Nunca desenvolvi um jogo, mas creio que um dos maiores desafios em criar um videojogo derivado de uma saga, seja conseguir agradar tanto aos novos jogadores, como aos da casa, ou pelo menos é um dos assuntos mais sonantes quando existe um lançamento de um jogo tipo Crusader Kings 3.

Para quem não conhece a saga, Crusader Kings pertence à Paradox Interactive e consiste em vários jogos de estratégia onde teremos de alcançar o domínio total, a bem ou a mal, para sairmos vencedores na batalha pelo poder. Quem diz Crusader Kings diz Europa Universalis por exemplo, sendo este último uma vertente ainda mais complexa que o mais conhecido CK.

Inovando a fórmula Crusader Kings

Ora, tendo saído numa altura em que os videojogos de estratégia não tinham peso no mercado, a Paradox teve de arranjar uma maneira de conseguir apelar a qualquer jogador. Isto consegue-se com um ecrã de jogo intuitivo, e uma curva de aprendizagem fácil, e difícil o suficiente para nunca nos sentirmos sobrecarregados de informação, e posso-vos dizer que acertaram na mouche.

Para quem já conhece, Crusader Kings 3 apresenta-se como uma versão melhorada de CK2, no sentido em que agilizaram bastantes mecânicas que por vezes constrangiam o desenvolvimento do jogo, criando uma sensação de arrasto. Tendo refinado estas mecânicas, como por exemplo as características de cada personagem, o que por vezes vinha com demasiada informação, acabamos por encontrar aqui uma versão menos sobrecarregada, mas complexa o suficiente para nos atrair horas e horas a fim.

Teremos de mostrar ao mundo que a nossa família será o estandarte do progresso, seja através de alianças maritais, alianças bélicas, ou o tradicional atropelamento de um reino. O objectivo consiste em acumular o máximo de pontuação, isto através do quão bem a nossa família está representada nos vários pontos do globo. Quanto mais influência, mais poder, e quanto mais poder, melhor dormimos à noite.

Desenvolve o teu caminho, a tua personagem

Encontramos em  Crusader Kings 3 um forte investimento nas personagens, tendo sido adicionado um background às mesmas com que jogamos, acabamos por nos sentir investidos nelas, explorando o máximo de informação para não darmos nenhum passo maior que a perna. Terás um vasto leque por onde escolher, cada uma com a sua ideologia. Estando a personagem escolhida, entra em acção o desenvolvimento da mesma, num estilo meio rpg, onde iremos decidir que traços é que queremos definir daqui para a frente.

De forma a criar tensão e trazer um tom realista e medieval ao jogo, temos o sistema de Stress. Este sistema acaba por nos fazer ser fiéis a nós próprios, ou seja, à personalidade que fomos construindo, e qualquer decisão fora deste padrão, acaba por nos transtornar mentalmente, levando a que efeitos negativos apareçam e tenham de ser lidados.

Temos um leque de civilizações representadas em Crusader Kings 3. Cada uma terá a sua cultura distintiva, e algumas serão bastante caracterizadas pela religião que seguem. Isto será importante na altura de criar alianças, ou tentar semear discórdia no reino que queremos derrubar. Já nós, teremos a decisão de encorajar novos caminhos religiosos, ou decretá-los heréticos, ficando a cargo do jogador o tipo de governador que será.

O próprio visual do jogo foi alterado, tendo reinventado o famoso display 2d para um 3D, com uma nova interface a acompanhar estas melhorias. Claro que o aspecto geral do jogo acaba por ser familiar a quem já segue esta saga, não deixando nem os novos nem os velhos jogadores perdidos.

Crusader Kings 3 já está disponível na Steam para PC.
CONCLUSÃO
Bem jogado!
8.8
crusader-kings-3-analiseCrusader Kings 3 reinventa-se, apostando na fórmula “em equipa que ganha não se mexe”, trazendo ao mercado um jogo de estratégia para qualquer jogador minimamente interessado em história, ou em simplesmente ter a sua mente desafiada. Com a sua famosa complexidade agora mais concisa, serão horas bem gastas que terás pela frente quando decidires encarar o mundo na liderança da tua dinastia!