Alentejo: Tinto’s Law | Análise | Jogos PT | Entrevista

Após o sucesso de Alentejo: Tinto’s Law (podes ler a análise aqui), Gildo, Dolores e Pepe estão de volta com a aguardada sequela Alentejo: The Tinto & The Ugly.

Em antevisão do lançamento de Alentejo: The Tinto & The Ugly em outubro, a Squared Potato entrevistou a Loading Studios, o estúdio responsável por Alentejo: Tinto’s Law. Mas antes de avançar com a entrevista, vale a pena conferir as novidades do jogo apresentadas pelo estúdio:

  • O Bom Velho Alentejo: Um RPG Open world de ação e aventura passado num histórico Western Europeu e Ibérico do século XIX 
  • Nova direção artística: Novas animações, mais sons e mais músicas, invocando a nostalgia dos jogos de Game Boy
  • Mais upgrades hermano: Descobre agora em Espanha mais formas de melhorares as tuas armas e aumentares a tua quadrilha
  • Mais locais: Entra em várias casas, fala com os habitantes e descobre mais segredos. Explora várias grutas e minas para resolver os seus puzzles enigmáticos e rústicos
  • Mais escabeches: Tiroteios na primeira pessoa, cavalgadas e assaltos a comboios! 
  • Mais estórias de maganos: Envolve-te numa narrativa nostálgica com várias referências à cultura popular e típica desta região
  • Menos cagufa: Salva o teu progresso quando quiseres, tanto na versão digital como física!

A Squared Potato aproveitou a oportunidade para lançar dez perguntas à Loading Studios a abordar sobre a sequela de Alentejo e as expetativas do estúdio:

1. Como surgiu esta ideia de criar um jogo para o velhinho Game Boy? E porquê, especificamente, o Game Boy?

R: Tudo nasceu de um exercício de design especulativo e de uma conversa entre Daniel Penão, Vasco Oliveira e Ivan Barroso. A grande questão foi: “Por que não existiam jogos portugueses para o Game Boy nos anos 90? E se tivessem aparecido, como seriam?”. Esta reflexão deu origem a um trabalho de pesquisa sobre os principais temas daquela época, incluindo séries de televisão, banda desenhada, filmes, música, rádio e, claro, jogos. No final, optámos por criar um spaghetti western, mas ambientado em Portugal, mais precisamente no Alentejo. Assim, criámos toda uma trama sobre este tema, envolvendo vinho tinto, contrabando, barões e comboios. Primeiro, com o Alentejo: Tinto’s Law©, e agora com a continuação da estória deste RPG com o Alentejo: The Tinto & The Ugly©.

O Game Boy é também um objeto bastante nostálgico e interessante para o desenvolvimento de jogos. Apesar de não permitir a mesma liberdade das consolas atuais, os seus limites desafiam-nos a pensar de forma mais criativa sobre estes desafios.

2. Qual foi o tempo total do desenvolvimento do jogo?

R: O jogo Alentejo: The Tinto & The Ugly© foi o projeto que esteve mais tempo em desenvolvimento na Loading Studios, num total de cerca de seis meses. Agora que está oficialmente concluído, esperamos que o público possa desfrutar deste título histórico e nostálgico, disponível tanto para Game Boy quanto para PC.

O tiro ao alvo é uma das novidades do jogo

3. Quais foram as ferramentas utilizadas no desenvolvimento do jogo?

R: Para o desenvolvimento deste RPG open-world, o Game Developer Daniel Penão optou por usar o motor de jogo GB Studio. Na área da arte, a Game Artist Marta Vaz e a sua equipa, que inclui Raquel Neves, Rui Barata e Ana Júlia, usaram o Aseprite. Já em Game Design, Ivan Barroso e Vasco Oliveira utilizaram uma combinação de vários softwares, como processadores de texto, folhas de cálculo e ferramentas de gestão, além do próprio GB Studio para a implementação dos níveis e da narrativa. Por fim, a organização e as tarefas de desenvolvimento para o projeto Alentejo: The Tinto & The Ugly© foram geridas com recurso a softwares de gestão de equipas.

