Ocasionalmente gosto de sair da minha zona de conforto e aventurar-me em terras desconhecidas. Ora, isso foi mesmo o que aconteceu com Midnight Murder Club. Cheguei com poucas expetativas (um trunfo a usar nos dias de hoje com os videoojogos) para além de um shooter animador com uns pós de sustos a mistura, e, para meu agrado, acabei por encontrar uma cesta de originalidade e diversão.
Somos organizados em grupos de seis pessoas e vamos para Wormwood Manor, uma mansão quase saída da própria Haunted Mansion da Disney, um dos meus títulos preferidos da titã dos desenhos animados, o que me deixou mais entusiasmado. As nossas únicas ferramentas são uma lanterna e um revólver, sendo estas altamente úteis nas passagens pelos vários corredores escuros que trazem possíveis armadilhas, deixando-nos em pontas de pés cada vez que chegamos a uma esquina.
O combate, na sua essência, é reduzido ao básico, com o revólver que apenas leva 6 balas, e claro, sendo um revólver, demora a carregar, e uma faca que serve para quem se quiser chegar demasiado perto. Na vertente explorativa temos a nossa fiel lanterna, que tanto nos permite identificar inimigos, como significar a nossa morte porque fomos também identificados. Esta simplicidade vende-se perfeitamente, o principal problema é que o sistema de progressão é demasiado simples, e apenas existe um mapa, e ao fim de um certo número de jogos, começamos a conhecer a mansão de cor, perdendo o encanto.
Um dos principais problemas dos jogos online, é que dependemos de outras pessoas para tornar o jogo divertido, independentemente do quão boa a fórmula possa ser. Isto leva a que muitos jogos sejam desfalcados por jogadores decidirem sair, estragar o jogo ou simplesmente não criarem um bom ambiente entre todos. Felizmente, a Velan Studios incluiu um Guest Pass, que, à semelhança do Friends Pass da Hazelight Studios, permite que cinco amigos se juntem ao jogo, sem qualquer cêntimo acrescido. Isto torna a criação de grupos privados muito mais fácil, dado que qualquer amigo nosso se pode juntar, e aí a diversão torna-se muito mais familiar e social.
Visualmente, a mansão traz uma atmosfera fortíssima, tanto na vertente assustadora, como na escolha de cores e do seu design. Claro que vai ser sempre mais uma mansão assombrada, mas enquadrando-se no ambiente que a Velan quer criar, serve perfeitamente o propósito sem precisar de mais nada. Que os próximos mapas tragam tanta personalidade como Wormwood o faz. A par dos visuais, de igual ou maior importância é o áudio, que felizmente não peca nesta aventura. Desde vozes longínquas a ecos de passos em quartos, somos constantemente informados do nosso redor, sem bem sabermos o que é que aí vem, apenas que vem algo. A par disto, o chat de proximidade é também ambíguo, no sentido em que tanto nos pode ajudar a sobreviver, como ajudar a assustar-nos.
Não faltam modos de jogo, entre Free-For-All, Team Deathmatch ou Thief in the Night, que é um dos meus preferidos, senão o preferido. Muito resumidamente, nós, mais um amigo, andamos pela casa a abrir cofres com tesouros até conseguirmos juntar três peças. Assim que o fazemos, os cofres de 2a categoria são desbloqueados e repetimos até chegarmos ao fim da 3a categoria, contando os nossos tesouros face aos da equipa adversária, e quem tiver mais dinheiro vence a partida. Um dos destaques é o modo Wildcards, onde cada partida é caracterizada pelas wildcards que os jogadores escolhem, sejam elas encolher todos os jogadores para o tamanho de brinquedos, fazer as balas passar pelas paredes ou deixar um rasto de luz na lanterna. Todo e qualquer jogo se torna engraçado quando nos deparamos com o caos que este modo introduz!
Agradecemos gentilmente à Playstation Portugal a cedência do código digital, usado numa Playstation 5.
