Depois de uma boa pausa nos lançamentos, eis que finalmente chega-nos mais um título da franquia Pokémon. Desta vez o jogo segue a série Legends, um jogo fora dos lançamentos principais de Pokémon, mas carrega muita imaginação por parte da Game Freak.
Relembro que o anterior jogo desta série, Pokémon Legends: Arceus, deixou uma forte marca positiva por parte dos jogadores, por este proporcionar uma experiência muito distinta dos clássicos jogos que já conhecíamos, aproximando-se muito da experiência que todos nós desejávamos num jogo de Pokémon. Contudo, a palavra “Legends” cola-se mais uma vez a um título de Pokémon, o que à partida significa que o novo jogo da The Pokémon Company e Game Freak albergará mais algumas experiências, tanto nas suas experiências como também no desenvolvimento de algumas histórias que ficaram por encerrar.
Sem mais demoras na leitura, vamos então falar da nova experiência de Pokémon Legends: ZA!
História
Pokémon Legends: ZA segue a história depois dos eventos da geração Pokémon X e Pokémon Y. Passados 5 anos, algumas coisas mudaram, pois quando chegas à grande cidade de Lumiose, és confrontado com algumas obras a decorrer, mais concretamente na grande torre Prism Tower, que se centra entre os 5 distritos da cidade.
No entanto, a tua visita a Lumiose torna-se um pouco mais interessante quando damos por nós a entrar num grupo, de nome: Team MZ. Este, sediado no pouco frequentado Hotel Z, tem o objetivo de proteger a cidade de Lumiose de misteriosos eventos, onde Pokémon selvagens Mega evoluem de forma descontrolada. Cabe a ti então, lutares contra estes Pokémon Mega Evoluídos e acalmá-los para evitar possíveis incidentes. AZ, o dono do Hotel (e uma das personagens que teve o seu destaque na geração X/Y) será aquele que vai iluminar-te com a informação e conhecimento, que te levarão a descobrir a fonte de todos estes acontecimentos e quem esta por detrás de tudo.
Em paralelo, decorre uma grande disputa entre treinadores de Lumiose City, chamada de Z-A Royale. Neste grande evento competitivo, que tem lugar as noites, os vários treinadores de Pokémon da cidade lutam entre si para alcançarem o topo do pódio. Para isso foi criado um sistema de ranking, que vai do mais baixo (rank Z) até ao topo (rank A). À medida que batalhas e derrotas grande oponentes, vais subindo de rank, almejando o topo. De certa forma, este Royale vai ser uma das peças fundamentais para o desfecho da história do de Pokémon Legends: ZA, pelo que valerá apena todo este esforço.
Num todo, o jogo tem uma história minimamente interessante, que pega como cola aos eventos ocorridos à 5 anos atrás. Contudo, penso que a história só se começa a desenrolar mais para o final, ficando a primeira parte do jogo sem muita informação, focando-se apenas em batalhas Royale e em ensinar-nos os novos conceitos do jogo. Se me perguntares se o final foi bom? Sim, foi bem bom, e gostava de ver mais este tipo de finais nos futuros jogos de Pokémon. Infelizmente não posso revelar mais nada sobre este final para não estragar algumas surpresas!
Novas mecânicas
As novas mecânicas de Pokémon Legends: ZA mudaram todo o paradigma das batalhas de Pokémon com que sempre nos acostumamos. Estas são agora totalmente realizadas em tempo real. Muitíssimo semelhante a Xenoblade, temos agora acesso aos nossos ataques, clicando no botão correspondente entre A, B, X, e Y, sendo que em vez de um nº limitado de utilizações, temos agora Cooldowns, ou seja, os ataques possuem agora um tempo de espera entre utilizações. Mas não é tudo, os próprios ataques, em especial os que podem interagir com o campo de batalha ganharam o seu grande destaque, pois ataques como “Toxic Spikes” são visivelmente colocados em campo, sendo que tu podes abrigar-te atrás destes para que o Pokémon do oponente evite avançar com ataques físicos contra ti, arriscando a ficar envenenado caso avance. Outra coisa é também como podemos evitar alguns ataques, afastando-nos do Pokémon ou deslocando-nos para os lados. Porém, isto nem sempre funciona, especialmente quando somos atacados com um massivo Surf, que ocupa uma grande área.
