Os videojogos roguelike são provavelmente a proximidade mais intensa que tenho de uma adição na minha vida. Isto, porque quando os começo a jogar, fica muito difícil parar. Foi assim com Hades, Dead Cells, Slay the Spire, e mais recentemente Balatro, que continuo a jogar intensamente. Agora, chegou o novo concorrente às minhas mãos, a um preço muito especial, e com a adição do costume.
Permadeath, progresso permanente, loop procedural e senso de risco com recompensa, os quatro elementos para este resultado prazeroso, e que tal como os títulos mencionados acima, faz Shogun Showdown ser especial.
Com uma ambientação inspirada no Japão da era samurai, Shogun Showdown é um jogo de combate baseado em turnos, com elementos de construção de baralho. Cada carta é uma arma que podes utilizar para derrotar os inimigos. Existem cartas de combate corpo-a-corpo, outras que favorecem o ataque a longo alcance, e outras tantas para esquivar dos ataques, como as famosas bombas de fumo tão conhecidas em animes e jogos nipónicos.
Na primeira run só vais ter um personagem à tua mercê, podendo desbloquear na totalidade mais 4 deles. Cada personagem começa com duas cartas e uma habilidade especial de movimentação que é só – e apenas – dele.
O campo de batalha é uma espécie de tabuleiro, e cada movimento representa um turno, quer seja para o deslocamento de cada um dos 5 personagens, mudança de direcção, ou a seleção das cartas para atacar. Depois das cartas estarem prontas a serem utilizadas, é só premir o botão de ataque, e aí, ocupando apenas um turno, o personagem investe sobre os oponentes.
O progresso do jogo é muito simples: 3 ou 4 níveis procedurais com oponentes mais básicos em formato waves, e um boss final que te faz progredir para a próxima arena. No final de cada batalha, tens direito a um ecrã bónus com uma nova habilidade que podes usar para aprimorar as tuas armas, como menos recargas, ou mais dano de ataque. Já no final de cada boss, podes escolher uma arma nova para te ajudar a continuação da jornada. É um design de jogo muito bem trabalhado e conciso por esta pequena equipa apaixonante da Roboatino.

Quando progrides vais apanhando lojas pelo caminho, algumas para te ajudar a comprar poções de vida, mais capacidade para carregar itens, e todos e mais alguns elementos já conhecidos em títulos roguelike. O jogo conta com um grande arsenal de armas e habilidades para serem adquiridas, e muitas combinações para explorar. Cada uma das armas tem as suas características peculiares, em que se faz variar as suas formas de ataque, bónus, e movimentação. Poderás aprimorar estes equipamentos com propriedades elementais, como eletricidade ou veneno, que irá causando danos extras e contínuos aos inimigos.
O segredo de Shogun Showdown é pensar em vários movimentos à frente, para evitar seres finalizado se ignorares movimentos inimigos futuros. É um jogo com uma mecânica simples e fácil de entender, mas desafiante de dominar, e com uma curva de aprendizagem acentuada, mas recompensadora; e é isso que o torna tão especial. Não há nada como combinar cartas e realizar combos, e verificar ali de seguida o resultado, com a queda dos oponentes.
Este título não é perfeito, mas há de facto poucas coisas más a apontar a Shogun Showdown. Talvez mapeasse de forma diferente os comandos, mas é tudo uma questão de percepção. Nas primeiras runs confesso que me vi aflito – isto na PS5 – de me ambientar com os comandos de acção. Também confesso que senti falta de uma pequena narrativa que contextualizasse tudo aquilo, mesmo que fosse textual.
O seu visual é nostálgico: com uma arte pixelizada e aquela ambientação apaixonante do Japão feudal, que cria um visual charmoso e que remete imediatamente aos clássicos jogos de 16 bits; uma excelente opcção para quem gosta de jogos de estratégia com aquele toque retrogaming do início dos anos 90. A banda sonora ajusta-se de forma perfeita à temática do jogo, com aquelas melodias tradicionais japonesas, calmas e atmosféricas, com especial atenção para o aumento de intensidade nas batalhas contra os chefes finais, e portanto; um equilíbrio perfeito.
Um especial agradecimento à JF Games e Goblinz Publishing por nos ter fornecido uma chave do jogo para análise.