Depois de muita espera, especulações, rezas ao todo-poderoso, e se fazer muita tinta correr, o novo filme de Dragon Ball, aterrou finalmente nas salas de cinema portuguesas. O “monstro”, como é conhecido pelos seus fãs, estabeleceu recordes históricos e esgotou bilheteiras em todo o mundo! Vamos agora descobrir se estes jogos de grande acção, também cativaram o público português, que parava para assistir às aventuras de Son Goku em lutas contra o mal à cerca de 20 anos atrás.

Em primeiro lugar, esqueçam os acontecimentos do episódio especial, do Pai de Son Goku, do filme de Broly de 1993, e parcialmente da fusão de 1995. Isto porque devido à popularidade das suas personagens, o criador de Dragon Ball, desejou inserir as mesmas no universo canónico. Ou seja, os filmes e alguns dos episódios especiais, bem como vilões como Janemba ou Bojack, não fazem parte da história principal.

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Devido a esta narrativa, o filme é divido em duas grandes partes. A primeira parte situa-nos no passado, quando o Planeta Vegeta ainda orbitava, e quando o Rei Cold oprimia os Guerreiros do Espaço (Saiyajins). Certo dia, este tirano decide apresentar o seu filho a este povo, retirando-se do seu cargo e deixando um comunicado bem gélido a Bruno de Carvalho, com o seguinte: “Apartir de hoje entrego todas os meus bens e império ao meu filho, Freezer.”. O problema é que Freezer demonstra ser ainda mais cruel que o seu pai, e por essa razão, o povo dos guerreiros do espaço deseja muito libertar-se das amarras destes demónios gélidos. Como tal, o seu Rei, Vegeta, deposita todas as esperanças no seu filho, o príncipe Vegeta, acreditando que esta criança no futuro, não só irá derrubar o próprio Freezer, como será o Super Guerreiro lendário, que apenas vive nas bocas deste valorosos guerreiros, e no medo do próprio Freezer.

Nesse mesmo dia, Broly, o filho do tenente Paragus, também nasce, mas este já detém um potencial de combate bastante elevado para uma criança. Como o orgulho do Rei Vegeta é imenso, afirma que é impossível o mesmo ser maior que o seu filho, e como tal decide enviar Broly para um planeta longínquo e inóspito. Ao saber desta terrorífica notícia, o seu pai parte em seu socorro com o auxílio de um amigo seu, e acabam os três no planeta onde Broly aterrou, sem forma de voltar, sem alimentos para uma estadia longa, mas com o coração ardente de vingança pelo que o Rei submeteu ao pai e criança.

5 anos mais tarde, e já com império de Freezer totalmente estabelecido na sociedade dos guerreiros do espaço, encontramos Bardock, um guerreiro de classe baixa, que volta a casa depois de meses a vaguear pelo espaço. Este valoroso combatente, sente que Freezer prepara alguma, e como tal, decide enviar o seu filho, Kakarotto, para um planeta pacifico e longínquo, chamado Terra, para que possa sobreviver. É sabido que Freezer, teme o potencial dos guerreiros do espaço, e especialmente a lenda do Super Guerreiro. Como tal, decide cortar o mal pela raíz e acabar não só com todos os habitantes como com o próprio planeta Vegeta. Por sorte, o príncipe Vegeta, o irmão do Kakarotto, Raditz, e um guerreiro chamado Nappa, encontravam-se em missão num planeta distante, e por isso sobreviveram.

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Avançando para o presente, encontramos Son Goku (em brasa), logo após os eventos de Dragon Ball Super, afirmando que mesmo sendo forte, deseja ser muito mais, porque existem combatentes fantásticos. Longe estaria ele de imaginar, que um destes se aliaria a Freezer, e seria a sua maior ameaça até à data, sendo a segunda parte deste filme inteiramente dedicada às lutas entre Broly, Goku, Vegeta, entre muitas surpresas.  Mesmo com tanta gritaria e pancadaria animada, convém salientar também o humor presente no filme. Muitos podem pensar que refiro-me às nossas pérolas, como vulgarmente os momentos de dobragem bem ao gostinho português são conhecidos, mas para isso já lá vamos, aqui digo mesmo o humor presente no filme original. Como literalmente as bolas de cristal tornaram-se algo tão vulgar e banal, o tirano espacial não estando satisfeito com a sua tentativa de vingança num anterior filme, decide pedir outro e hilariante desejo, mais não direi para não estragar a surpresa, apenas posso afirmar que Bulma e Freezer têm bastante em comum.

Outro ponto que gostaria de referir e achei muito melhor construído, é a dimensão que atribuíram ao novo Broly. O mesmo deixou de ser um bebé grande, que só grita Kakarotto incansavelmente, e tornou-se numa personagem bem mais elaborada, bastante volátil, entre a espada e a parede no que toca entre a sua vontade, e obedecer ao seu pai. Até mesmo uma das personagem com a qual Broly se relaciona, Cheelai, refere que nunca pensou que Broly fosse tão falador e uma pessoa pura de coração, um paradoxo quando é comparado ao Broly que anteriormente conhecemos. Já deixo o seguinte aviso: Durante o filme não é provado que Cheelai tenha sentimentos por Broly, podendo nutrir uma pura amizade. Mesmo assim, a comunidade tem bombardeado a internet com teorias e imagens acerca destes dois. Por isso, até terem a certeza, peço que não degridam a imagem destas duas personagens, quais já nutro muito interesse pela frescura que trouxeram ao universo criado pelo tio Toriyama.

