O grande clássico que ficou ainda maior!
As melhores surpresas são aquelas que absolutamente ninguém espera, e penso que o jogo que vos trago hoje é, sem dúvida, uma destas surpresas. Revelado num anúncio inesperado que surgiu sorrateiramente durante um Nintendo Direct, trago-vos o remake do primeiro jogo na clássica série dos Trails, eis que vos apresento Trails in the Sky 1st Chapter.
Uma aventura completamente intacta
Tentar transportar uma história criada há duas décadas para uma direção e apresentação completamente reimaginada é algo que, certamente, deveria ser praticamente impossível. Para a equipa, esse desafio foi levado bastante a sério, resultando numa história praticamente idêntica.
Trails in the Sky 1st Chapter foca-se, na sua grande maioria, na grande aventura dos nossos dois protagonistas, Estelle e Joshua, que, após uns acontecimentos introdutórios, eventualmente terão de sair da sua cidade, onde irão fazer uma enorme viagem pelo reino de Liberl, focando-se numa investigação com um grande mistério, e também no seu caminho para se poderem tornar Senior Bracers.
Ver a história recontada com esta nova direção visual traz uma leve sensação de surrealismo que é difícil de explicar. O fato de estarmos a ver todos estes acontecimentos, agora devidamente animados e apresentados livres das limitações do original, é algo que sem dúvida deixa qualquer fã com um sorriso enorme na cara. O respeito pelo material é sentido do início ao fim, e rever as introduções das personagens e os momentos mais críticos da história desta nova e evoluída forma deixou-me constantemente maravilhado.

Simples, bonito, e eficaz
O remake traz consigo um aspeto moderno, deixando para trás os gráficos pixelizados e a câmara isométrica do jogo original, substituindo-os por gráficos mais modernos e uma câmara em terceira pessoa tradicional. O grafismo presente é bastante semelhante aos mais recentes jogos da equipa, Mostrando-se como algo simples, mas que sem dúvida faz o trabalho na perfeição. A recriação dos cenários é deveras impressionante, mantendo grande parte da geografia presente no original, acrescentando todo o detalhe tridimensional que não estava presente. Ver as cidades e os cenários como as florestas e planícies recriadas desta forma traz uma sensação de nostalgia e frescura única, e a beleza singular que os gráficos dos jogos da equipa nos trazem dá-nos uma visão bastante clara e agradável do reino de Liberl.
Apesar dos cenários bonitos, nada me poderia preparar para os modelos recriados das personagens. Aqui temos o aspeto mais forte dos visuais de Trails in the Sky 1st Chapter, com as personagens a apresentar excelente detalhe e animações de uma qualidade superior à média da equipa a que estamos acostumados. O aspeto mais impressionante dos modelos fantásticos das personagens é a facilidade com que conseguimos distingui-las e perceber quem são em comparação aos modelos chibi pixelizados do original. A equipa manteve o foco nos seus aspetos mais fortes e óbvios, e a partir daí só nos trouxe melhorias e pequenos retoques, mantendo a essência das personagens completamente intacta.

Lutas nostálgicas com um facelift moderno
O respeito ao jogo original não acaba nos seus visuais ou na narrativa, estendendo-se com facilidade para a jogabilidade. Aqui temos, à superfície, a mesma base dos jogos mais recentes da série, com uma mistura entre combate em tempo real e combate por turnos. Estes dois sistemas de combate complementam-se um ao outro, mas o foco principal, obviamente, mantem-se nos combate por turnos.
O combate em tempo real é bastante simples, focando-se em esquivares-te e atacares o teu inimigo com um combo simples e um ataque especial. O foco aqui trata-se de encheres a barra de atordoamento do inimigo, e, quando cheia, entrares no combate por turnos, ganhando uma vantagem significativa no combate. O inimigo, estando atordoado, perde praticamente o seu primeiro turno, dando-te a chance de fazer as preparações necessárias e atacares o inimigo sem grande resistência.
Quando entras no combate por turno, tens uma área circular que define a área possível de movimento para a personagem, e tens algumas hipóteses ao teu dispor. Temos as ações básicas típicas de qualquer RPG por turnos, como fazer um ataque normal, defender e usar um item como um curativo, mas, adicionalmente, temos também a possibilidade de utilizar um craft ou uma art.