4. Que desafios técnicos surgiram durante o desenvolvimento do jogo?

R: Os maiores desafios técnicos de Alentejo: The Tinto & The Ugly© estão diretamente relacionados com o hardware histórico da consola. As limitações incluem o número de assets ou elementos por ecrã, a diminuição de FPS quando o ecrã fica saturado de informação e o número reduzido de botões na consola. Para contornar esses desafios, tivemos de adotar um pensamento crítico e implementar soluções criativas, sem perder a nostalgia ou comprometer as expectativas do público em relação aos jogos de Game Boy.

5. Apresentaram vários novos elementos de jogabilidade no trailer. Qual foi a adição mais desafiante?

R: Existem novas formas de gameplay que adicionamos agora no Alentejo: The Tinto & The Ugly© que não estavam presentes no Alentejo: Tinto’s Law©. Por exemplo, temos agora níveis de sidescroller, tiroteios e duelos na primeira pessoa, easter eggs espalhados no jogo e mais missões de open-world, que afetam o sistema de reputação da nossa personagem. Os duelos foram os mais difíceis de implementar, porque temos pouco espaço de memória e tivemos de cortar nas animações e sons. 

MATARAM-ME: A continuação

6. Foi feito algum estudo de mercado prévio, de forma a saber o público-alvo a que se destina este tipo de jogo “retro”?

R: Sim, em cada projeto que desenvolvemos, temos um grande período de pesquisa de mercado, seja de Market Research ou de Design Research (o Ivan Barroso e o Vasco Oliveira lideram esta parte). O jogo Alentejo: The Tinto & The Ugly© não foi exceção. Por isso, todo o conteúdo do jogo foi pensado para corresponder às expectativas do nosso público-alvo sobre títulos RPG, Open World e de ficção histórica. Também ouvimos o feedback do jogo anterior e adicionamos mais músicas ao jogo (compostas por Rui Rodrigues), mais missões que o João Canelo (Narrative Designer) adicionou, assim como mais pontos ao enredo do jogo, e o Tiago Pimentel (Marketing Artist) criou a arte promocional.

7. Qual foi o sentimento geral após o sucesso do Alentejo: Tinto’s Law?

R: A equipa ficou muito entusiasmada com a recepção do Alentejo: Tinto’s Law©, ao ponto de termos logo começado a fazer o Alentejo: The Tinto & The Ugly©. Ficamos muito agradecidos a todos que apoiaram-nos nesta viagem e têm demonstrado carinho por estas aventuras nostálgicas no nosso Alentejo. 

8. Quais são as expetativas com a sequela?

R: Esperamos corresponder às expectativas do nosso público, e que o Alentejo: The Tinto & The Ugly© seja uma grande melhoria do projeto anterior. Também temos expectativas de conseguir chegar ao público internacional com mais força. 

9. Hipoteticamente, se o Game Boy estivesse totalmente extinto, qual seria a segunda escolha de plataforma para Tinto’s Law?

R: Honestamente, nunca pensamos muito nisso. Talvez a Mega Drive, ou a NES fossem as consolas onde poderia aparecer o Alentejo: The Tinto & The Ugly©

10. Depois deste jogo, têm planos para um próximo título deste “calibre”? Se sim, qual seria o género que gostariam de abordar?

R: Temos planos para novos jogos, mas ainda é muito cedo para se anunciar. Por enquanto, esperemos que desfrutem do Alentejo: The Tinto & The Ugly© e da nova demanda de Gildo, Dolores e Pepe!


Alentejo: The Tinto & The Ugly ficará disponível a 25 de outubro de 2025 para o Gameboy e PC. Acede à pré-venda aqui.

Um especial agradecimento a Ivan Barroso e um grande agradecimento à Loading Studios pela gentileza e tempo disponibilizados para a entrevista.

Hugo Campos
Tendo o Mortal Kombat II como o 1º jogo que jogou desde os 5 anos, teve todos os PCs até ao Pentium 3 e mudou para as consolas quando consegiu ter dinheiro. Grande viciado de jogos de corridas, luta, RPGs e musicais, tem uma grande de coleção de jogos de ps2 até ao 5. É fundador do canal da Twitch Squil TV.