A mascote da Sega volta a meter o pé no acelerador para competir em variadíssimas corridas com um objetivo claro: ser o melhor entre universos! Sonic Racing: Crossworlds é a continuação dos jogos anteriores mas com algumas novidades que poderá agradar fãs de longa data. Terá este jogo também o “blast-processing” necessário para cativar novos fãs? Eis o veredito da Squared Potato…

Relativamente aos jogos de corridas, podemos dividir os apreciadores deste género de videojogos em dois: os que primam pelo foto-realismo e simulação; e os que dão prioridade ao divertimento e a uma jogabilidade mais semelhante a uma experiência que encontraíamos nos quase extintos salão de jogos. No que diz respeito às consolas domésticas, o chamado “mascot racer”/”kart racer” foi popularizado nos anos 1990 por um certo canalizador conhecido por usar um chapéu vermelho e vestir umas jardineiras azuis.

Ao longo dos anos, surgiram várias propostas alternativas vindo das mais diversas propriedades intelectuais. Sonic, o ouriço mais conhecido da cultura pop, também se aventurou nesse mundo do automobilismo. Primeiro na “velhinha” portátil Game Gear e, depois em corridas “a penantes” na Sega Saturn (há quem ainda pergunte se conseguimos sentir a luz do sol). No entanto, nos anos 2010, as personagens da Sega tiveram uma nova oportunidade em experienciar corridas sob a alçada do estúdio Sumo Digital em Sonic & Sega All-Stars Racing. Juntamente com a sequela Sonic & All-Stars Racing Transformed, que acrescentou a possibilidade de guiar veículos como aviões e barcos, estes dois títulos conseguiram bater-se frente-a-frente com os jogos de corrida do rival canalizador. O design dos níveis, a jogabilidade divertida e desafiante dos nossos oponentes e a inclusão de personagens convidadas inesperadas como Ralph – do filme Wreck It Ralph – e a piloto de Nascar, Dana Patrick.

No entanto, o que poderia ser uma trilogia imaculada, acabou por cair tudo por terra com Team Sonic Racing em 2019. Apesar de ter algumas ideias interessantes como competir contra trios de equipas (cujo modo ainda existe nesta nova iteração) a execução deixou muito a desejar. O facto ter sido lançado com apenas um mês de diferença de um bastante aguardado regresso de certo marsupial às pistas de corridas, também não ajudou.

Pit-stop necessário

Seis anos depois, surge agora um nova proposta: O estúdio Sonic Team decide fazer uma revisão necessária para revitalizar este spin-off e metê-lo a circular na faixa da esquerda. Tal como o próprio título indica, Sonic Racing: CrossWorlds apresenta a possbilidade de atravessarmos diferentes mundos – principalmente do universo do Sonic – enquanto corremos na pista originalmente escolhida. Apesar do foco no ouriço, Sonic Team apostou também em personagens convidadas dentro e fora da Sega sob a forma de conteúdo descarregável pago. Entre os confirmados estão Ichiban da série Like a Dragon e Joker de Persona, mas estão também SpongeBob, Megaman e Pac-Man.

Relativamente à jogabilidade, para quem conhece este tipo de jogos sabe o que esperar: boosts, drifts, e, claro, muitas armas para atacar e proteger-nos dos nossos adversários. Para quem procura uma experiência single-player, existem apenas três modos: Grand Prix, Race Park e Time Trials. Ao todo são mais de 25 percursos (que irá crescer com DLCs) a percorrer e conhecer as suas curvas e contra-curvas. As pistas apresentadas possuem a inclusão de diferentes atalhos, que só descobrimos após múltiplas sessões de jogatina.

Para além de podermos escolher o nosso personagem do universo Sonic, podemos também agrupá-lo com um veículo de classe diferente. Podemos escolher um que dê prioridade à velocidade, à força, à aceleração, ao manuseio e boost. Cada um deles, tem também características distintas suficientes que terá impacto nas corridas.

A jogabilidade é fluída e corre, praticamente, sem problemas técnicos tanto em modo performance como em modo qualidade. O único obstáculo que me deparei é que, quando atravessamos os diferentes portais, as armas usadas não conseguem acompanhar a transição de níveis.

O design das pistas está bem conseguido e muitas delas irão fazer com os fãs de velha guarda fiquem com um sorriso no rosto. Temos referências a jogos do Sonic de há 20 anos, assim como do último título Sonic Frontiers. A banda sonora é um misto de emoções. “Cross the Worlds” cantado por James Bourne, tema que acompanha o vídeo de abertura, é um “guilty pleasure” com um aura do rock a relembrar os anos 2000. Já as composições que acompanham as pistas, no geral, estão no ponto mas há a tendência de se tornarem repetitivas, caso decidam dispensar mais de dois digitos de horas neste jogo, como foi o meu caso.

Existe, de momento, um principal entrave que impede um maior aproveitamento por parte do utilizador: a forma como se obtém bilhetes (a moeda deste jogo). Estes bilhetes são adquiridos através da participação em diversos eventos. Contudo, para desbloquearmos novas peças de personalização e emblemas de melhorias para os nossos veículos são necessários investirmos elevadas quantias de bilhetes.

Um exemplo prático: nas mais de 10 horas que joguei Sonic Racing Crossworlds, consegui amealhar cerca de três mil bilhetes, sendo que gastei cerca de mil e pouco para ter um veículo com melhorias. Cada peça custa entre 500 e mil bilhetes, por isso, como diria um certo político português: “é fazer a conta”.

Sonic Racing: CrossWorlds já está disponível para a PlayStation 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e na STEAM para PC. 

Agradecemos à editora a cedência de uma cópia para análise na Playstation 5.

CONCLUSÃO
Derrapar é a palavra de ordem
8
sonic-racing-crossworlds-analiseSonic Racing: Crossworlds era o shot de adrenalina que este spin-off precisava. É um regressar às origens no que diz respeito às mecânicas. Não é perfeito, longe disso, mas acho, pela primeira vez, é um jogo que apresenta mais variedade e mais vontade de apresentar ideias diferentes ao contrário do mais recente título do jogo de corridas do antigo rival dos anos 90. O season-pass promete dar uma maior longevidade ao jogo, mas caberá aos jogadores na vertente online de garantir a diversão. É uma ótima proposta que tanto irá satisfazer miúdos e graúdos. Em dificuldades mais elevadas, irá testar a perícia e a estratégia dos jogadores.