Os crafts são habilidades específicas de cada personagem, que podem ter uma variedade de utilidade, entre dar buffs ou fazer dano em área, como um cone ou uma linha, ou bastante concentrado. Estas habilidades também trazem propriedades adicionais, como interromper o inimigo caso ele esteja a preparar algum ataque, ou algo como atrasar o turno dos inimigos. Ao utilizares estas habilidades num ângulo específico relativo aos inimigos, irás ter um bónus de dano significativo, encorajando o jogador a posicionar-se devidamente quando for atacar com um craft.
Já as artes, estas funcionam como a magia de Trails in the Sky 1st Chapter, sendo habilidades elementares que podem servir para atacar os inimigos ou ajudar o grupo. Estas artes são uma excelente forma de poderes tomar proveito das fraquezas dos inimigos, fazendo com que consigas atordoá-los mais rápido e, consequentemente, fazendo muito mais dano. As artes não são específicas a cada personagem, sendo possível personalizares as artes ao equipares certas combinações de quartz a cada personagem. Os quartz são uma espécie de orbs elementares, onde cada orb contém uma melhoria de atributos para a personagem, mas também estão identificados com a cor relativa do elemento a que pertencem. Ao combinares vários quartz do mesmo elemento ou de elementos diferentes numa personagem, irás também desbloquear várias artes para poderes utilizar nessa personagem.
Para sucederes no combate, todas estas mecânicas irão ser bastante úteis, fazendo com que tenhas de balançar os recursos disponíveis para poderes usar tanto as artes como os crafts, e aproveitando as várias propriedades únicas das habilidades para poderes controlar os teus turnos e os do inimigo, de modo a ganhares a maior vantagem possível. O combate modernizado traz consigo uma dinâmica muito mais rápida e fluída que não estava presente no jogo original, mantendo a sua estratégia e fazendo a experiência bem mais entusiasmante.

Fora do combate, temos a fórmula típica da série que já estamos habituados, com zonas abertas cheias de caminhos e baús com itens e equipamento espalhados, uma missão principal e uma série de missões secundárias que estão disponíveis para completar apenas durante certas partes de Trails in the Sky 1st Chapter. Estas missões secundárias geralmente envolvem ocorrências mais genéricas, como matar monstros fortes ou ajudar alguém a encontrar um objeto perdido, mas trazem consigo um pouco mais da jogabilidade sólida do jogo, e, geralmente, nunca serás bombardeado por dezenas destas missões, nunca chegando a sobrecarregar o jogador.
Também irás, eventualmente, ter algumas missões mais lineares, onde irás estar numa dungeon. Estas dungeons são bastante simples e fáceis de navegar, mantendo o foco no combate e na exploração básica, tendo, na sua maioria das vezes, um boss no final, que certamente irá testar a tua mestria nas mecânicas do jogo. Os bosses são o verdadeiro teste dos teus atributos, equipamento e conhecimento das mecânicas do jogo. Muitas vezes irás estar em situações onde o boss simplesmente te ataca e parece que derrota a tua equipa num só turno. O teu objetivo é tentar chegar a uma estratégia para poderes derrotar o boss o mais rapidamente possível e de forma mais eficaz, enquanto te foca em manter o grupo vivo. Felizmente, a frustração é pouco sentida, pois, ao teres a tua party completamente derrotada, podes simplesmente voltar a repetir a luta, voltar a um checkpoint anterior, ou até mesmo repetir a luta com os inimigos enfraquecidos.

Um OST que nunca se esquece do original
Para o remake, a equipa decidiu fazer um arranjo completamente refeito do OST original, com os temas agora a serem apresentados com uma orquestra, com um grande foco na percussão, teclados e sintetizadores que trazem os ritmos e melodias do som original de uma nova forma. Apesar desta nova iteração do OST ser excelente, a equipa decidiu manter a opção de utilizar os temas originais, bem como o OST da versão Evolution do jogo.































