piloto e a equipa. Destaque para o modo My Team que neste momento permite escolher 3 tiers diferentes de orçamentos iniciais, podendo o jogador começar numa equipa sem dinheiro e que até se sujeita a ser fotografada para supermercados alemães (como a Haas o ano passado) ou entrar com o Orçamento de um Sheik árabe e ter uma equipa com um orçamento de invejar à Ferrari.

E agora as batatas fritas com cheddar e bacon (Viram? o melhor é para o fim)

Por fim e não menos importante temos a condução. Este ano com os novos regulamentos a fazerem-se sentir e equipas a serem afetadas pelo famoso porpoising. Os carros estão também mais pesados e com menos carga aerodinâmica e isso faz-se sentir nas curvas, onde temos de as fazer muito mais lentamente e com mais dificuldades de tração. Pessoalmente, jogava com a ajuda de traction control em off e médio e, neste jogo, sinto-me um total Mazespin – piloto russo da Haas em 2021 que ficou célebre pelos vários peões que deu (spins) e fraca qualidade ao volante.

Destaque ainda para o aumento da qualidade do som (na review foram usados os Headphones Dualsense e a melhoria foi notória). A nível gráfico há melhorias no traçado das pistas, mais fiel à realidade, à cabeça a curva 1 de Baku que deixa de ser tão estreita como era antes e passa a ser mais fidedigna.

Por outro lado, temos mais realidade e agora podemos levar o carro até ao lugar na grelha de partida, posicionando-o da melhor forma e levando penalizações se ficar fora das marcas. Esta adição é extremamente útil e podemos agora apontar o carro à curva 1, à semelhança do que Verstappen costuma fazer.

Nas Pit Stops temos também mais controlo e apesar de dar a sensação de mini jogo, pois temos de premir o botão cruz no momento certo, ao invés de rodar o volante para a box da nossa equipa, a verdade é que temos mais controlo nas pit stops e premir no momento certo, leva a um menor tempo na box.

Nota final para os jogadores do PC que podem utilizar agora o modo de realidade virtual com os Oculus Quest ou como passaram a ser chamados, Meta Quest.

F1 22 já está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, e PC.

CONCLUSÃO
And it’s lights out and away we go!
8
Redação
Veterano nestas andanças, acompanhou de perto a guerra entre a SEGA e Nintendo, e sonha um dia com o regresso da estrela cadente Ristar.
f1-2022-analiseF1 2022 voltou em força e promete ocupar o coração dos fãs dos monolugares, nota menos boa para o modo F1 life que pouco adiciona e para a ausência de f3 e carros históricos. No fundo são umas batatas fritas a precisar de ketchup e um pouco de sal a mais!