Passado alguns meses depois de estrear na PlayStation 5 a 28 de Janeiro do ano corrente, Uncharted: Legacy of Thieves (Uncharted 4: A Thief’s End e Uncharted: The Lost Legacy) chega agora ao PC via loja digital Steam e Epic Games. Esta chegada, anunciada com pouca pompa e circunstância, vem com trabalho feito pela Iron Galaxy Studios (Ports do Spyro: Reignited Trilogy e The Elder Scrolls V: Skyrim na Nintendo Switch, por exemplo) e traz consigo personalização no que às várias opções, sejam gráficas ou não, dizem respeito.
Tal qual como aconteceu com a minha análise ao port de God of War para PC (onde admito que nunca tinha jogado, até à data, nenhum Uncharted) e Marvel’s Spider-Man Remastered, tratarei primeiro sobre o que é mais interessante para um lançamento deste âmbito: perceber se o port está bom segundo a minha ótica. Posto essa adenda desconversarei um pouco sobre ambos os títulos embora, para ser honesto, julgo que essa temática já esteja suficientemente bem coberta pelo meu colega Bruno Vieira e a sua análise ao título em epígrafe na PlayStation 5 (que podem ler aqui).

Máquina:
LENOVO Legion 5 15ACH6H: AMD Ryzen 7 5800H; NVIDIA GeForce RTX 3060 6GB GDDR6; 16GB DDR4-3200; 512GB SSD M.2 2280 PCIe 3.0×4 NVMe.
Nvidia: Drivers 517.48 e 522.25.
Versão do Jogo: 1.0.19651 / 1.0.20014 (Lost Legacy + Uncharted 4)
Sistema Operativo: Windows 10 Home 64bit 21H2 19044.2006.
Outro: Utilizado sempre o monitor AOC 24G2U, ouvido pelo headset Barracuda X da Razer com Windows Sonic para Auscultadores ativado, sempre com o jogo em Borderless Windowed apenas com Steam e processos típicos do Windows 10 a correr. Todas as imagens foram também redimensionadas para 720p, abaixo dos 200 KB por questões de largura de banda. Em baixo encontram-se a minha configuração utilizada para obter um desempenho aceitável a sessenta fotogramas.







Apesar de serem videojogos diferentes, com utilizações de recurso distintas e desenvolvidas por estúdios díspares, otimizar o desempenho para sessenta fotogramas puros em Marvel’s Spider-Man, caso não estejam recordados da minha crítica anterior, foi mais trabalhoso comparativamente com a experiência sentida em Uncharted: Legacy of Thieves Collection. Para isso bastou utilizar o preset High com DLSS ativo no modo Quality (que baixa a Rendered Resolution para 1280×720 quando necessita de manter o desempenho) com Motion Blur a 0 e V-Sync desligada. Escolhi o modo Quality dado que os outros denegriam demasiado a qualidade de imagem para o meu gosto. Deixo também duas notas de apreciação: uma à barra informativa que detalha quanta VRAM está a ser atualmente utilizada com as opções gráficas escolhidas; tremendamente útil. Outra à opção Performance Counters que, apesar da Steam já o fazer, é sempre importante para quem quer ter a certeza da quantidade de fotogramas atingida.
Mesmo com V-Sync desligado (nunca gostei pela latência introduzida) vi-me forçado, no painel da NVIDIA, a ligar opção de Max Framerate para 60, tendo em conta que a única opção disponível para este efeito, dentro do jogo, é Lock Frames to 30. Tanto um como outro título não impõem qualquer limite interno a não ser o refresh rate do teu monitor caso essa opção esteja desligada, criando esforço desnecessário na placa gráfica. Confirmo também que desligar V-Sync criou screen tearing em ocasiões mais pontuais, mas é um trade-off que fiz alegremente. Também não sei porquê, mas restringir os fotogramas utilizando a opção anteriormente referida transformava ambos os jogos numa experiência lenta e frouxa, com stuttering em certos cantos, algo que provavelmente advém do meu hábito à taxa de atualização superior.

