A Playstation Portable foi sem dúvida um marco de inovação e nostalgia que muito dificilmente irá se repetir. A popularidade da consola deu origem a uma série de jogos originais de propriedades conhecidas feitos exclusivamente para esta experiência portátil, mas penso que há um género que verdadeiramente floresceu no sistema. Estou a falar dos jogos baseados em instâncias, como o Monster Hunter e o God Eater. Estas 2 propriedades partilham algumas semelhanças, onde tens uma série de armas e monstros para derrotar, usando materiais derivados desses mesmo monstros para criar e evoluir o teu equipamento, mas diferem-se nas suas mecânicas, jogabilidade e arte.

O jogo que vos trago hoje parte da mesma base que estes dois jogos, mas também se difere um pouco com as suas mecânicas, se bem que, artisticamente, tende-se a aproximar um pouco do God Eater. Eis que vos apresento Freedom Wars: Remastered.

Uma pena exorbitante para se cumprir

Freedom Wars Remastered passa-se num mundo pós apocalíptico onde a humanidade está em constante luta para sobreviver. Nós tomamos o papel de um Sinner, um recluso que tem o dever de servir uma força militar no seu Panopticon. Existem vários Panopticons espalhados pelo mundo, sendo o comportamento entre as forças bastante egoísta, chegando a entrar em guerras entre as mesmas.

O nosso papel parte do princípio de que temos o dever de realizar missões, tentando salvar e manter a vida da humanidade. Estas missões são de teor militar, geralmente envolvendo lutas com Abductors, uma espécie de seres mecânicos extremamente violentos que atacam os Sinners e capturam os civis. Ao realizares as missões e servires o teu Panopticon, a tua pena é diminuída progressivamente, juntamente com a possibilidade de melhores condições de vida e também mais liberdade.

A história do jogo é bastante simples, sendo apenas uma fonte para integrar o jogador ao mundo do jogo. É fácil de perceber que o foco principal era sem dúvida a jogabilidade, e tentar criar algo que fosse fácil de digerir para se poder jogar em sessões curtas. No entanto, é sempre bom ter algo que acrescenta algum contexto entre as missões, tirando um pouco da monotonia que a estrutura da jogabilidade poderá trazer.

Uma forma de jogar mais conveniente

Gostaria de desenvolver aqui uma análise gráfica bastante extensa, mas na realidade o que foi feito aqui não podia ser mais simples. A equipa manteve o aspeto original do jogo, optando apenas pelos retoques básicos, colocando-o numa resolução bem acima do original e dando upscale às texturas do jogo para podermos ter praticamente o jogo como era na PSP, mas com uma qualidade de imagem competente para os ecrãs de hoje. Juntamente com estes retoques na imagem, temos o jogo com uma taxa de fotogramas mais alta, estando a 60 fps nas consolas, trazendo bastante fluidez à jogabilidade. Mesmo com este aspeto antiquado, a arte do jogo define bastante a sua apresentação, dando-nos um aspeto que, no final, é devidamente apelativo.

O caçador de abductors

Se já jogaste outros jogos do género, irás definitivamente sentir-te em casa. Depois de criarmos a nossa personagem e de sermos introduzidos às mecânicas básicas do jogo, somos colocados no hub principal, que irá servir como a zona onde podemos descansar e preparar-nos para as missões. Este hub é basicamente uma espécie de prisão, onde irás eventualmente poder sair da cela para explorar as restantes secções, onde irás ter lojas para comprares equipamentos, por exemplo.

Na tua cela, podes aceder a um ecrã que se encontra na parede para realizar melhorias ao teu equipamento, comprar entitlements, que podem ser mecânicas adicionais como poderes manter contigo materiais de nível mais alto, ou algo como roupas e acessórios para decorares a tua personagem. Estes entitlements são adquiridos com Entitlement Points, que são ganhos ao completar as missões e ao doar materiais e equipamento ao Panopticon. Quando tiveres preparado, podes iniciar a missão facilmente a partir de um menu, onde poderás escolher quem queres levar contigo para a missão, incluindo amigos ou estranhos online.

As missões têm objetivos bastante simples, com a grande maioria envolvendo derrotar um certo número de abductors ou sinners adversários, ou salvar um certo número de civis, agarrando neles e levando-os até a um RRU, que são uns cubículos que irão mover o civil em segurança para o Panopticon.

Em termos de equipamento, o jogo tenta equilibrar o combate corpo a corpo e à distância, dando a possibilidade ao jogador de levar 2 armas à escolha dele, com armas como espadas, lanças, greatswords, metralhadoras e bazucas ao dispor. Cada arma tem uma jogabilidade diferenciada, se bem que não é nada de extremo, mas é suficiente para dar uma variedade agradável ao jogo. Juntamente com as armas, temos uma habilidade especial chamada thorns, que trata-se de uma espécie de corda com espinhos que se consegue agarrar a qualquer superfície, ajudando no movimento, e também dando a possibilidade de te poderes agarrar aos abductors para atacares certas partes, ou então para poderes puxá-los, de modo a caírem no chão, ficando vulneráveis por um momento.

A jogabilidade é bastante básica, sendo que podes correr, fazer um dodge, fazer um ataque forte e um ataque rápido com as armas de corpo a corpo, podendo realizar ataques mais fortes ao deixar premido os botões. Relativamente às armas de fogo, estas são bastante diretas, podendo disparar e também fazer mira para poderes ter melhor precisão. Esta simplicidade pode tornar o jogo escasso em dinamismo no combate, mas sinto que o jogo mantém um bom ritmo no que toca a desbloquear entitlements novos com equipamento e upgrades melhorados. Este ritmo faz com que o interesse nunca desapareça por completo, o que ajuda a manter o jogo mais interessante durante a duração da história. Existem algumas missões secundárias que podes fazer, onde estas partem do mesmo princípio e lógica das missões de história, sendo apenas uma forma de adquirir mais material e equipamento para te tornares mais forte.

Penso que pode ser considerado uma versão mais lite dos jogos do género, com uma jogabilidade mais acessível e uma dificuldade inicial mais modesta. Penso que a minha experiência no género obviamente ajudou, mas sinto que Freedom Wars Remastered até pode ser uma boa entrada para quem está a pensar em explorar o género dos jogos de Monster Hunting, antes de mergulhar nos grandes e complexos sistemas do colosso Monster Hunter.

Uma fábrica musical

Freedom Wars Remastered, musicalmente, resume-se numa espécie de fábrica sonora, com influências industriais a serem juntadas com EDM, um pouco de Rock e por vezes até Funk. Apesar do seu intuito mais ambiental na maior parte das situações, as melodias e o ritmo experimentais e únicos fazem com que a música seja memorável. Definitivamente uma surpresa que não estava nada à espera.

Agradecemos à Editora a cedência de uma cópia para análise na PlayStation 5.

Freedom Wars Remastered já está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch e na Steam para PC.

CONCLUSÃO
Inocente
7.8
freedom-wars-remastered-analiseFreedom Wars Remastered trouxe-nos exatamente o que diz no título. Temos aqui a experiência praticamente quase toda intacta, com apenas uns retoques para tornar a experiência mais apelativa nos tempos modernos, trazendo-nos uma onda nostálgica dos velhos tempos dos jogos de instâncias na PSP.