Infelizmente, nem tudo ficou polido. No caso das trocas, apesar destas serem rápidas de acontecer, evitando muitas vezes um golpe fatal de um Pokémon do oponente, há um pequeno tempo de espera que o novo Pokémon tem ao fazer o seu grito de batalha (Pokémon Cry). Durante este pequeno espaço de tempo é quase garantido que leves com um ataque do oponente, pelo que deves tomar logo isso em consideração.
Também notei que o uso dos itens está muito “escondido”, pois ao inicio não notava que poderia simplesmente carregar no botão de menu e aceder aos meus itens. No entanto, há que ter atenção que, à semelhança dos ataques, após o uso de um item existe um tempo de espera, sendo necessário ponderar bem que item priorizar.
No fundo esta nova mecânica é algo que já fazia falta há muito tempo na franquia. Estas criam uma experiência dinâmica, trocando as batalhas “paradas” dos turnos por algo que exige mais ação e tempo de resposta por parte do jogador. Juntamos a isto as novas 26 Mega Evoluções e temos aqui uma receita mais que perfeita!
Pegando no último parágrafo, as batalhas da Z-A Royale são a prova do quão melhor e mais “viva” é a experiência de combate. Nestas batalhas, podemos tanto entrar a pé juntos na batalha ou escondermo-nos atrás de algo e atacar de surpresa o Pokémon do oponente, obtendo uma oportunidade de atacar outra vez. Além disso, durante o período das batalhas Royale, é possível encontrar alguns cartões que concederão alguns bónus se cumprirmos determinados objetivos, como derrotar x número de Pokémon usando um ataque de um certo tipo, ou iniciar batalhas sorrateiramente. É todo este conjunto de novidades que tornam esta experiência de combates a melhor até hoje.
Contudo, se há algo que consegue superar as batalhas de treinador são definitivamente as lutas de Rogue Mega Evolution. Estas são batalhas super divertidas, muito semelhantes às que encontramos em Pokémon Legends: Arceus. Porém, nestas utilizamos os nossos Pokémon para batalhar, ao mesmo tempo que nos preocupa-mos em fugir dos ataques destes Pokémon Boss. Para sermos mais eficazes, temos que também recorrer à Mega Evolução para conseguirmos dar umas boas pancadas no inimigo. E felizmente em Pokémon Legends: ZA podemos agora Mega Evoluir quantas vezes quisermos, desde que possuamos energia suficiente para o ativar.
Apanhá-los a todos na cidade
O método de apanhar Pokémon neste jogo é praticamente as mesma em Pokémon Legends: Arceus, sendo possível lançar as PokéBolas aos mesmos diretamente e/ou iniciar uma batalha com eles, de forma a podermos enfraquece-los. No entanto, agora temos uma pequena janela de oportunidade no caso de os derrotarmos, podendo lançar uma PokéBola, numa última tentativa de captura.
Também à semelhança do último título, podemos contar novamente com os Pokémon Alfa. Estes são Pokémon maiores e mais fortes que o normal, investindo sem medos contra ti, o que é necessário ter algum cuidado quando avistamos algum.
No entanto, dado que toda a aventura se passa dentro da cidade, temos áreas selvagens controladas, que albergam os Pokémon selvagens. Esta é a minha primeira experiência menos boa com o jogo. Em vez de podermos sair da cidade e explorar a fauna, sentimo-nos presos constantemente no meios dos edifícios, criando uma sensação de estranheza quando entramos numa área repleta de Pokémon que supostamente deveriam estar no exterior. Contudo, existem também alguns Pokémon fora das zonas selvagens, variando entre Pokémon mais comuns, vistos normalmente numa cidade, como também exceções mais “exóticas”, como um Dratini, ou Larvitar, Pokémon mais raros com baixa taxa de captura.
Outras formas de aventurar por Lumiose
De forma a sair da aventura principal, temos a liberdade de realizar várias missões secundárias. Estas no geral, são relativamente rápidas, onde umas podem exigir uma batalha ou outras solicitarem que mostremos/doamos um Pokémon especifico. Mais posso acrescentar que algumas podem facultar dicas interessantes para os jogadores iniciantes, servido com uma espécie de tutorial complementar.