Posto isso tanto em Lost Legacy como A Thief’s End a jogabilidade sempre manteve os sessenta fotografamas em quase todas as situações, fora uma ou outra exceção ali e acolá nos momentos mais caóticos da ação. Confirmo também que nunca apanhei glitches gráficos, game breaking bugs ou outra situação em ambas as versões da coleção. Curiosamente, depois da NVIDIA introduzir os drivers 522.25, foi possível correr com todas as opções gráficas em Ultra fora as Textures (que impactavam bastante a VRAM). Isto criou mais momentos em quedas de fotogramas pontuais, por isso decidi revertar para a configuração inicial do preset em High. Admito, no entanto, estar curioso para ler a experiência dos meus congéneres na comunidade sobre a Steam Deck, infelizmente não dispondo eu do equipamento para igualmente dar um parecer (quiçá um dia?).
Como a análise foca-se na ótica do jogador PC todas as aventuras foram vividas com rato e teclado e, da mesma forma como foi em God of War, nunca senti a necessidade de trocar para um comando (algo que também não fiz para testar o DualSense, desculpem). Existem, no entanto, diversas opções para personalizar os eixos do rato ou as teclas do teclado, isto se precisares de acomodar a experiência à tua maneira. Já a acessibilidade, campo cada vez mais proliferante na discussão sobre videojogos, detém opções para tentar acomodar alguns tipos jogadores: Camera Assist, Repeated Button Presses ou Lock-on Aim são algumas das (poucas) personalizações disponíveis para detrimento da experiência de uma comunidade que precisa de mais.

Foi curioso também confrontar as opções de aúdio disponíveis, diferentes das encontradas nas outras ofertas do género. Cada vez mais afastamo-nos da normalidade imposta por som estéreo e, fora modificar o volume dos Effects, Music, Dialogue ou Cinematics é também possível, via menu, alterar a Dynamic Range e o azimute do speaker estéreo! Com um bom headset é possível ouvir não só a explosiva trilha sonora, mas também os efeitos num soundstage ainda maior.
Fora toda esta conversação sobre o desempenho de ambos os títulos, a Naughty Dog consegue criar duas experiências simplesmente maravilhantes em A Thief’s End e Lost Legacy, absolutamente obrigatórias para qualquer apreciador de videojogos com ênfase numa exposição mais bombástica da narrativa. Admito, no entanto, ser um pouco estranho para mim (nunca joguei os Uncharted anteriores) viver os eventos vividos por Nathan Drake no seu quarto e último capítulo, que espera do jogador um investimento emocional que vem desde os tempos da Ps3 e a trilogia anterior.

Encontrei muito mais facilidade em conectar-me com a aventura de Chloe Frazier e Nadine Ross por uma deslumbrante Índia fora em Lost Legacy, numa demanda que exige cerca de oito horas da tua atenção; tarefa fácil dado que a narrativa empurra o jogador em passo acelerado por vários ambientes urbanos e florestais, com o desenvolvimento das personagens a acontecer sem parar. Dado que, cronologicamente no mundo real, Lost Legacy surge após A Thief’s End, é expectável que os alicerces sejam os mesmos: ação com vários tiroteios, desenrolar quebra-cabeças e muita exploração, agora mais desenvolvida do que a iteração anterior. Ainda assim, a relação que Chloe tem com Nadine revela-se como uma parelha dinâmica que começa amarga, mas detém alguns momentos repletos de humor e sacarina; cheia de diversão com momentos que colam o teu interesse ao ecrã, vividos mais intensamente pela duração do título ser tão mais curta.
O mesmo pode ser dito de Uncharted 4, apesar deste possuir um tom mais sombrio no enredo, favorecido pelo ritmo mais lento na narrativa, larga parte devido às suas (modestas) quinze horas de duração estimadas e ao formato pseudo mundo aberto (algo expandido em Lost Legacy). Esta aventura, do início ao fim, grita blockbuster de verão constantemente, não só pelas mecânicas de jogabilidade (como o grappling hook) mas também pelos muitos momentos de cortar a respiração que são de uma produção técnica até hoje pouco testemunhada.

Infelizmente, embora já seja queixa comum ao título encontrado na versão da PlayStation 5, poucas novidades existem nesta coletânea para fãs da propriedade: O modo multijogador de Uncharted 4, bastante popular no seu lançamento apesar de não ser nenhum titã das internets, não se encontra presente, assim como qualquer outro tipo de conteúdo singleplayer extra ou documentários e behind-the-scenes. Fora alguns colecionáveis in-game nos menus que detalham a arte conceptual do videojogo, é uma experiência muito baunilha, como costumo dizer, contando apenas com melhorias gráficas e um ou outro aspeto no método de controlo. Não obstante esse pequeno detalhe, não quero de todo denegrir as aventuras em análise.


































