Chega esta semana às salas o filme realizado por Chinonye Chukwu e protagonizado por Danielle Deadwyler, Jalyn Hall, Frankie Faison e Whoopi Goldberg, que pretende trazer ao grande ecrã a história real do linchamento de Emmett Till, um jovem afro-americano de 14 anos que foi sequestrado, torturado e assassinado no Mississippi em 1955.
Justiça para Emmett Till centra-se nos últimos dias de vida do jovem Emmet, o seu rapto e subsequente assassinato, e na jornada da sua mãe, Mamie Till-Mobley, na procura de justiça pelo assassinato do seu filho.
Esta é, naturalmente, uma história dura e pesada que não só destaca o racismo e a violência sistémica na década de 1950 nos Estados Unidos em geral, e no Mississippi em particular, como também acompanha a dor de uma mãe que perde o seu filho de forma abrupta, vil e violenta.
É, aliás, a luta e a dor dessa mãe que o filme melhor consegue captar, muito por culpa da extraordinária interpretação de Danielle Deadwyler, indiscutivelmente a maior mais-valia deste filme, que francamente bem que podia ter sido recompensada com uma nomeação ao Oscar de melhor atriz, já que é na interpretação de Danielle que o filme se eleva: é através das suas expressões que, finalmente, sentimos o baque e dureza desta história, algo que o resto do filme acaba por ter dificuldade em conseguir estabelecer.
É que Chinonye Chukwu, ciente da importância que o linchamento de Emmett teve na sociedade americana, como exemplo cabal da perseguição violenta de afro-americanos, e como chamariz da opinião pública norte-americana para o movimento dos direitos civis, tenta dar um relato exaustivo e pormenorizado dos acontecimentos, só que acaba por falhar na cadência, prolongando-se no acessório para depois ter que acelerar em demasia no essencial.
E isto acaba por, involuntariamente, suavizar uma história crua, dura, violenta e dolorosa, e um filme que nos devia angustiar na maioria das suas duas horas de duração; acaba por ser demasiado light, desferindo apenas alguns “murros no estômago” que, mesmo que escassos, quando acertam, fazem mossa, como é o caso da sequência do rapto de Emmet e da intervenção de Mamie no julgamento.