Além das missões secundárias, temos em mãos uma outra grande tarefa, que são os pedidos de pesquisa. Estas envolvem apanhar vários Pokémon de vários tipos, completar o nosso Pokédex, ganhar várias batalhas, entre outras. Isto é de certa forma mais importante do que as missões secundárias, pois as recompensas são nada mais do que TMs (ataques) para ensinarmos aos nossos Pokémon novas técnicas de combate.
Para finalizar, podemos ainda contar com algumas lojas de vestuário, podendo personalizar a nossa personagem de variadas maneiras. Desde o calçado até aos chapéus, há gostos para todos. O que é preciso é termos dinheiro para comprar tudo!
Apresentação visual
Se há algo constrangedor a falar sobre a franquia Pokémon é o facto de a sua qualidade visual não estar a par de outros lançamentos de videojogos. Desde a era da Nintendo Switch, a Game Freak falhou em proporcionar uma experiência visual de qualidade para os jogadores. O caso mais óbvio foi o de Pokémon Scarlet e Pokémon Violet, que possui até hoje visuais maus e repleto de bugs, sem falar na fraca performance na Nintendo Switch original. Estes problemas surgem devido ao curto espaço de tempo que há para produzir os jogos, resultante das agendas por parte da The Pokémon Company. Contudo, sendo a franquia mais lucrativa da indústria, recursos para impedir isso de acontecer não faltam. É tudo uma questão de investir um pouco mais de tempo e dinheiro na produção dos jogos.
Com Pokémon Legends: ZA as coisas podem estar a dar um sinal de melhoria. Não estou a dizer que este jogo tem os melhores visuais de sempre, NÃO! Mas vi melhorias em alguns aspetos, especialmente quando jogado na Nintendo Switch 2. Para já o jogo corre a 60 fotógrafas por segundo, algo que já deveria ser uma norma nesta geração. Outra melhoria foi em algumas texturas, que apresentam bons detalhes em alguns interiores ou em certas áreas da cidade. A isto complementa-se com os menus polidos a atrativos.
Falando dos negativos, temos os infames prédios, que se mostram basicamente com texturas 2D a simularem varandas, sem falar que 90% das janelas são praticamente todas iguais. Isto encontra-se neste estado pelo facto de que a cidade é basicamente um modelo único gigante que é carregado na consola, evitando assim loadings a meio do jogo. Contudo, isto não desculpa o facto das coisas parecerem más na mesma. Juntando a isto, dado o grande tamanho da cidade, podemos ver muitos NPC parados sem se mexerem ou até mesmo a ausência completa destes em várias ruas da cidade.
Outro grande, e talvez ainda maior do que os próprios gráficos, é o facto de AINDA não termos vozes no jogo. Sim, em pleno 2025 continuamos com jogos Pokémon sem qualquer fala. Isto é inadmissível para uma empresa deste calibre. Eu juro-vos que ao ter começado Pokémon Legends: ZA, na primeira cutscene, pensei que estava sem som na TV ou que tinha havido alguma falha, e inconscientemente peguei no comando da TV só para aumentar o volume. Infelizmente é o que temos e o que continuamos a suportar…
Para juntar mais lenha à fogueira, continuamos sem o idioma Português (ou Brasileiro) nos jogos Pokémon. Um jogo que é focado para o público mais jovem, não consegue ser devidamente aproveitado se houver barreiras linguísticas. Mais uma vez, batendo na mesma tecla, estamos a falar da empresa mais lucrativa da indústria.
Por fim, não podemos ficar indiferentes às músicas de Pokémon. Estas são sempre dos pontos mais fortes dos jogos da franquia. Em Pokémon Legends: ZA as coisas não são diferentes, pois podemos contar com melodias novas e ainda rearranjos novos de algumas músicas da geração Pokémon X e Pokémon Y.
Pokémon Legends: ZA encontra-se disponível para a Nintendo Switch Original e Nintendo Switch 2, tanto em formato físico, como em digital, na Nintendo eShop.