Também é de sublinhar a escrita do novo Paragus, agora com maior tempo de antena, chegamos à conclusão que não tem o mínimo interesse no seu filho, apenas vê o mesmo como uma ferramenta para levar a cabo uma vingança frustrada. Devido à escrita das mesmas, e ao que contribuiu para lapidar nesta obra, a primeira parte do filme é do mais interessante, tanto que gostaria ver mais da infância de Vegeta, do crescimento de Broly, e da expansão do exercito do Freezer, quem sabe teremos essa chance numa versão aumentada em Blu-Ray, visto que a produção afirma ter deixado muito de fora.

Sendo Dragon Ball Super Broly, um filme, evidentemente que no que toca a orçamento e meios está muito acima do comum em televisão. A produção não só quis honrar o passado  presente, e futuro de Dragon Ball, como está ciente, do seu legado. Através do filme temos inúmeras referências a série como um todo e aos filmes que tirou elementos. Tecnicamente e como seria de esperar, este filme é o melhor até a data. Temos traços artísticos e arte completamente oriunda do seu auge nos anos 90, felizmente cores mais desvanecidas, pouca saturação, e as lutas mais frenéticas que vi nesta lendária obra. Uma absolutamente fantástica coreografia de combate, da qual saliento o primeiro round do Broly.

Dragon Ball Super: Broly

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Vegeta frente ao monstro, não se limitou a usar os seus punhos e foguetinhos, não só rolou para evitar as pegadas do guerreiro enraivecido, como lutou de cabeça para baixo dando pontapés, enfim uma autêntica lufada de ar fresco em lutas que muitas vezes se resumem a sobreposições de frames aumentadas de velocidade. Cada frame de animação, cada partícula, e até mesmo metáforas sendo uma das minhas favoritas, quando Broly perde a razão e o seu olho “estala”, foram um deleite visual tremendo. Só mesmo numa parte do filme, o CGI entra em cena manchando uma pintura quase perfeita, e acontecimentos como Vegeta tornar-se num Deus Super Guerreiro, ou o Satãfone poderiam ter uma melhor explicação, enfim Dragon Ball nunca destacou-se pela coerência no seu enredo.

A banda-sonora abraçou completamente Hollywood, deixando de parte melodias mais tradicionais e adoptando um estilo mais comercial, não só em instrumentação como em faixas, muitas dela cantadas épicas e a maioria composta por Rock, tornando-a curiosamente muito mais próxima da adaptação norte-americana. Falando em som terei irremediavelmente de falar no assunto mais polémico deste filme, o qual dividiu e devastou completamente comunidades inteiras, a sua dobragem.

Em primeiro lugar e numa nota muito pessoal, entristece-me o clima nos quais gente devota à série está a viver. Isto, muito pelos seus fãs não se aperceberem que um dia a tocha será entregue para outras pessoas continuarem este caminho, e acima de tudo honrarem o seu percurso. Por muito que gostemos da ideia que Son Goku seja interpretado por Henrique Feist, essa ideia um dia terá de terminar. Não tenho quaisquer reparos a afirmar que essa caminhada agora será percorrida pelo Sr. Miguel Raposo, que literalmente fez-me sentir uma versão mais nova de Feist, e ainda contribuiu para transmitir-nos aquele Goku mais apatetado bem característico. Actores veteranos como Rui de Sá, o nosso eterno casal Vegeta e Bulma, João Loy, e Cristina Cavalinhos também merecem louvores, não só pela sua dedicação como também pelas suas performances! Finalmente os mais novinhos, como Romeu Vala (que deve estar a tomar rennies) e a alegre Joana Castro.

A respeito de dobragem, só tenho uns reparos, e alguns são alheios, como são hereditários. A voz da Ginne (que nem teve nome no filme) achei demasiado Pan, para alguém mais adulto, pelo que penso que aqui a Joana seria uma melhor escolha, mas claro que poderia comprometer a Cheelai por ter uma voz tão parecida. Devido à nossa herança francesa (a qual foi deitada por terra neste país), termos como Guerreiros do espaço, muitas vezes não fizeram sentido, e até por descuido atribuíram Freezer como um guerreiro do espaço, eu sei que é tirano espacial, mas mesmo assim… Por último o áudio  pulava umas partes em que as vozes estavam muito altas, e outras até a música.

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Não pensem que me esqueci das já mencionadas pérolas, que ao contrário de Super e durante o GT, fizeram a sua casa. Em Broly, em muito menor número apareceram em 4 ocasiões, sendo a minha favorita a do Fortnite, existe uma muito, mas muito escondida referente aos Gato Fedorento, alguém conseguiu encontra-la? Deixem nos comentários.

Dragon Ball Super Broly, é simplesmente um produto obrigatório para todos os fãs do homem com o cabelo de morcego. Este não só reúne o melhor de duas décadas de Dragon Ball, como eleva a franquia a patamares alguma vez imaginados, ou se preferirem em linguagem Dragon Ballês “Este filme ultrapassa tudo o que se podia imaginar!” . Resta-me fechar esta longa análise, deixando um muito obrigado por toda a equipa de produção do presente e passado, que elevou e trouxe até nós com muito esforço, o que considero ser o melhor filme de Dragon Ball; e deixar o apelo de pais e filhos para visitarem as salas de cinema se ainda não o fizeram, de forma a que Dragon Ball possa viver no coração de uma nova geração. Será interessante ver onde a produção pegará no elemento Broly, a partir de agora já que finalmente tornou-se numa personagem ao universo canónico.

CONCLUSÃO
Um hino ao passado presente e futuro de uma franchise lendária!
8
Redação
Veterano nestas andanças, acompanhou de perto a guerra entre a SEGA e Nintendo, e sonha um dia com o regresso da estrela cadente Ristar.
dragon-ball-super-broly-analiseDragon Ball Super: Broly cumpre bem o seu objetivo! Este é um filme destinado e feito com base nos interesses dos fãs da franquia.