Nomeado para o título de Jogo do Ano nos VR Awards, A Fisherman’s Tale chegou-me às mãos através da Vertigo Games. Com estreia marcada para hoje nos Oculus Quest (o dispositivo de realidade virtual que se vende que nem pãesinhos quentes e que só pode ser equiparado a uma Nintendo Switch), não poderíamos ter melhor altura para desvendar o seu conto fabuloso e os seus intrincados puzzles.
O Conto do Pescador
Com uma história tão simples e curta, A Fisherman’s Tale oferece-nos algo emocionante que vale a pena viver. A simplicidade com que nos consegue atingir e envolver nesta pequena experiência, deixa-me quase em lágrimas. Em boa verdade, havia espaço para mais conteúdo, mas tratando-se um conto de uma história curta, não tenho porque reclamar. Contada em bom tom de narração, com um toque romântico de sotaque francês que eu adoro, mergulhamos numa senda onde interpretamos o papel de filho de um pescador.
Este vive a sua meia idade num farol, onde se dedica a construir uma miniatura do seu pequeno mundo e de si mesmo. A vida é uma rotina para este velho faroleiro, que relembra todos os dias as histórias do seu pai. Todos os dias ele começa a sua rotina por lavar os dentes, acender a lareira, limpar o pó de uma velha casca de crustáceo, e lá vai continuando a montar o seu mundo em miniatura.
Isto até que a rádio local transmite o sinal de emergência de aproximação de uma tenebrosa tempestade. Há uma embarcação em risco que navega perto das nossas águas, pelo que é o nosso dever, acendermos o farol e a guiarmos para bom porto. Com esta missão em mãos, começamos esta mini-série de 6 capítulos, onde os mundos se desembrulham, uns dentro dos outros, qual Inception.
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Mundos dentro de mundos
A mecânica principal deste jogo, é controlarmos uma marioneta do velho faroleiro, a versão miniatura do mesmo, e com ela, interferirmos nas versões maiores ou menores deste Farol, sendo o nosso objectivo chegar ao topo e o acendermos. Como disse acima, a história do jogo é dotada de simplicidade, e tal também se aplica às suas mecânicas e puzzles, que nos requerem pensar em pequeno ou em gigantesco consoante a perspectiva, mas também pensar em interactivo.
Com isto, os puzzles não representam de facto grandes quebra-cabeças, mas com a fluidez da narração, conseguimos apanhar um ritmo contínuo que nos alimenta a curiosidade de ver tudo se desembrulhar. A naturalidade de algumas interacções com este mundo, é também aqui um ponto chave para nos imergir e deixar viver esta história absolutamente fantástica. É caso para dizer que a Innerspace VR e a ARTE France criaram esta experiência com coração no sítio certo.
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Cartoonish e apaixonante
Com um estilo também simples e cartoonizado, sem grandes texturas de alta resolução, o jogo consegue ainda assim investir em alguns detalhes para os olhos mais atentos. Um detalhe à parte que achei muito interessante foi a inspiração no narrador que nos acompanha, Augustine Jacob, para criar a personagem principal à sua imagem. Já em termos de ambiente, é de realçar a escolha de tons quentes para representar os interiores do farol e nos fazer sentir confortáveis, em contraste com os tons frios e escuros da tempestade… Em termos de música, esta alia-se ao ambiente muito suavemente, mas nutre alguma vida.
A Fisherman’s Tale já está disponível para PlayStation VR, Steam (VR), gama Oculus Rift e Oculus Quest, e Vive.